Nós rumamos em direção a problemas?
Pleno emprego e valorização das ações americanas podem mostram rumos incertos na economia dos Estados Unidos
Da Redação
Publicado em 14 de fevereiro de 2018 às 10h28.
Quando se fala do mercado de ações, existem três regras das quais você precisa se lembrar. Primeira, o mercado de ações não é a economia. Segunda, o mercado de ações não é a economia. Terceira, o mercado de ações não é a economia.
Ou seja, o recente mergulho do mercado pode não significar coisa alguma.
Por um lado, não presuma que houve um bom motivo para o deslize (ainda que o fato de que o Dow caiu 666 pontos na última sexta-feira sinalize tanto para forças satânicas quanto para alguma relação mística com o investimento furado da família Kushner no prédio no número 666 da Quinta Avenida).
Quando as ações entraram em colapso em 1987, o economista Robert Shiller conduziu uma pesquisa em tempo real sobre as motivações dos investidores; o crash nada mais se mostrou que, essencialmente, puro pânico autorrealizável. As pessoas não estavam vendendo porque alguma notícia fez com que elas revissem seus pontos de visto sobre o valor das ações; elas venderam porque viam que outras pessoas estavam vendendo.
Por outro lado, tampouco suponha que a queda no preço das ações nos diga muita coisa sobre o futuro econômico. O grande economista Paul Samuelson famosamente brincou que o mercado de ações previu nove das últimas cinco recessões. Aquele crash de 1987, por exemplo, foi seguido não de uma recessão, mas de um crescimento sólido.
Ainda assim, turbulências do mercado deveriam nos levar a dar uma boa olhada nas perspectivas da economia. E o que os dados dizem, eu argumentaria, é que no mínimo os Estados Unidos se encaminham para uma redução em sua taxa de crescimento; As evidências disponíveis sugerem que o crescimento ao longo da próxima década será algo em torno de 1,5% ao ano, e não os 3% que Donald Trump e seus lacaios continuam a prometer.
Também há sugestões nos dados de que os ativos de risco em geral – ações, mas também títulos de longo prazo e bens imobiliários – podem estar supervalorizados. Deixando de lado a loucura do bitcoin, nós não estamos falando sobre dot-coms em 2000 ou sobre imóveis em 2006. Mas os indicadores convencionais estão muito acima dos níveis historicamente normais, e um regresso em direção a estas normas poderia ser doloroso.
Sobre aquela despencada: Se houve alguma notícia por trás dela, foi o relatório de empregos da última sexta-feira, que mostrou uma alta significativa, embora não grande, nos salários. Claro, salários subindo são uma coisa boa. De fato, o fracasso dos salários em crescer muito até agora tem sido uma deficiência profundamente frustrante na recuperação em geral impressionantemente durável da economia que começou no início do governo Obama.
Contudo, agora nós estamos vendo evidências suficientemente convincentes de que a economia americana está perto de alcançar o emprego pleno. O baixo índice de desemprego medido é só um pedaço da história. Há ainda a disposição crescente dos trabalhadores de saírem de seus empregos, algo que eles não fazem a menos que estejam confiantes de que vão arrumar outro trabalho.
Além disso, agora os salários finalmente estão subindo, o que sugere que os trabalhadores também estão conquistando poder de barganha.
De novo, tudo isso são boas notícias. Mas significa que o crescimento futuro nos Estados Unidos não pode vir de recolocar o desemprego de volta ao trabalho. Tem de vir ou do crescimento na oferta de trabalhadores em potencial ou de uma produtividade crescente; isto é, mais produção por trabalhador.
No entanto, com os baby boomers se aposentando, o crescimento da população em idade de trabalho, em especial durante os anos de trabalho mais ativo, tem sido extremamente lento, enquanto o crescimento da produtividade tem se mostrado frustrante. Juntos, estes fatores sugerem uma economia que provavelmente crescerá com apenas metade da velocidade que o Sr. Trump promete.
Os mercados acreditaram no Sr. Trump? No mínimo do mínimo, eles têm agido como se a economia ainda tivesse uma sobra de espaço para crescer; jogar água fria nesta crença deveria significar tanto taxas de juros maiores quanto preços de ações menores, que é o que nós estamos vendo.
Mas será que nós deveríamos estar preocupados com algo ainda pior que uma simples redução no crescimento?
Bem, os preços dos ativos de fato parecem elevados: Um medidor de avaliação de ações amplamente usado as posiciona na maior alta em 15 anos, enquanto um procedimento conceitualmente semelhante afirma que os preços de imóveis se reconstituíram até pouco menos da metade da alta que culminou na grande quebra imobiliária.
Individualmente, estes números não são tão alarmantes: As ações, como eu disse, não parecem nem de longe tão supervalorizadas como em 2000, nem os imóveis estão tão perto da supervalorização como aconteceu em 2006. Por outro lado, desta vez os dois mercados parecem supervalorizados ao mesmo tempo, no mínimo levantando a possibilidade de uma quebra de bolha dupla como aquela que atingiu o Japão no fim da década de 80.
Além disso, se o preço dos ativos for afetado, nós podemos esperar que os consumidores, que têm gastado fortemente e dito muito pouco, recuarão.
Ainda assim, tudo isso seria administrável se pudéssemos contar que os legisladores-chave atuariam com eficiência. É aí que eu me preocupo.
Com certeza não é boa coisa o fato de o Sr. Trump ter se livrado de um dos mais distintos presidentes na história do Federal Reserve pouco antes dos mercados começarem a emitir sinais de alerta. Jerome Powell, o substituto de Janet Yellen no Fed, parece um cara razoável, mas nós não fazemos ideia de quão bem ele lidaria com uma crise caso uma acontecesse.
Enquanto isso, o atual secretário do Tesouro – que declarou sobre Davos: “Eu não acho que seja um ponto de encontro de globalistas” – talvez seja o indivíduo menos distinto e menos informado que já ocupou aquela posição.
Ou seja, nós estamos rumando em direção a problemas? É cedo demais para dizer. Mas caso estejamos, tenham certeza de que nós teremos as piores pessoas possíveis para cuidar disso.
Quando se fala do mercado de ações, existem três regras das quais você precisa se lembrar. Primeira, o mercado de ações não é a economia. Segunda, o mercado de ações não é a economia. Terceira, o mercado de ações não é a economia.
Ou seja, o recente mergulho do mercado pode não significar coisa alguma.
Por um lado, não presuma que houve um bom motivo para o deslize (ainda que o fato de que o Dow caiu 666 pontos na última sexta-feira sinalize tanto para forças satânicas quanto para alguma relação mística com o investimento furado da família Kushner no prédio no número 666 da Quinta Avenida).
Quando as ações entraram em colapso em 1987, o economista Robert Shiller conduziu uma pesquisa em tempo real sobre as motivações dos investidores; o crash nada mais se mostrou que, essencialmente, puro pânico autorrealizável. As pessoas não estavam vendendo porque alguma notícia fez com que elas revissem seus pontos de visto sobre o valor das ações; elas venderam porque viam que outras pessoas estavam vendendo.
Por outro lado, tampouco suponha que a queda no preço das ações nos diga muita coisa sobre o futuro econômico. O grande economista Paul Samuelson famosamente brincou que o mercado de ações previu nove das últimas cinco recessões. Aquele crash de 1987, por exemplo, foi seguido não de uma recessão, mas de um crescimento sólido.
Ainda assim, turbulências do mercado deveriam nos levar a dar uma boa olhada nas perspectivas da economia. E o que os dados dizem, eu argumentaria, é que no mínimo os Estados Unidos se encaminham para uma redução em sua taxa de crescimento; As evidências disponíveis sugerem que o crescimento ao longo da próxima década será algo em torno de 1,5% ao ano, e não os 3% que Donald Trump e seus lacaios continuam a prometer.
Também há sugestões nos dados de que os ativos de risco em geral – ações, mas também títulos de longo prazo e bens imobiliários – podem estar supervalorizados. Deixando de lado a loucura do bitcoin, nós não estamos falando sobre dot-coms em 2000 ou sobre imóveis em 2006. Mas os indicadores convencionais estão muito acima dos níveis historicamente normais, e um regresso em direção a estas normas poderia ser doloroso.
Sobre aquela despencada: Se houve alguma notícia por trás dela, foi o relatório de empregos da última sexta-feira, que mostrou uma alta significativa, embora não grande, nos salários. Claro, salários subindo são uma coisa boa. De fato, o fracasso dos salários em crescer muito até agora tem sido uma deficiência profundamente frustrante na recuperação em geral impressionantemente durável da economia que começou no início do governo Obama.
Contudo, agora nós estamos vendo evidências suficientemente convincentes de que a economia americana está perto de alcançar o emprego pleno. O baixo índice de desemprego medido é só um pedaço da história. Há ainda a disposição crescente dos trabalhadores de saírem de seus empregos, algo que eles não fazem a menos que estejam confiantes de que vão arrumar outro trabalho.
Além disso, agora os salários finalmente estão subindo, o que sugere que os trabalhadores também estão conquistando poder de barganha.
De novo, tudo isso são boas notícias. Mas significa que o crescimento futuro nos Estados Unidos não pode vir de recolocar o desemprego de volta ao trabalho. Tem de vir ou do crescimento na oferta de trabalhadores em potencial ou de uma produtividade crescente; isto é, mais produção por trabalhador.
No entanto, com os baby boomers se aposentando, o crescimento da população em idade de trabalho, em especial durante os anos de trabalho mais ativo, tem sido extremamente lento, enquanto o crescimento da produtividade tem se mostrado frustrante. Juntos, estes fatores sugerem uma economia que provavelmente crescerá com apenas metade da velocidade que o Sr. Trump promete.
Os mercados acreditaram no Sr. Trump? No mínimo do mínimo, eles têm agido como se a economia ainda tivesse uma sobra de espaço para crescer; jogar água fria nesta crença deveria significar tanto taxas de juros maiores quanto preços de ações menores, que é o que nós estamos vendo.
Mas será que nós deveríamos estar preocupados com algo ainda pior que uma simples redução no crescimento?
Bem, os preços dos ativos de fato parecem elevados: Um medidor de avaliação de ações amplamente usado as posiciona na maior alta em 15 anos, enquanto um procedimento conceitualmente semelhante afirma que os preços de imóveis se reconstituíram até pouco menos da metade da alta que culminou na grande quebra imobiliária.
Individualmente, estes números não são tão alarmantes: As ações, como eu disse, não parecem nem de longe tão supervalorizadas como em 2000, nem os imóveis estão tão perto da supervalorização como aconteceu em 2006. Por outro lado, desta vez os dois mercados parecem supervalorizados ao mesmo tempo, no mínimo levantando a possibilidade de uma quebra de bolha dupla como aquela que atingiu o Japão no fim da década de 80.
Além disso, se o preço dos ativos for afetado, nós podemos esperar que os consumidores, que têm gastado fortemente e dito muito pouco, recuarão.
Ainda assim, tudo isso seria administrável se pudéssemos contar que os legisladores-chave atuariam com eficiência. É aí que eu me preocupo.
Com certeza não é boa coisa o fato de o Sr. Trump ter se livrado de um dos mais distintos presidentes na história do Federal Reserve pouco antes dos mercados começarem a emitir sinais de alerta. Jerome Powell, o substituto de Janet Yellen no Fed, parece um cara razoável, mas nós não fazemos ideia de quão bem ele lidaria com uma crise caso uma acontecesse.
Enquanto isso, o atual secretário do Tesouro – que declarou sobre Davos: “Eu não acho que seja um ponto de encontro de globalistas” – talvez seja o indivíduo menos distinto e menos informado que já ocupou aquela posição.
Ou seja, nós estamos rumando em direção a problemas? É cedo demais para dizer. Mas caso estejamos, tenham certeza de que nós teremos as piores pessoas possíveis para cuidar disso.