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O Nafta vai ser vítima do desprezo de Trump?

Trump ameaça a economia de seu próprio país

NAFTA: Trump e primeiro-ministro canadense se encontram para negociar Tratado / (Jonathan Ernst/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 24 de outubro de 2017 às 12h59.

Como muitas pessoas têm notado, a decisão do presidente Trump de cancelar subsídios de divisão de custos com os planos de saúde nos Estados Unidos é uma rara trifeta política: Ela aumenta preços, diminui o número de pessoas com convênios de saúde e custa dinheiro ao contribuinte. Além disso, não há nenhum sinal de qualquer estratégia política digna desse nome.

Isso é política guiada por desprezo puro: Já que o Sr. Trump não consegue o que quer do Congresso, ele vai punir pessoas inocentes.

Existem muitas lições a se tirar deste espetáculo deprimente, mas há um ponto que eu ainda não vi as pessoas levantarem: Minha estimativa sobre as chances de que o Sr. Trump vai dinamitar o Tratado de Livre Comércio Norte-Americano (Nafta, na sigla em inglês) acabam de disparar.

Até agora, eu tenho sido razoavelmente complacente quanto ao destino do Nafta. Não é que eu imagine que o Sr. Trump, ou por falar nisso qualquer um de seus principais assessores, tenha qualquer tipo de entendimento sobre o que o Nafta faz, ou as implicações de rasgá-lo no campo de política externa. Mas eu achava que a mera pressão dos grupos de interesse manteria o acordo em grande parte intacto.

Trinta anos de mistura econômica entre os Estados Unidos e o México – o processo começou antes do Nafta, com uma grande liberalização no governo do presidente do México Carlos Salinas de Gortaria – criaram um sistema de manufatura norte-americano profundamente integrado.

Os Estados Unidos importam muitos produtos do México, mas também exportam bastante, e muito do comércio é de bens intermediários – componentes mexicanos instalados em carros feitos por americanos, têxteis americanos usados para produzir roupas mexicanas e por aí vai.

Décadas de investimentos, para não falar nas escolhas feitas por trabalhadores sobre onde eles deveriam morar e que capacidades eles precisariam aprimorar, têm se baseado na premissa de que esse sistema continuaria a existir. Assim, desintegrá-lo seria bastante prejudicial, e os perdedores incluiriam os principais players da indústria, que costumam receber atenção até mesmo dos governos republicanos.

Eu imaginava que provavelmente nós veríamos algumas mudanças cosméticas no acordo, o que permitiria ao Sr. Trump cantar vitória e seguir em frente.

Mas vejam o que acaba de acontecer com a cobertura de saúde. Deixem de lado os milhões que podem perder o auxílio: o Sr. Trump comprovadamente não liga para eles. Entretanto, essa decisão irá custar também às seguradoras e operadoras de saúde, o tipo de gente a quem você imaginaria que ele escutaria, bilhões. Mas ele a tomou mesmo assim, evidentemente por puro desprezo – talvez agravado por sua impressão de que sua presidência está ruindo depressa.

Ou seja, é seguro presumir que ele não vá ferrar grande parte da produção americana do mesmo modo? Neste momento, a resposta tem de ser não.

Veja, a essa altura pessoas sensatas estão preocupadas, e eu diria que com razão, porque a ira e desprezo do Sr. Trump podem fazê-lo começar uma guerra.

Se é assim, por que não se preocupar com a possibilidade de ele dar início a uma guerra comercial em vez disso (ou também)?

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Como muitas pessoas têm notado, a decisão do presidente Trump de cancelar subsídios de divisão de custos com os planos de saúde nos Estados Unidos é uma rara trifeta política: Ela aumenta preços, diminui o número de pessoas com convênios de saúde e custa dinheiro ao contribuinte. Além disso, não há nenhum sinal de qualquer estratégia política digna desse nome.

Isso é política guiada por desprezo puro: Já que o Sr. Trump não consegue o que quer do Congresso, ele vai punir pessoas inocentes.

Existem muitas lições a se tirar deste espetáculo deprimente, mas há um ponto que eu ainda não vi as pessoas levantarem: Minha estimativa sobre as chances de que o Sr. Trump vai dinamitar o Tratado de Livre Comércio Norte-Americano (Nafta, na sigla em inglês) acabam de disparar.

Até agora, eu tenho sido razoavelmente complacente quanto ao destino do Nafta. Não é que eu imagine que o Sr. Trump, ou por falar nisso qualquer um de seus principais assessores, tenha qualquer tipo de entendimento sobre o que o Nafta faz, ou as implicações de rasgá-lo no campo de política externa. Mas eu achava que a mera pressão dos grupos de interesse manteria o acordo em grande parte intacto.

Trinta anos de mistura econômica entre os Estados Unidos e o México – o processo começou antes do Nafta, com uma grande liberalização no governo do presidente do México Carlos Salinas de Gortaria – criaram um sistema de manufatura norte-americano profundamente integrado.

Os Estados Unidos importam muitos produtos do México, mas também exportam bastante, e muito do comércio é de bens intermediários – componentes mexicanos instalados em carros feitos por americanos, têxteis americanos usados para produzir roupas mexicanas e por aí vai.

Décadas de investimentos, para não falar nas escolhas feitas por trabalhadores sobre onde eles deveriam morar e que capacidades eles precisariam aprimorar, têm se baseado na premissa de que esse sistema continuaria a existir. Assim, desintegrá-lo seria bastante prejudicial, e os perdedores incluiriam os principais players da indústria, que costumam receber atenção até mesmo dos governos republicanos.

Eu imaginava que provavelmente nós veríamos algumas mudanças cosméticas no acordo, o que permitiria ao Sr. Trump cantar vitória e seguir em frente.

Mas vejam o que acaba de acontecer com a cobertura de saúde. Deixem de lado os milhões que podem perder o auxílio: o Sr. Trump comprovadamente não liga para eles. Entretanto, essa decisão irá custar também às seguradoras e operadoras de saúde, o tipo de gente a quem você imaginaria que ele escutaria, bilhões. Mas ele a tomou mesmo assim, evidentemente por puro desprezo – talvez agravado por sua impressão de que sua presidência está ruindo depressa.

Ou seja, é seguro presumir que ele não vá ferrar grande parte da produção americana do mesmo modo? Neste momento, a resposta tem de ser não.

Veja, a essa altura pessoas sensatas estão preocupadas, e eu diria que com razão, porque a ira e desprezo do Sr. Trump podem fazê-lo começar uma guerra.

Se é assim, por que não se preocupar com a possibilidade de ele dar início a uma guerra comercial em vez disso (ou também)?

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