Rombo do banco Rural é de 300 milhões de reais
O Banco Central decretou na noite desta sexta-feira a liquidação extrajudicial do banco Rural “em decorrência do comprometimento da sua situação econômico-financeira e da falta de um plano viável para a recuperação da situação”, segundo um comunicado publicado no site do BC. EXAME apurou que o Banco Central passou os últimos dois meses analisando de perto os números do banco. A instituição, que tem pouco mais de quatro bilhões de […] Leia mais
Da Redação
Publicado em 2 de agosto de 2013 às 20h33.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 08h55.
O Banco Central decretou na noite desta sexta-feira a liquidação extrajudicial do banco Rural “em decorrência do comprometimento da sua situação econômico-financeira e da falta de um plano viável para a recuperação da situação”, segundo um comunicado publicado no site do BC.
EXAME apurou que o Banco Central passou os últimos dois meses analisando de perto os números do banco. A instituição, que tem pouco mais de quatro bilhões de reais em ativos, tem um passivo a descoberto de cerca de 300 milhões de reais, segundo pessoas próximas ao Rural. Nas últimas semanas, o banco ainda tentou negociar a entrada da gestora NSG Capital para cobrir o rombo. Em 2012, o Rural teve prejuízo de 59 milhões de reais e, no primeiro trimestre deste ano, perdeu mais 10 milhões de reais. Além disso, o BC determinou que o banco fizesse ajustes contábeis que geraram mais perdas.
De acordo com profissionais de mercado, o Rural vinha tendo cada vez mais dificuldades para captar recursos no mercado. O Índice de Basileia, que mede a relação entre o patrimônio do banco e seus ativos, estava próximo de 11%, o mínimo exigido pelo BC. Depois de o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) sinalizar ao BC que nenhuma proposta de socorro ao banco Rural era viável, o Banco Central determinou a liquidação do Rural, que já estava sendo discutida entre os diretores da entidade monetária desde o início desta semana.
Os bens dos controladores e dos ex-administradores da instituição estão indisponíveis. O comunicado do BC diz ainda que “está tomando todas as medidas cabíveis para apurar as responsabilidades”. “O resultado das apurações poderá levar à aplicação de medidas punitivas de caráter administrativo e a comunicações às autoridades competentes”.
Fundado em 1964, em Belo Horizonte, o Rural cresceu emprestando dinheiro a pequenas e médias empresas – e esteve envolvido em alguns escândalos. Na década de 90, foi um dos principais depositários do dinheiro de Paulo César Farias, tesoureiro da campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Depois de uma investigação do Banco Central, diretores foram suspensos e multados.
No ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Kátia Rabello, ex-presidente do Rural e filha do fundador, e outros dois executivos do banco por envolvimento do esquema do mensalão. Kátia foi condenada a 16 anos e 8 meses de prisão e a pagar uma multa de 1,15 milhão de reais.
Procurado, o Banco Central não comentou.
(Thiago Bronzatto)
O Banco Central decretou na noite desta sexta-feira a liquidação extrajudicial do banco Rural “em decorrência do comprometimento da sua situação econômico-financeira e da falta de um plano viável para a recuperação da situação”, segundo um comunicado publicado no site do BC.
EXAME apurou que o Banco Central passou os últimos dois meses analisando de perto os números do banco. A instituição, que tem pouco mais de quatro bilhões de reais em ativos, tem um passivo a descoberto de cerca de 300 milhões de reais, segundo pessoas próximas ao Rural. Nas últimas semanas, o banco ainda tentou negociar a entrada da gestora NSG Capital para cobrir o rombo. Em 2012, o Rural teve prejuízo de 59 milhões de reais e, no primeiro trimestre deste ano, perdeu mais 10 milhões de reais. Além disso, o BC determinou que o banco fizesse ajustes contábeis que geraram mais perdas.
De acordo com profissionais de mercado, o Rural vinha tendo cada vez mais dificuldades para captar recursos no mercado. O Índice de Basileia, que mede a relação entre o patrimônio do banco e seus ativos, estava próximo de 11%, o mínimo exigido pelo BC. Depois de o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) sinalizar ao BC que nenhuma proposta de socorro ao banco Rural era viável, o Banco Central determinou a liquidação do Rural, que já estava sendo discutida entre os diretores da entidade monetária desde o início desta semana.
Os bens dos controladores e dos ex-administradores da instituição estão indisponíveis. O comunicado do BC diz ainda que “está tomando todas as medidas cabíveis para apurar as responsabilidades”. “O resultado das apurações poderá levar à aplicação de medidas punitivas de caráter administrativo e a comunicações às autoridades competentes”.
Fundado em 1964, em Belo Horizonte, o Rural cresceu emprestando dinheiro a pequenas e médias empresas – e esteve envolvido em alguns escândalos. Na década de 90, foi um dos principais depositários do dinheiro de Paulo César Farias, tesoureiro da campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Depois de uma investigação do Banco Central, diretores foram suspensos e multados.
No ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Kátia Rabello, ex-presidente do Rural e filha do fundador, e outros dois executivos do banco por envolvimento do esquema do mensalão. Kátia foi condenada a 16 anos e 8 meses de prisão e a pagar uma multa de 1,15 milhão de reais.
Procurado, o Banco Central não comentou.
(Thiago Bronzatto)