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Falta de qualificação ou aumento das exigências?

Será que as pessoas que estão disponíveis no mercado têm as skills buscadas pelas empresas? E as empresas, estão sabendo valorizá-las?

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Publicado em 4 de maio de 2018 às 09h33.

Desde agosto do ano passado a gente vem notando uma retomada do otimismo dos recrutadores brasileiros. De acordo com o Índice de Confiança Robert Half, esse otimismo vem crescendo trimestre a trimestre, o que pode indicar um aumento nas contratações e uma corrida por bons profissionais.

Com mais de 12 anos de experiência na área de recrutamento e seleção, costumo dizer que em épocas assim, quando as empresas começam a vislumbrar um horizonte mais otimista, não dá para ficar parado, pois as chances de perder bons profissionais para o mercado aumentam. Muitos questionam, no entanto, como a gente pode falar em disputa por talentos, corrida por bons profissionais, quando a taxa de desemprego do País está em torno de 12% (segundo a última PNAD trimestral disponível). Vale lembrar que, se considerarmos apenas os profissionais com 25 anos ou mais e com ensino superior completo, essa taxa cai para 5,7%, ou seja, quanto maior a qualificação, menor o desemprego.

Agora lanço uma questão: será que as pessoas que estão disponíveis no mercado têm as skills – sejam técnicas ou comportamentais – buscadas pelas empresas? De acordo com pesquisa da Robert Half com 300 executivos brasileiros, 76% dizem que é muito desafiador encontrar profissionais qualificados hoje em dia.

Aí coloco mais uma questão: diante desta constatação, será que as empresas estão sabendo reconhecer e valorizar um bom profissional? Muitas vezes eles até encontram excelentes candidatos, mas as exigências buscadas não condizem com o salário ofertado, com a função a ser cumprida, o que inibe a contratação de grandes talentos, que sabem que valem mais do que o que está sendo oferecido. É fato que os salários não têm sofrido grandes reajuste e que quem está no mercado pode, sim, ser contratado por uma remuneração menor do que a última recebida. Mas é preciso ser coerente e a oferta deve estar compatível com o que se espera do profissional. Já falei algumas vezes e repito: não é possível contratar o Batman pelo preço do Robin.

Existe solução?

Acredito que essa seja a pergunta de um milhão de dólares e seria muita pretensão minha achar que eu teria a resposta para resolver esse impasse. No entanto, posso, sim, indicar alguns importantes passos.

Para profissionais

A dica vale para quem está empregado, quem está desempregado, quem busca uma movimentação, uma promoção e também para quem visa, apenas, se manter no emprego atual: atualize-se. Pode ser uma especialização de curta ou longa duração, um curso de idiomas, ensino à distância, não importa. O que importa é estar de acordo com o que sua carreira e a posição almejada está demandando. Uma pós-graduação pode ser uma excelente oportunidade de aumentar seus conhecimentos técnicos em determinada área, mas como está o seu inglês? Será que não é melhor focar no idioma antes de apostar em uma pós? Vale avaliar. Quer gerenciar equipe, mas não sabe delegar? Que tal investir em habilidades comportamentais e ampliar seus conhecimentos em liderança?

Esteja de olho em o que acontece a sua volta e busque estar sempre atualizado, de acordo com o que o mercado está esperando.

Para recrutadores

A primeira providência é entender qual o perfil que se deseja contratar. Se o objetivo for uma substituição, deve-se aproveitar essa lacuna na equipe para trazer um profissional que não apenas substitua aquele que deixou a empresa, mas que possa também trazer novas competências e agregar valor. Se a ideia é aumentar o quadro – o que a gente já começa a perceber com a retomada do otimismo – vale entender exatamente o que se espera do profissional e qual é a estratégia por trás dessa contratação. Para ambos os casos, é preciso compor um pacote de remuneração que seja compatível com esse perfil, para não gerar frustração em nenhum dos lados.

É importante dedicar tempo e planejamento para um processo de recrutamento ter sucesso. Além do alinhamento entre perfil e vaga, é preciso atenção e respeito às etapas estabelecidas, cumprimento dos prazos acordados, feedbacks transparentes e comunicação clara. Junto com as questões técnicas, faz-se necessário ainda avaliar a sinergia do futuro empregado com o restante da equipe. Cuidados como esses contribuirão para maior agilidade e efetividade da contratação.

Esse tema rende ainda muitas discussões. Quero saber a sua opinião: faltam profissionais qualificados ou as empresas também têm sua parcela de culpa?

* Fernando Mantovani é diretor geral da Robert Half

Desde agosto do ano passado a gente vem notando uma retomada do otimismo dos recrutadores brasileiros. De acordo com o Índice de Confiança Robert Half, esse otimismo vem crescendo trimestre a trimestre, o que pode indicar um aumento nas contratações e uma corrida por bons profissionais.

Com mais de 12 anos de experiência na área de recrutamento e seleção, costumo dizer que em épocas assim, quando as empresas começam a vislumbrar um horizonte mais otimista, não dá para ficar parado, pois as chances de perder bons profissionais para o mercado aumentam. Muitos questionam, no entanto, como a gente pode falar em disputa por talentos, corrida por bons profissionais, quando a taxa de desemprego do País está em torno de 12% (segundo a última PNAD trimestral disponível). Vale lembrar que, se considerarmos apenas os profissionais com 25 anos ou mais e com ensino superior completo, essa taxa cai para 5,7%, ou seja, quanto maior a qualificação, menor o desemprego.

Agora lanço uma questão: será que as pessoas que estão disponíveis no mercado têm as skills – sejam técnicas ou comportamentais – buscadas pelas empresas? De acordo com pesquisa da Robert Half com 300 executivos brasileiros, 76% dizem que é muito desafiador encontrar profissionais qualificados hoje em dia.

Aí coloco mais uma questão: diante desta constatação, será que as empresas estão sabendo reconhecer e valorizar um bom profissional? Muitas vezes eles até encontram excelentes candidatos, mas as exigências buscadas não condizem com o salário ofertado, com a função a ser cumprida, o que inibe a contratação de grandes talentos, que sabem que valem mais do que o que está sendo oferecido. É fato que os salários não têm sofrido grandes reajuste e que quem está no mercado pode, sim, ser contratado por uma remuneração menor do que a última recebida. Mas é preciso ser coerente e a oferta deve estar compatível com o que se espera do profissional. Já falei algumas vezes e repito: não é possível contratar o Batman pelo preço do Robin.

Existe solução?

Acredito que essa seja a pergunta de um milhão de dólares e seria muita pretensão minha achar que eu teria a resposta para resolver esse impasse. No entanto, posso, sim, indicar alguns importantes passos.

Para profissionais

A dica vale para quem está empregado, quem está desempregado, quem busca uma movimentação, uma promoção e também para quem visa, apenas, se manter no emprego atual: atualize-se. Pode ser uma especialização de curta ou longa duração, um curso de idiomas, ensino à distância, não importa. O que importa é estar de acordo com o que sua carreira e a posição almejada está demandando. Uma pós-graduação pode ser uma excelente oportunidade de aumentar seus conhecimentos técnicos em determinada área, mas como está o seu inglês? Será que não é melhor focar no idioma antes de apostar em uma pós? Vale avaliar. Quer gerenciar equipe, mas não sabe delegar? Que tal investir em habilidades comportamentais e ampliar seus conhecimentos em liderança?

Esteja de olho em o que acontece a sua volta e busque estar sempre atualizado, de acordo com o que o mercado está esperando.

Para recrutadores

A primeira providência é entender qual o perfil que se deseja contratar. Se o objetivo for uma substituição, deve-se aproveitar essa lacuna na equipe para trazer um profissional que não apenas substitua aquele que deixou a empresa, mas que possa também trazer novas competências e agregar valor. Se a ideia é aumentar o quadro – o que a gente já começa a perceber com a retomada do otimismo – vale entender exatamente o que se espera do profissional e qual é a estratégia por trás dessa contratação. Para ambos os casos, é preciso compor um pacote de remuneração que seja compatível com esse perfil, para não gerar frustração em nenhum dos lados.

É importante dedicar tempo e planejamento para um processo de recrutamento ter sucesso. Além do alinhamento entre perfil e vaga, é preciso atenção e respeito às etapas estabelecidas, cumprimento dos prazos acordados, feedbacks transparentes e comunicação clara. Junto com as questões técnicas, faz-se necessário ainda avaliar a sinergia do futuro empregado com o restante da equipe. Cuidados como esses contribuirão para maior agilidade e efetividade da contratação.

Esse tema rende ainda muitas discussões. Quero saber a sua opinião: faltam profissionais qualificados ou as empresas também têm sua parcela de culpa?

* Fernando Mantovani é diretor geral da Robert Half

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