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Com Trump, esperem menos produção nos Estados Unidos

É difícil focar na análise econômica ordinária em meio ao apocalipse político aqui nos Estados Unidos. Mas ganhar dinheiro e gastá-lo ainda irão consumir a maior parte da energia e do tempo da população. Então, o que é mais provável que aconteça ao comércio e à indústria ao longo dos próximos anos? Como está hoje, […]

TRUMP NA CARRIER: nós temos um governo que não consegue promover continuidade / Mike Segar/ Reuters
DR

Da Redação

Publicado em 8 de fevereiro de 2017 às 10h54.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h00.

É difícil focar na análise econômica ordinária em meio ao apocalipse político aqui nos Estados Unidos. Mas ganhar dinheiro e gastá-lo ainda irão consumir a maior parte da energia e do tempo da população.

Então, o que é mais provável que aconteça ao comércio e à indústria ao longo dos próximos anos?

Como está hoje, nós temos o que parece ser um modelo incomumente bom nos anos Reagan – excluindo-se a recessão severa e a retomada convenientemente programada, que de certo modo obscureceram a questão comercial.

Deixe de lado a recessão e a retomada, e o que você tinha naquela ocasião eram uma grande movimentação na direção de déficits orçamentários por meio de cortes tributários e uma acúmulo militar, aliados a um protecionismo exagerado. Isso não é parte da lenda de Ronald Reagan, mas a cota de importações sobre veículos japoneses foi uma das maiores jogadas protecionistas do período pós-guerra.

Eu estou um pouco em dúvida sobre a política fiscal da Trumponomics. Os déficits certamente irão explodir, mas eu não vou acreditar na ofensiva nos gastos com infraestrutura até eu vê-la, e, considerando-se os enormes cortes de gastos com subsídios para os americanos pobres, não está totalmente claro se vai haver um estímulo líquido. Mas vamos supor que haja. E aí?

Bom, o que houve nos anos Reagan foram “déficits gêmeos”: O déficit orçamentário empurrou para cima as taxas de juros, que criaram um dólar mais forte, o que causou um déficit comercial maior, principalmente nos bens industrializados (que ainda são a maior parte do que é negociável). Isso levou a um declínio acelerado no rumo industrial da economia americana.

De novo, isso aconteceu apesar de um protecionismo significativo.

Ou seja, o trumpismo provavelmente seguirá uma direção parecida: ele vai efetivamente encolher a indústria apesar do imenso barulho que fez sobre salvar algumas centenas de empregos aqui e ali.

Por outro lado, até chegarmos lá o Escritório de Estatísticas Trabalhistas deve estar totalmente dominado e orientado a divulgar somente boas notícias não importa o que aconteça.

ficha_krugmann

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É difícil focar na análise econômica ordinária em meio ao apocalipse político aqui nos Estados Unidos. Mas ganhar dinheiro e gastá-lo ainda irão consumir a maior parte da energia e do tempo da população.

Então, o que é mais provável que aconteça ao comércio e à indústria ao longo dos próximos anos?

Como está hoje, nós temos o que parece ser um modelo incomumente bom nos anos Reagan – excluindo-se a recessão severa e a retomada convenientemente programada, que de certo modo obscureceram a questão comercial.

Deixe de lado a recessão e a retomada, e o que você tinha naquela ocasião eram uma grande movimentação na direção de déficits orçamentários por meio de cortes tributários e uma acúmulo militar, aliados a um protecionismo exagerado. Isso não é parte da lenda de Ronald Reagan, mas a cota de importações sobre veículos japoneses foi uma das maiores jogadas protecionistas do período pós-guerra.

Eu estou um pouco em dúvida sobre a política fiscal da Trumponomics. Os déficits certamente irão explodir, mas eu não vou acreditar na ofensiva nos gastos com infraestrutura até eu vê-la, e, considerando-se os enormes cortes de gastos com subsídios para os americanos pobres, não está totalmente claro se vai haver um estímulo líquido. Mas vamos supor que haja. E aí?

Bom, o que houve nos anos Reagan foram “déficits gêmeos”: O déficit orçamentário empurrou para cima as taxas de juros, que criaram um dólar mais forte, o que causou um déficit comercial maior, principalmente nos bens industrializados (que ainda são a maior parte do que é negociável). Isso levou a um declínio acelerado no rumo industrial da economia americana.

De novo, isso aconteceu apesar de um protecionismo significativo.

Ou seja, o trumpismo provavelmente seguirá uma direção parecida: ele vai efetivamente encolher a indústria apesar do imenso barulho que fez sobre salvar algumas centenas de empregos aqui e ali.

Por outro lado, até chegarmos lá o Escritório de Estatísticas Trabalhistas deve estar totalmente dominado e orientado a divulgar somente boas notícias não importa o que aconteça.

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