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Perguntas não respondidas na discussão tributária

Modelo do plano tributário dos EUA não é o melhor para discutir déficits na economia americana

EUA: previsão de déficit utiliza modelo não tão adequado de plano de taxação / Minh Uong | ­The New York Times
DR

Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2017 às 12h11.

Tenho ouvido de múltiplas fontes que a análise recente da Tax Foundation sobre o plano tributário do Senado, que pretende mostrar os efeitos do crescimento elevados e muito ganho de receita com base neste crescimento, está efetivamente tendo um impacto na discussão em Washington. Assim, nós precisamos falar sobre o modelo da Tax Foundation, e o que eles não estão nos contando.

A ideia principal por trás do otimismo da fundação é que o retorno pós-imposto do capital é definido pelos mercados globais, de maneira que, se você cortar a taxa do imposto sobre sociedades, muito capital vai entrar ao mesmo tempo, levando os salários para cima e a taxa pré-imposto para baixo, até você retornar a uma paridade. Isso é de fato um resultado possível, se você partir das premissas certas.

Mas há dois efeitos colaterais nesta história. Em primeiro lugar, durante o processo de fluxo de capital em grande escala, você precisa ter grandes déficits comerciais. E eu quero dizer grandes. Se a taxa do imposto sobre as sociedades aumentar o produto interno bruto (PIB) em 30% e o índice de retorno for de 10%, isso quer dizer um déficit acumulativo da balança corrente de 30% do PIB sobre o período de ajuste. Digamos que estejamos falando de uma década; depois, quando nós adicionarmos uma média de 3% do PIB ao déficit comercial a cada ano – dá cerca de US$ 600 bilhões por ano, dobrando o déficit atual.

Segundo, todo esse capital exterior vai ter um rendimento – os estrangeiros não estão investindo na América por seus belos olhos.

Como eu venho tentando indicar, isso provavelmente significa que a maior parte de qualquer ganho no PIB vai aumentar para os estrangerios, e não para o rendimento nacional americano.

Sendo assim, como o modelo da Tax Foundation lida com essas questões? Eles nunca sequer apresentam a documentação completa (o que por si só é um mau sinal), mas a resposta parece ser – ele não lida. A julgar por uma descição do plano (leia-a aqui ), a versão atual do modelo não tem sequer um setor internacional – isto é, ela não diz nada sobre a balança comercial. A fundação diz que está trabalhando em um modelo que: “rastreia os efeitos do aumento ou declínio acelerado dos capitais sociais desejados nos mercados de capital internacional. O setor internacional captura os pagamentos de capital que deixam a economia interna aos proprietários externos de ativos nacionais e ajusta os fatores de crescimento para o simulador de retorno de impostos para refletir o crescimento atual em rendimentos.”

Em outras palavras, o modelo que eles estão usando não faz nada disso.

Ou seja, embora eles estejam vendendo uma análise que implicitamente prevê grandes déficits comerciais e um grande salto nos pagamentos de rendimentos para os estrangeiros, eles estão usando um modelo que de modo algum avalia esses efeitos ou os leva em consideração.

Talvez eles eventualmente façam isso. Mas o que eles parecem estar fazendo hoje é fundamentalmente incapaz de abordar assuntos-chave na discussão sobre a política fiscal.

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Tenho ouvido de múltiplas fontes que a análise recente da Tax Foundation sobre o plano tributário do Senado, que pretende mostrar os efeitos do crescimento elevados e muito ganho de receita com base neste crescimento, está efetivamente tendo um impacto na discussão em Washington. Assim, nós precisamos falar sobre o modelo da Tax Foundation, e o que eles não estão nos contando.

A ideia principal por trás do otimismo da fundação é que o retorno pós-imposto do capital é definido pelos mercados globais, de maneira que, se você cortar a taxa do imposto sobre sociedades, muito capital vai entrar ao mesmo tempo, levando os salários para cima e a taxa pré-imposto para baixo, até você retornar a uma paridade. Isso é de fato um resultado possível, se você partir das premissas certas.

Mas há dois efeitos colaterais nesta história. Em primeiro lugar, durante o processo de fluxo de capital em grande escala, você precisa ter grandes déficits comerciais. E eu quero dizer grandes. Se a taxa do imposto sobre as sociedades aumentar o produto interno bruto (PIB) em 30% e o índice de retorno for de 10%, isso quer dizer um déficit acumulativo da balança corrente de 30% do PIB sobre o período de ajuste. Digamos que estejamos falando de uma década; depois, quando nós adicionarmos uma média de 3% do PIB ao déficit comercial a cada ano – dá cerca de US$ 600 bilhões por ano, dobrando o déficit atual.

Segundo, todo esse capital exterior vai ter um rendimento – os estrangeiros não estão investindo na América por seus belos olhos.

Como eu venho tentando indicar, isso provavelmente significa que a maior parte de qualquer ganho no PIB vai aumentar para os estrangerios, e não para o rendimento nacional americano.

Sendo assim, como o modelo da Tax Foundation lida com essas questões? Eles nunca sequer apresentam a documentação completa (o que por si só é um mau sinal), mas a resposta parece ser – ele não lida. A julgar por uma descição do plano (leia-a aqui ), a versão atual do modelo não tem sequer um setor internacional – isto é, ela não diz nada sobre a balança comercial. A fundação diz que está trabalhando em um modelo que: “rastreia os efeitos do aumento ou declínio acelerado dos capitais sociais desejados nos mercados de capital internacional. O setor internacional captura os pagamentos de capital que deixam a economia interna aos proprietários externos de ativos nacionais e ajusta os fatores de crescimento para o simulador de retorno de impostos para refletir o crescimento atual em rendimentos.”

Em outras palavras, o modelo que eles estão usando não faz nada disso.

Ou seja, embora eles estejam vendendo uma análise que implicitamente prevê grandes déficits comerciais e um grande salto nos pagamentos de rendimentos para os estrangeiros, eles estão usando um modelo que de modo algum avalia esses efeitos ou os leva em consideração.

Talvez eles eventualmente façam isso. Mas o que eles parecem estar fazendo hoje é fundamentalmente incapaz de abordar assuntos-chave na discussão sobre a política fiscal.

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