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Fatos têm um viés liberal bastante conhecido

Mesmo na era Trump, a mídia tradicional tenta desesperadamente ser “equilibrada”, o que significa se desdobrar de todos os jeitos para dizer coisas boas sobre os republicanos e alfinetar os democratas

Prédio do New York Times, em NY: nas eleições de 2016, empresas de mídia dedicaram mais tempo aos e-mails de Hillary Clinton do que a todos os temas políticos combinados / Mark Coppola/Getty Images
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Da Redação

Publicado em 18 de dezembro de 2017 às 11h41.

Há dois fatos centrais a respeito da política americana do século 21.

Primeiro, nós sofremos de uma polarização assimétrica: o Partido Republicano se tornou uma instituição extremista com pouco respeito pelas normas tradicionais de qualquer tipo. Segundo, a mídia tradicional – ainda a fonte da maioria da informação política para a grande maioria dos americanos – continua sem conseguir assimilar essa realidade. Mesmo na era de Donald Trump, eles tentam desesperadamente ser “equilibrados”, o que na prática significa se desdobrar de todos os jeitos para dizer coisas boas desmerecidas sobre os republicanos e dar alfinetadas desmerecidas nos democratas.

Esta dinâmica teve um papel crucial na eleição do ano passado: é um dos motivos pelos quais as maiores empresas de mídia dedicaram mais tempo aos e-mails de Hillary Clinton do que a todos os temas políticos combinados. Mas tem sido assim há anos. É o que explica a trajetória profissional do porta-voz da Câmara, Paul Ryan: os jornalistas, tentando ser centristas, queriam desesperadamente mostrar a neutralidade deles ao elogiar um Conservador Honesto de Verdade, e promoveram o Sr. Ryan para o papel, mesmo que estivesse óbvio desde o início que ele era um charlatão.

E isso continua a acontecer, como  podemos observar pelo que parece ser o fiasco iminente dos esforços do Facebook para implementar a checagem de fatos. O Facebook queria empresas de checagem responsáveis com as quais pudesse fazer parcerias, e várias empresas assim existem. Mas elas são constantemente atacadas pela direita como tendo vieses de esquerda, de modos que o Facebook acrescentou o The Weekly Standard, ainda que essa empresa claramente fracasse em atender aos critérios internacionalmente aceitos para o papel.

Ou seja, qual é a base para afirmações de que, digamos, o PolitiFacts seja enviesado? Ora, o próprio The Weekly Standard explicou o critério em um artigo no ano passado: “Pesquisas realizadas pela Universidade de Minnesota e pela Universidade George Mason têm demonstrado que as supostamente imparciais empresas de ‘checagem de fatos’ consideram afirmações republicanas falsas três vezes mais e duas vezes mais que as democratas, respectivamente”.

Repare na hipótese implícita aqui, a saber, que uma checagem de fatos imparcial identificaria um número igual de afirmações falsas de cada partido. Mas e se – pensem comigo um minuto – os republicanos efetivamente fizerem mais declarações falsas que os democratas?

Considere um exemplo nem um pouco aleatório: a política fiscal. O Partido Republicano está profundamente comprometido com a proposição de que cortes de impostos se pagam, uma visão que não tem respaldo algum dos economistas profissionais. Você consegue encontrar qualquer insistência comparável sobre um ponto de vista que os especialistas considerem falso do lado democrata?

De modo semelhante, o Partido Republicano está profundamente comprometido com a negação das mudanças climáticas, apesar do esmagador consenso dos cientistas de que a mudança climática antropogênica é real e perigosa. De novo, onde está a contraparte democrata?

Existem, é claro, indivíduos liberais que dizem coisas que não são verdadeiras, sobre todo tipo de assunto. Mas inverdades grandes vindas de personalidades importantes do partido – e por “inverdade” eu quero dizer algo comprovadamente falso, e não um ponto de vista do qual você discorde – são muito mais comuns na direita do que na esquerda.

É interessante e importante entender de onde vem essa diferença. É também uma espécie de quebra-cabeça. É verdade, os partidos são instituições muito diferentes; o Partido Republicano historicamente tem sido hierárquico, com um comando a partir do alto escalão e uma doutrina monolítica, enquanto os democratas sempre foram uma coalizão de liderança meio solta. Hoje em dia o Partido Republicano parece muito caótico – e no entanto, forças insurgentes parecem empurrá-lo para ainda mais longe de qualquer respeito pelos fatos.

Qualquer que seja a explicação mais profunda, entretanto, os partidos não são a mesma coisa. E tentar fingir que eles são não é apenas tolo – é profundamente destrutivo. De fato, é uma razão importante para entender por que Donald Trump está na Casa Branca.

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Há dois fatos centrais a respeito da política americana do século 21.

Primeiro, nós sofremos de uma polarização assimétrica: o Partido Republicano se tornou uma instituição extremista com pouco respeito pelas normas tradicionais de qualquer tipo. Segundo, a mídia tradicional – ainda a fonte da maioria da informação política para a grande maioria dos americanos – continua sem conseguir assimilar essa realidade. Mesmo na era de Donald Trump, eles tentam desesperadamente ser “equilibrados”, o que na prática significa se desdobrar de todos os jeitos para dizer coisas boas desmerecidas sobre os republicanos e dar alfinetadas desmerecidas nos democratas.

Esta dinâmica teve um papel crucial na eleição do ano passado: é um dos motivos pelos quais as maiores empresas de mídia dedicaram mais tempo aos e-mails de Hillary Clinton do que a todos os temas políticos combinados. Mas tem sido assim há anos. É o que explica a trajetória profissional do porta-voz da Câmara, Paul Ryan: os jornalistas, tentando ser centristas, queriam desesperadamente mostrar a neutralidade deles ao elogiar um Conservador Honesto de Verdade, e promoveram o Sr. Ryan para o papel, mesmo que estivesse óbvio desde o início que ele era um charlatão.

E isso continua a acontecer, como  podemos observar pelo que parece ser o fiasco iminente dos esforços do Facebook para implementar a checagem de fatos. O Facebook queria empresas de checagem responsáveis com as quais pudesse fazer parcerias, e várias empresas assim existem. Mas elas são constantemente atacadas pela direita como tendo vieses de esquerda, de modos que o Facebook acrescentou o The Weekly Standard, ainda que essa empresa claramente fracasse em atender aos critérios internacionalmente aceitos para o papel.

Ou seja, qual é a base para afirmações de que, digamos, o PolitiFacts seja enviesado? Ora, o próprio The Weekly Standard explicou o critério em um artigo no ano passado: “Pesquisas realizadas pela Universidade de Minnesota e pela Universidade George Mason têm demonstrado que as supostamente imparciais empresas de ‘checagem de fatos’ consideram afirmações republicanas falsas três vezes mais e duas vezes mais que as democratas, respectivamente”.

Repare na hipótese implícita aqui, a saber, que uma checagem de fatos imparcial identificaria um número igual de afirmações falsas de cada partido. Mas e se – pensem comigo um minuto – os republicanos efetivamente fizerem mais declarações falsas que os democratas?

Considere um exemplo nem um pouco aleatório: a política fiscal. O Partido Republicano está profundamente comprometido com a proposição de que cortes de impostos se pagam, uma visão que não tem respaldo algum dos economistas profissionais. Você consegue encontrar qualquer insistência comparável sobre um ponto de vista que os especialistas considerem falso do lado democrata?

De modo semelhante, o Partido Republicano está profundamente comprometido com a negação das mudanças climáticas, apesar do esmagador consenso dos cientistas de que a mudança climática antropogênica é real e perigosa. De novo, onde está a contraparte democrata?

Existem, é claro, indivíduos liberais que dizem coisas que não são verdadeiras, sobre todo tipo de assunto. Mas inverdades grandes vindas de personalidades importantes do partido – e por “inverdade” eu quero dizer algo comprovadamente falso, e não um ponto de vista do qual você discorde – são muito mais comuns na direita do que na esquerda.

É interessante e importante entender de onde vem essa diferença. É também uma espécie de quebra-cabeça. É verdade, os partidos são instituições muito diferentes; o Partido Republicano historicamente tem sido hierárquico, com um comando a partir do alto escalão e uma doutrina monolítica, enquanto os democratas sempre foram uma coalizão de liderança meio solta. Hoje em dia o Partido Republicano parece muito caótico – e no entanto, forças insurgentes parecem empurrá-lo para ainda mais longe de qualquer respeito pelos fatos.

Qualquer que seja a explicação mais profunda, entretanto, os partidos não são a mesma coisa. E tentar fingir que eles são não é apenas tolo – é profundamente destrutivo. De fato, é uma razão importante para entender por que Donald Trump está na Casa Branca.

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