Milhares de jovens imigrantes, perseguidos por Trump sem uma boa razão
A decisão do presidente Trump de matar o programa de Ação Deferida para Chegada de Crianças, não importa a tentativa de obscurecê-la com um adiamento inútil de seis meses, é antes de mais nada uma obscenidade moral: um esforço para dispensar 800 mil jovens que são americanos em qualquer sentido que importa e que não […]
Da Redação
Publicado em 15 de setembro de 2017 às 14h58.
A decisão do presidente Trump de matar o programa de Ação Deferida para Chegada de Crianças, não importa a tentativa de obscurecê-la com um adiamento inútil de seis meses, é antes de mais nada uma obscenidade moral: um esforço para dispensar 800 mil jovens que são americanos em qualquer sentido que importa e que não fizeram nada de errado, basicamente por motivos raciais.
Mas também vale destacar que o procurador-geral, Jeff Sessions, tentou vender a decisão recorrendo a uma economia fuleira, dizendo que os participantes do programa, conhecidos como “Sonhadores”, estão tomando os empregos dos americanos. Não, eles não estão, mesmo que nós deixemos de lado a questão de quem é “americano”. O programa DACA (sigla em inglês de Deferred Action for Childhood Arrivals) é basicamente uma bênção para o resto da população dos Estados Unidos, e matá-lo vai deixar todo mundo em uma situação pior.
Para entender o porquê, primeiro repare que, qualquer que seja sua opinião sobre a economia de aceitar menos imigrantes educados – a maioria das evidências sugere que eles não rebaixam os salários, mas essa é outra discussão –, nada disso se aplica aos “Sonhadores”. O perfil educacional e comportamental deles, como o Cato Institute tem notado, não se parece com aquele do imigrante médio, e muito menos com o do imigrante sem documentação regularizada médio. Eles se assemelham mais aos portadores do visto H-1B; imigrantes capacitados que nós especificamente permitimos que entrassem no país porque eles ajudam a economia.
Fora isso, “Sonhadores” são jovens, o que significa que eles ajudam a economia não de uma, mas de duas grandes maneiras, já que eles aliviam os problemas econômicos causados pelo envelhecimento da população.
Um desses problemas é fiscal: à medida que a população envelhece, há menos pessoas com idade para trabalhar, contribuindo com os impostos necessários para custear a Previdência Social e o Medicare. Um grupo de pessoas relativamente bem pagas, motivadas, nos seus 20 anos, provavelmente disposto a pagar impostos durante décadas, é exatamente o remédio para tornar essa questão menos severa.
Enquanto isso, eu sou uma daquelas pessoas que se preocupam com estagnação secular; um gasto persistentemente fraco, que torna muito mais prováveis episódios em que a política monetária não consegue alcançar o pleno emprego (mesmo com uma taxa zero de juros). Vários fatores contribuem para esse risco, mas o mais importante provavelmente é o demográfico: uma desaceleração abrupta no crescimento da população em idade de trabalhar, o que significa menos estímulos para investir em fábricas, e mais. (O problema demográfico é o que fez o Japão, com sua baixa fertilidade e grande oposição à imigração, entrar em um regime de juro zero uma década antes do resto de nós).
E o que tornaria a estagnação secular um problema maior? Hey, vamos expulsar centenas de milhares de jovens da força de trabalho atual e futura.
Ou seja, esse é um tiro duplo na economia americana; ele vai deixar todo mundo em situação pior. Não há lado positivo algum dessa crueldade, a não ser que você queira ter menos pessoas de pele marrom e nomes hispânicos ao redor. O que, é claro, é sobre o que realmente é isso.
A decisão do presidente Trump de matar o programa de Ação Deferida para Chegada de Crianças, não importa a tentativa de obscurecê-la com um adiamento inútil de seis meses, é antes de mais nada uma obscenidade moral: um esforço para dispensar 800 mil jovens que são americanos em qualquer sentido que importa e que não fizeram nada de errado, basicamente por motivos raciais.
Mas também vale destacar que o procurador-geral, Jeff Sessions, tentou vender a decisão recorrendo a uma economia fuleira, dizendo que os participantes do programa, conhecidos como “Sonhadores”, estão tomando os empregos dos americanos. Não, eles não estão, mesmo que nós deixemos de lado a questão de quem é “americano”. O programa DACA (sigla em inglês de Deferred Action for Childhood Arrivals) é basicamente uma bênção para o resto da população dos Estados Unidos, e matá-lo vai deixar todo mundo em uma situação pior.
Para entender o porquê, primeiro repare que, qualquer que seja sua opinião sobre a economia de aceitar menos imigrantes educados – a maioria das evidências sugere que eles não rebaixam os salários, mas essa é outra discussão –, nada disso se aplica aos “Sonhadores”. O perfil educacional e comportamental deles, como o Cato Institute tem notado, não se parece com aquele do imigrante médio, e muito menos com o do imigrante sem documentação regularizada médio. Eles se assemelham mais aos portadores do visto H-1B; imigrantes capacitados que nós especificamente permitimos que entrassem no país porque eles ajudam a economia.
Fora isso, “Sonhadores” são jovens, o que significa que eles ajudam a economia não de uma, mas de duas grandes maneiras, já que eles aliviam os problemas econômicos causados pelo envelhecimento da população.
Um desses problemas é fiscal: à medida que a população envelhece, há menos pessoas com idade para trabalhar, contribuindo com os impostos necessários para custear a Previdência Social e o Medicare. Um grupo de pessoas relativamente bem pagas, motivadas, nos seus 20 anos, provavelmente disposto a pagar impostos durante décadas, é exatamente o remédio para tornar essa questão menos severa.
Enquanto isso, eu sou uma daquelas pessoas que se preocupam com estagnação secular; um gasto persistentemente fraco, que torna muito mais prováveis episódios em que a política monetária não consegue alcançar o pleno emprego (mesmo com uma taxa zero de juros). Vários fatores contribuem para esse risco, mas o mais importante provavelmente é o demográfico: uma desaceleração abrupta no crescimento da população em idade de trabalhar, o que significa menos estímulos para investir em fábricas, e mais. (O problema demográfico é o que fez o Japão, com sua baixa fertilidade e grande oposição à imigração, entrar em um regime de juro zero uma década antes do resto de nós).
E o que tornaria a estagnação secular um problema maior? Hey, vamos expulsar centenas de milhares de jovens da força de trabalho atual e futura.
Ou seja, esse é um tiro duplo na economia americana; ele vai deixar todo mundo em situação pior. Não há lado positivo algum dessa crueldade, a não ser que você queira ter menos pessoas de pele marrom e nomes hispânicos ao redor. O que, é claro, é sobre o que realmente é isso.