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Você tem experiência?

É impressionante o peso que tem essa pergunta em toda entrevista de emprego. Seja candidato ou entrevistador, no momento em que surge o tema, o debate é sempre tenso e delicado. É como se uma resposta positiva pudesse trazer ao entrevistador, a segurança de uma boa contratação e ao candidato, o privilégio de conquistar uma vaga. Contudo, há muito mais nesta questão do que uma simples resposta afirmativa ou negativa. […] Leia mais

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Sidnei Oliveira

Publicado em 25 de agosto de 2016 às, 17h28.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 07h31.

É impressionante o peso que tem essa pergunta em toda entrevista de emprego. Seja candidato ou entrevistador, no momento em que surge o tema, o debate é sempre tenso e delicado. É como se uma resposta positiva pudesse trazer ao entrevistador, a segurança de uma boa contratação e ao candidato, o privilégio de conquistar uma vaga. Contudo, há muito mais nesta questão do que uma simples resposta afirmativa ou negativa.

Para um novato na busca do primeiro emprego, a pergunta é quase uma ofensa. Conheço diversos jovens que explodem em pensamento querendo responder a pergunta com outra questão: “como posso ter experiência se ninguém me dá uma chance?” Na verdade, muitos jovens não explodem apenas em pensamento e reagem com indignação diante da falta de perspicácia de alguns entrevistadores.

De qualquer forma, ninguém pode negar que experiência é fundamental e todos buscamos por ela quando queremos ser atendidos por algum tipo de profissional. Imagine, por exemplo, que você está indo a uma farmácia para tomar uma injeção dolorida e encontra dois farmacêuticos habilitados, um com mais de 10 anos de profissão e o outro com poucos meses. Qual você gostaria que aplicasse a injeção?

Para “ter experiência” é evidente que o indivíduo precisa ter passado pelo evento, mas não apenas isso. A experiência é resultado do aprendizado que se alcança depois da repetição cíclica no mesmo evento, caso contrário, será apenas uma experimentação e isso é muito pouco para gerar competência, ou seja, se você só viveu a situação uma ou duas vezes, na melhor das hipóteses o que se tem é um conhecimento superficial.

Portanto, independente do paradoxo entre ter experiência e nunca ter trabalhado, o mais importante é o candidato demonstrar uma atitude de aprendiz, ou seja, admitir que somente habilidades não são suficientes e é necessário ter conhecimentos práticos para completar sua condição de profissional competente. Para isso, deve admitir que os desafios que receberá enquanto novato, serão de menor relevância e até mais operacionais. Somente com o tempo e com a repetição das atividades irá ganhar experiência e os desafios aumentarão de relevância.

Isso significa que trocar de cenário com muita velocidade, mantém sobre você a condição de novato e os desafios sempre serão de menor relevância, o que pode ser uma armadilha para sua carreira, afinal, você pode se tornar um experiente em “desafios de baixa relevância” e nunca conquistar uma posição que atenda suas expectativas.

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