O superávit farmacêutico fantasma de Porto Rico
Superávit do país pode não significar nada
Da Redação
Publicado em 25 de outubro de 2017 às 12h17.
Brad Setser, do Conselho de Relações Exteriores, escreveu recentemente um artigo de fato interessante (aqui: on.cfr.org/2fXK4ge ) sobre o equilíbrio de pagamentos em Puerto Rico. Ao contrário dos estados, o território é quem mantém o registro das exportações e importações tanto para o continente dos Estados Unidos quanto para o restante do mundo.
Por coincidência, a análise do Sr. Setser se aplica de maneira praticamente direta à crítica recente de Howard Gleckman sobre o desempenho sofrível de Kevin Hassett no Centro de Política Fiscal.
Como destaca o Sr. Setser, Porto Rico costumava ser um paraíso fiscal importante para as indústrias no setor produtivo. Muito dessa vantagem fiscal atualmente não existe, mas seu legado ainda é visível nas estatísticas comerciais. Especificamente, Porto Rico, no papel, administra um grande excedente comercial em produtos farmacêuticos – US$ 30 bilhões por ano, quase metade do produto nacional bruto da ilha, ou PNB. Sim, o “N” em vez do “I”, que seria “interno” – é muito importante neste caso, do mesmo modo que no da Irlanda.
Contudo, o superávit farmacêutico é basicamente um fantasma, impulsionado pelo preço da transferência: As filiais farmacêuticas na Irlanda cobram delas mesmas preços baixos nos insumos que compram de suas subsidiárias em outros países, empacotam os produtos e depois cobram de si próprias preços altos nos remédios que elas vendem para, isso mesmo, diferentes filiais em outros países. O resultado é que os lucros medidos reaparecem em Porto Rico, lucros que então são pagos em renda sobre os investimentos, aos moradores não-portorriquenhos. Ou seja, esse superávit não faz nada pelos empregos ou pela renda de Porto Rico.
O que isso tem a ver com o Sr. Hassett, que lidera o Conselho de Assessores Econômicos do presidente Trump? Bem, ele declarou recentemente ao Centro de Política Fiscal, no momento em que insultou a instituição e contradisse sua integridade, que o preço das transferências impulsionado por elevados impostos nominais de empresas nos Estados Unidos é responsável por metade do déficit comercial, e que cortar esses impostos, portanto, seria o grande gerador de empregos. Não vamos nos preocupar se a estimativa dele está certa; ainda que estivesse, mudar o preço da transferência afetaria a contabilidade, mas nada real.
Seria exatamente como o superávit farmacêutico de Porto Rico: uma melhora fantasma, estatisticamente impressionante para alguém desinformado, mas que não quer dizer nada.
Brad Setser, do Conselho de Relações Exteriores, escreveu recentemente um artigo de fato interessante (aqui: on.cfr.org/2fXK4ge ) sobre o equilíbrio de pagamentos em Puerto Rico. Ao contrário dos estados, o território é quem mantém o registro das exportações e importações tanto para o continente dos Estados Unidos quanto para o restante do mundo.
Por coincidência, a análise do Sr. Setser se aplica de maneira praticamente direta à crítica recente de Howard Gleckman sobre o desempenho sofrível de Kevin Hassett no Centro de Política Fiscal.
Como destaca o Sr. Setser, Porto Rico costumava ser um paraíso fiscal importante para as indústrias no setor produtivo. Muito dessa vantagem fiscal atualmente não existe, mas seu legado ainda é visível nas estatísticas comerciais. Especificamente, Porto Rico, no papel, administra um grande excedente comercial em produtos farmacêuticos – US$ 30 bilhões por ano, quase metade do produto nacional bruto da ilha, ou PNB. Sim, o “N” em vez do “I”, que seria “interno” – é muito importante neste caso, do mesmo modo que no da Irlanda.
Contudo, o superávit farmacêutico é basicamente um fantasma, impulsionado pelo preço da transferência: As filiais farmacêuticas na Irlanda cobram delas mesmas preços baixos nos insumos que compram de suas subsidiárias em outros países, empacotam os produtos e depois cobram de si próprias preços altos nos remédios que elas vendem para, isso mesmo, diferentes filiais em outros países. O resultado é que os lucros medidos reaparecem em Porto Rico, lucros que então são pagos em renda sobre os investimentos, aos moradores não-portorriquenhos. Ou seja, esse superávit não faz nada pelos empregos ou pela renda de Porto Rico.
O que isso tem a ver com o Sr. Hassett, que lidera o Conselho de Assessores Econômicos do presidente Trump? Bem, ele declarou recentemente ao Centro de Política Fiscal, no momento em que insultou a instituição e contradisse sua integridade, que o preço das transferências impulsionado por elevados impostos nominais de empresas nos Estados Unidos é responsável por metade do déficit comercial, e que cortar esses impostos, portanto, seria o grande gerador de empregos. Não vamos nos preocupar se a estimativa dele está certa; ainda que estivesse, mudar o preço da transferência afetaria a contabilidade, mas nada real.
Seria exatamente como o superávit farmacêutico de Porto Rico: uma melhora fantasma, estatisticamente impressionante para alguém desinformado, mas que não quer dizer nada.