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A renda não tão fixa em 2023

Na coluna Panorama Econômico desta semana, Victor Ary e Lucas Ximenes comentam sobre os possíveis cenários da renda fixa no ano que vem

(Phil Ashley/Thinkstock)
DR

Da Redação

Publicado em 30 de maio de 2022 às 18h32.

Antes de tudo, faz-se importante definir o que significa marcação a mercado dos investimentos. “Marcação a Mercado” é um conceito que advém da matemática financeira para atualizar “a valor presente” o preço de um ativo específico. Se trata, portanto, da reprecificação diária realizada a partir da atualização dos valores de cotas de Fundos de Investimentos, investimentos de Renda Fixa e ativos da Bolsa de Valores. Desse modo, assim como as ações listadas na Bolsa de Valores, os títulos de Renda Fixa e as cotas de Fundos de Investimentos também sofrem variações em seu preço devido às flutuações do mercado. Contudo, é importante entender que o investidor que pretende manter seu título até o vencimento receberá a rentabilidade contratada no início. Em outras palavras, o valor a mercado significa que o investidor sabe o quanto receberia se vendesse a seu título naquele determinado momento, ou seja, antes do vencimento.

Mas qual é a função desse mecanismo? A principal tarefa da marcação a mercado é tornar transparente o preço do ativo caso o investidor tenha uma possível “saída” antecipada de seus investimentos. Ou seja, não é preciso esperar o vencimento para remanejar o dinheiro, permitindo que o investidor tome melhores decisões para sua vida financeira.

A fim de obter um entendimento mais claro, vamos a um exemplo de como os preços dos títulos se comportam. Um investidor PF compra uma debênture que o remunera 6% por R$ 1.000. Quando a Selic foi a 2% em 2020, a diferença de 4% tornava o papel atraente e seu preço tinha tendência a subir. Contudo, com a atual Selic de 12,75%, a mesma remuneração de 6% que a debênture paga se torna menos atraente e, consequentemente, faz o preço do papel cair.

Vale ressaltar que os diferentes indicadores usados nos variados títulos de Renda Fixa do mercado possuem comportamentos distintos, como a diferença entre os papéis pré-fixados (como exposto no exemplo acima) anterior e os papéis que pagam em percentual do CDI, ou seja, pós-fixados. Estes últimos tendem a variar menos que os primeiros devido ao seu caráter de “acompanhar” as variações da Selic. Portanto, de modo a elucidar, em 2020, um título pós-fixado de 120% do CDI pagaria apenas 2,4%, enquanto o pré-fixado pagaria 6%. No momento atual, o pós-fixado pagaria 14,4% enquanto o pré-fixado pagaria apenas os mesmos 6%. Essa alteração da Selic provocaria uma mudança significativa nos preços de ambos os ativos, com o pré-fixado tendo um valor de mercado bem menor do que o pós-fixado no momento atual com a Selic mais alta.

Mas por quê faz-se importante falar sobre esse tema nesse momento? O mecanismo de marcação a mercado está sendo bastante comentado devido a nova resolução da ANBIMA, que exige que títulos de crédito privado sejam apresentados com o seu preço de mercado. Antes essa marcação era usada apenas em Fundos de Investimento, ações e títulos públicos, deixando o investidor PF sem uma visão clara do seu patrimônio, o que agora é modificado com a atual resolução.

É importante compreender que as interações entre os títulos e a taxa de juros ficam mais complexas com a adição de diferentes títulos de Renda Fixa ao portfólio do investidor PF. Devido ao nível crescente de complexidade do portfólio é provável que o investidor PF fique confuso com a direção das oscilações e acabe tomando uma decisão que não é a mais vantajosa no momento. Dentre as opções existentes, há os Fundos de Investimento em Crédito Privado, que sempre foram marcados a mercado. Isso proporcionou o desenvolvimento de diversas estratégias para extrair rentabilidade extra com as oscilações de preço desses títulos.

Grifo Asset: A Grifo Asset Management é uma gestora independente que atua dois braços: Wealth Management, responsável pela gestão patrimonial de grandes fortunas e Asset Management, que opera na gestão de fundos de investimento.

Autor: Victor Ary, CGA é Graduado em Engenharia Civil pela Universidade de Fortaleza (Unifor), já trabalhou como Analista de Private Equity e Analista de Crédito Privado e hoje é Gestor de Portfólio na Grifo Asset. Victor possui certificação de gestores ANBIMA (CGA) e é candidato ao CFA level 2.

Co-Autor: Lucas Ximenes é graduado em Comércio Exterior pela Universidade de Fortaleza (Unifor) e Gerência em Negócios Internacionais pela Technischen Hochschule Deggendorf (THD). Possui experiência com operações de estruturação de processo de M&A, com participação ativa em mais de 8 setores distintos. Além disso, possui experiência com o mercado internacional na área de exportação, em especial, para o mercado europeu e asiático. Atualmente, é Analista de Crédito Privado da Grifo Asset e é candidato ao CFA Level 2.

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Antes de tudo, faz-se importante definir o que significa marcação a mercado dos investimentos. “Marcação a Mercado” é um conceito que advém da matemática financeira para atualizar “a valor presente” o preço de um ativo específico. Se trata, portanto, da reprecificação diária realizada a partir da atualização dos valores de cotas de Fundos de Investimentos, investimentos de Renda Fixa e ativos da Bolsa de Valores. Desse modo, assim como as ações listadas na Bolsa de Valores, os títulos de Renda Fixa e as cotas de Fundos de Investimentos também sofrem variações em seu preço devido às flutuações do mercado. Contudo, é importante entender que o investidor que pretende manter seu título até o vencimento receberá a rentabilidade contratada no início. Em outras palavras, o valor a mercado significa que o investidor sabe o quanto receberia se vendesse a seu título naquele determinado momento, ou seja, antes do vencimento.

Mas qual é a função desse mecanismo? A principal tarefa da marcação a mercado é tornar transparente o preço do ativo caso o investidor tenha uma possível “saída” antecipada de seus investimentos. Ou seja, não é preciso esperar o vencimento para remanejar o dinheiro, permitindo que o investidor tome melhores decisões para sua vida financeira.

A fim de obter um entendimento mais claro, vamos a um exemplo de como os preços dos títulos se comportam. Um investidor PF compra uma debênture que o remunera 6% por R$ 1.000. Quando a Selic foi a 2% em 2020, a diferença de 4% tornava o papel atraente e seu preço tinha tendência a subir. Contudo, com a atual Selic de 12,75%, a mesma remuneração de 6% que a debênture paga se torna menos atraente e, consequentemente, faz o preço do papel cair.

Vale ressaltar que os diferentes indicadores usados nos variados títulos de Renda Fixa do mercado possuem comportamentos distintos, como a diferença entre os papéis pré-fixados (como exposto no exemplo acima) anterior e os papéis que pagam em percentual do CDI, ou seja, pós-fixados. Estes últimos tendem a variar menos que os primeiros devido ao seu caráter de “acompanhar” as variações da Selic. Portanto, de modo a elucidar, em 2020, um título pós-fixado de 120% do CDI pagaria apenas 2,4%, enquanto o pré-fixado pagaria 6%. No momento atual, o pós-fixado pagaria 14,4% enquanto o pré-fixado pagaria apenas os mesmos 6%. Essa alteração da Selic provocaria uma mudança significativa nos preços de ambos os ativos, com o pré-fixado tendo um valor de mercado bem menor do que o pós-fixado no momento atual com a Selic mais alta.

Mas por quê faz-se importante falar sobre esse tema nesse momento? O mecanismo de marcação a mercado está sendo bastante comentado devido a nova resolução da ANBIMA, que exige que títulos de crédito privado sejam apresentados com o seu preço de mercado. Antes essa marcação era usada apenas em Fundos de Investimento, ações e títulos públicos, deixando o investidor PF sem uma visão clara do seu patrimônio, o que agora é modificado com a atual resolução.

É importante compreender que as interações entre os títulos e a taxa de juros ficam mais complexas com a adição de diferentes títulos de Renda Fixa ao portfólio do investidor PF. Devido ao nível crescente de complexidade do portfólio é provável que o investidor PF fique confuso com a direção das oscilações e acabe tomando uma decisão que não é a mais vantajosa no momento. Dentre as opções existentes, há os Fundos de Investimento em Crédito Privado, que sempre foram marcados a mercado. Isso proporcionou o desenvolvimento de diversas estratégias para extrair rentabilidade extra com as oscilações de preço desses títulos.

Grifo Asset: A Grifo Asset Management é uma gestora independente que atua dois braços: Wealth Management, responsável pela gestão patrimonial de grandes fortunas e Asset Management, que opera na gestão de fundos de investimento.

Autor: Victor Ary, CGA é Graduado em Engenharia Civil pela Universidade de Fortaleza (Unifor), já trabalhou como Analista de Private Equity e Analista de Crédito Privado e hoje é Gestor de Portfólio na Grifo Asset. Victor possui certificação de gestores ANBIMA (CGA) e é candidato ao CFA level 2.

Co-Autor: Lucas Ximenes é graduado em Comércio Exterior pela Universidade de Fortaleza (Unifor) e Gerência em Negócios Internacionais pela Technischen Hochschule Deggendorf (THD). Possui experiência com operações de estruturação de processo de M&A, com participação ativa em mais de 8 setores distintos. Além disso, possui experiência com o mercado internacional na área de exportação, em especial, para o mercado europeu e asiático. Atualmente, é Analista de Crédito Privado da Grifo Asset e é candidato ao CFA Level 2.

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