A retaliação a Trump começou
Para agradar seus doadores de campanha, congressistas republicanos querem votar rapidamente o aumento de impostos para a maioria da população e isenções fiscais para aviões particulares
Da Redação
Publicado em 27 de novembro de 2017 às 17h48.
Estes não são bons tempos, politicamente, para os republicanos.
A recente reviravolta na eleição para o governo da Virgínia mostrou que a retaliação a Trump é real, e irá aparecer efetivamente na votação, não só em pesquisas. Uma série de eleições locais tem resultado em vitórias democratas em regiões até então profundamente vermelhas [ N. do T.: nos EUA, a cor vermelha é associada aos republicanos]. Apesar da manipulação e da desvantagem inerente causada pela concentração de eleitores de minorias nas áreas urbanas, os democratas provavelmente têm uma leve possibilidade de ganhar a Câmara; graças a Roy Moore no Alabama, eles têm até mesmo chances de levar o Senado, apesar do que supostamente era um mapa político impossível.
Além disso, quando se trata de governanças na qual, surpreendentemente, o vencedor é quem recebe mais votos, uma grande virada para os democratas parece provável.
Some a isso eventos que possivelmente vão prejudicar a marca republicana ainda mais. Não existe realmente dúvida sobre o complô Trump/Putin, e o Sr. Trump efetivamente continua a agir como um fantoche do Sr. Putin. A única dúvida é quão longe os indiciamentos vão chegar, e quanto dano eles vão causar. Mas não será boa coisa.
Você poderia pensar, dado este pano de fundo, que os republicanos moderariam as políticas deles numa tentativa de redução de danos. Mas, se é que algo mudou, eles estão fazendo o contrário. O projeto tributário da Câmara é severamente regressivo; a proposta do Senado na verdade aumenta os impostos para a maioria das famílias, ao mesmo tempo em que inclui isenções fiscais especiais para aviões particulares. De fato, o partido está dando aos americanos de classe média um gigantesco dedo do meio. O que está havendo?
Grande parte da resposta, eu sugeriria, é que muitos republicanos hoje enxergam a si próprios e/ou ao seu partido em uma desgraça tão grande que eles não estão mais sequer tentando melhorar sua futura posição eleitoral; em vez disso, se trata de conseguir obter o máximo para seus grandes doadores enquanto eles ainda podem. Liberdade é só outro jeito de falar em nada mais a perder: no caso do Partido Republicano, isso significa a liberdade de ser o partido do, por, e para os oligarcas que eles sempre quiseram ser.
Esse cálculo fica mais claro no caso dos integrantes da Câmara que representam os tipos de regiões – educadas, relativamente ricas, tradicionalmente republicanas moderadas – que se tornaram democratas com diferenças enormes em Virginia. Se 2018 acabar se revelando qualquer coisa semelhante ao que parece provável hoje, estes integrantes vão precisar de novos empregos em 2019 não importa o que façam, e os melhores cargos vão ser de lobistas, com exceção daqueles poucos que conseguirão trabalho como especialistas na Fox News ou em algum think tank. Em outras palavras, de um jeito ou de outro, o futuro deles depende de coletar um auxílio dos fanáticos, o que quer dizer que os incentivos deles são totalmente o de serem ideólogos leais, mesmo que às custas de seu eleitorado.
O Senado é um pouco diferente; não há muitos republicanos obviamente acabados. Mas existem razões muito boas para acreditar que os próximos meses serão a última chance que eles têm de cumprir as promessas deles aos irmãos Koch e a outros. Depois disso, os dominós vão começar a cair: talvez a perda do Alabama, diminuindo ainda mais sua margem apertada; talvez indiciamentos que aleijem ainda mais a Casa Branca; ou, eventualmente, a perda de uma ou de ambas as casas do Congresso. Ou seja, o incentivo deles é de emplacar tudo que os doadores quiserem, não importa quão revoltante — aumento de impostos para a maioria da população, isenções fiscais para aviões particulares —, triturador de salsicha abaixo e imediatamente.
Tenho de reconhecer que eu não esperava por isso. E há uma possibilidade bem razoável de que este puxão desesperado falhe – lembrem, são necessários apenas três senadores republicanos com um pingo de princípios. Mas é aonde nós chegamos.
Estes não são bons tempos, politicamente, para os republicanos.
A recente reviravolta na eleição para o governo da Virgínia mostrou que a retaliação a Trump é real, e irá aparecer efetivamente na votação, não só em pesquisas. Uma série de eleições locais tem resultado em vitórias democratas em regiões até então profundamente vermelhas [ N. do T.: nos EUA, a cor vermelha é associada aos republicanos]. Apesar da manipulação e da desvantagem inerente causada pela concentração de eleitores de minorias nas áreas urbanas, os democratas provavelmente têm uma leve possibilidade de ganhar a Câmara; graças a Roy Moore no Alabama, eles têm até mesmo chances de levar o Senado, apesar do que supostamente era um mapa político impossível.
Além disso, quando se trata de governanças na qual, surpreendentemente, o vencedor é quem recebe mais votos, uma grande virada para os democratas parece provável.
Some a isso eventos que possivelmente vão prejudicar a marca republicana ainda mais. Não existe realmente dúvida sobre o complô Trump/Putin, e o Sr. Trump efetivamente continua a agir como um fantoche do Sr. Putin. A única dúvida é quão longe os indiciamentos vão chegar, e quanto dano eles vão causar. Mas não será boa coisa.
Você poderia pensar, dado este pano de fundo, que os republicanos moderariam as políticas deles numa tentativa de redução de danos. Mas, se é que algo mudou, eles estão fazendo o contrário. O projeto tributário da Câmara é severamente regressivo; a proposta do Senado na verdade aumenta os impostos para a maioria das famílias, ao mesmo tempo em que inclui isenções fiscais especiais para aviões particulares. De fato, o partido está dando aos americanos de classe média um gigantesco dedo do meio. O que está havendo?
Grande parte da resposta, eu sugeriria, é que muitos republicanos hoje enxergam a si próprios e/ou ao seu partido em uma desgraça tão grande que eles não estão mais sequer tentando melhorar sua futura posição eleitoral; em vez disso, se trata de conseguir obter o máximo para seus grandes doadores enquanto eles ainda podem. Liberdade é só outro jeito de falar em nada mais a perder: no caso do Partido Republicano, isso significa a liberdade de ser o partido do, por, e para os oligarcas que eles sempre quiseram ser.
Esse cálculo fica mais claro no caso dos integrantes da Câmara que representam os tipos de regiões – educadas, relativamente ricas, tradicionalmente republicanas moderadas – que se tornaram democratas com diferenças enormes em Virginia. Se 2018 acabar se revelando qualquer coisa semelhante ao que parece provável hoje, estes integrantes vão precisar de novos empregos em 2019 não importa o que façam, e os melhores cargos vão ser de lobistas, com exceção daqueles poucos que conseguirão trabalho como especialistas na Fox News ou em algum think tank. Em outras palavras, de um jeito ou de outro, o futuro deles depende de coletar um auxílio dos fanáticos, o que quer dizer que os incentivos deles são totalmente o de serem ideólogos leais, mesmo que às custas de seu eleitorado.
O Senado é um pouco diferente; não há muitos republicanos obviamente acabados. Mas existem razões muito boas para acreditar que os próximos meses serão a última chance que eles têm de cumprir as promessas deles aos irmãos Koch e a outros. Depois disso, os dominós vão começar a cair: talvez a perda do Alabama, diminuindo ainda mais sua margem apertada; talvez indiciamentos que aleijem ainda mais a Casa Branca; ou, eventualmente, a perda de uma ou de ambas as casas do Congresso. Ou seja, o incentivo deles é de emplacar tudo que os doadores quiserem, não importa quão revoltante — aumento de impostos para a maioria da população, isenções fiscais para aviões particulares —, triturador de salsicha abaixo e imediatamente.
Tenho de reconhecer que eu não esperava por isso. E há uma possibilidade bem razoável de que este puxão desesperado falhe – lembrem, são necessários apenas três senadores republicanos com um pingo de princípios. Mas é aonde nós chegamos.