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Aprendi inglês em 7 dias para uma entrevista; e por que não?

O segredo não reside em uma fórmula mágica, nem num método mirabolante. O segredo está em você!

Palavras em inglês: segredo não reside em uma fórmula mágica, nem num método mirabolante (mrPliskin/iStockphoto)
Paulo Camargo

CEO da Zamp

Publicado em 19 de dezembro de 2023 às 17h38.

Última atualização em 22 de dezembro de 2023 às 07h32.

Em 1993 tive minha primeira entrevista de emprego decisiva numa grande empresa. Girei a maçaneta dourada, empurrei a porta imponente da sala do CEO de uma das Divisões da Pepsico e me via diante de uma figura impecavelmente trajada, cabelos perfeitamente alinhados, roupas e acessórios que me fizeram lembrar o icônico personagem Gordon Gekko, interpretado por Michael Douglas no filme Wall Street.

Do outro lado da mesa, tentando parecer um jovem inteligente, na prática, eu dissimulava o quanto estava amedrontado diante do maior desafio da minha vida. A entrevista seguia bem, até que “Mr Grekko” disparou: How is your English? Sem inglês fluente, o treinamento nos Estados Unidos era impossível, justificando o tempo perdido para ambos.

Para alguém com apenas o inglês da escola pública e que não ia muito além daqueles livrinhos de inglês para viajantes, a pergunta foi como um torpedo prestes a aniquilar meu sonho. Contudo, ao invés disso, deu origem à história de um executivo que ficou “famoso por aprender inglês em sete dias”.

Determinado a conseguir a vaga, decidi arriscar: “Prometo estar preparado em uma semana. Vamos agendar uma nova entrevista que o senhor verá”. Não sei se por compaixão, ou porque achou que eu nunca mais voltaria, ele respondeu “Deal!”. Na hora eu não sabia bem o significado, mas imediatamente agendei a segunda entrevista com o CEO para sete dias depois.

Sai dali martelando onde eu poderia achar alguém para dedicar 14 horas diárias durante os próximos 7 dias, me ensinando inglês para a entrevista. Após várias tentativas e negativas, encontrei um professor arrojado e corajoso o suficiente para encarar o desafio. Foi uma jornada insana de aulas e audição de fitas cassetes (o auge da tecnologia de áudio há 30 anos).  O português estava temporariamente banido, incluindo as músicas.  Felizmente, o grande hit daquele ano foi “I Will Always Love You”, tema do filme Guarda-Costas, com Whitney Houston, que eu e minha namorada, agora esposa, amávamos.

Dentro do prazo, retornei para a segunda chance na entrevista. O que deveria ser uma conversa breve se estendeu por uma hora e meia. Para cada pergunta, eu tinha uma resposta completa e ainda engatava uma nova história para demonstrar fluência e fazer o tempo correr. Lembro bem do CEO atônito, diante do que ele devia estar considerando um milagre.  Obviamente, o que mais o impressionou – decisivo para minha contratação - não foi o nível de inglês adquirido em tempo recorde, mas minha atitude demonstrada diante do desafio que a vida me apresentava.

Assim, após um rigoroso processo seletivo, troquei a farda de 1º Tenente do Exército brasileiro pelo traje de executivo, integrando o seleto grupo de jovens selecionados para o programa de trainee da empresa em Phoenix, no Arizona. O feedback que recebi ao final foi o melhor possível. Ter estudado Intendência, equivalente a Administração, no Exército, certamente contribuiu para meu desempenho elogiado pelos responsáveis pelo programa.

Em Phoenix, além de começar a desenvolver habilidades essenciais na gestão de negócios, tive a oportunidade de aprimorar o inglês aprendido naqueles intensos sete dias. A pronúncia correta do “ED” em palavras como mashED potatoes ou backED beans – era meu principal desafio (e de muitos brasileiros), mas fui melhorando graças às brincadeiras dos colegas pela forma acentuada que saia da minha boca.

Aproveito este último artigo de 2023 para compartilhar isso, pois nesta época é comum fazermos planos ou promessas para o ano novo. Algumas resoluções são clássicas, como adotar uma alimentação mais saudável, praticar exercícios físicos com regularidade, dedicar mais tempo à família e amigos, aprimorar conhecimentos, desenvolver novas habilidades ou aprender inglês – uma meta popular nas listas de resoluções de ano novo.

Se este for seu caso, provavelmente você vai deparar com anúncios prometendo facilidades incríveis, fórmulas mágicas de ensino e quem sabe cursos de sete dias. Antes de 1993, eu não acreditava que alguém poderia aprender algo tão transformador num período tão curto. Minha experiência mostrou que isso é possível, mas o segredo não está em nenhuma metodologia revolucionária ou professor genial. O segredo está em cada um de nós, nas nossas atitudes para superar situações desafiadoras, agarrar as oportunidades com determinação, ousar mesmo quando tudo parece impossível. Isso fez a diferença na minha trajetória, como executivo, de trainee a CEO, e pode fazer a diferença na sua via pessoal e profissional. Enjoy!

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Em 1993 tive minha primeira entrevista de emprego decisiva numa grande empresa. Girei a maçaneta dourada, empurrei a porta imponente da sala do CEO de uma das Divisões da Pepsico e me via diante de uma figura impecavelmente trajada, cabelos perfeitamente alinhados, roupas e acessórios que me fizeram lembrar o icônico personagem Gordon Gekko, interpretado por Michael Douglas no filme Wall Street.

Do outro lado da mesa, tentando parecer um jovem inteligente, na prática, eu dissimulava o quanto estava amedrontado diante do maior desafio da minha vida. A entrevista seguia bem, até que “Mr Grekko” disparou: How is your English? Sem inglês fluente, o treinamento nos Estados Unidos era impossível, justificando o tempo perdido para ambos.

Para alguém com apenas o inglês da escola pública e que não ia muito além daqueles livrinhos de inglês para viajantes, a pergunta foi como um torpedo prestes a aniquilar meu sonho. Contudo, ao invés disso, deu origem à história de um executivo que ficou “famoso por aprender inglês em sete dias”.

Determinado a conseguir a vaga, decidi arriscar: “Prometo estar preparado em uma semana. Vamos agendar uma nova entrevista que o senhor verá”. Não sei se por compaixão, ou porque achou que eu nunca mais voltaria, ele respondeu “Deal!”. Na hora eu não sabia bem o significado, mas imediatamente agendei a segunda entrevista com o CEO para sete dias depois.

Sai dali martelando onde eu poderia achar alguém para dedicar 14 horas diárias durante os próximos 7 dias, me ensinando inglês para a entrevista. Após várias tentativas e negativas, encontrei um professor arrojado e corajoso o suficiente para encarar o desafio. Foi uma jornada insana de aulas e audição de fitas cassetes (o auge da tecnologia de áudio há 30 anos).  O português estava temporariamente banido, incluindo as músicas.  Felizmente, o grande hit daquele ano foi “I Will Always Love You”, tema do filme Guarda-Costas, com Whitney Houston, que eu e minha namorada, agora esposa, amávamos.

Dentro do prazo, retornei para a segunda chance na entrevista. O que deveria ser uma conversa breve se estendeu por uma hora e meia. Para cada pergunta, eu tinha uma resposta completa e ainda engatava uma nova história para demonstrar fluência e fazer o tempo correr. Lembro bem do CEO atônito, diante do que ele devia estar considerando um milagre.  Obviamente, o que mais o impressionou – decisivo para minha contratação - não foi o nível de inglês adquirido em tempo recorde, mas minha atitude demonstrada diante do desafio que a vida me apresentava.

Assim, após um rigoroso processo seletivo, troquei a farda de 1º Tenente do Exército brasileiro pelo traje de executivo, integrando o seleto grupo de jovens selecionados para o programa de trainee da empresa em Phoenix, no Arizona. O feedback que recebi ao final foi o melhor possível. Ter estudado Intendência, equivalente a Administração, no Exército, certamente contribuiu para meu desempenho elogiado pelos responsáveis pelo programa.

Em Phoenix, além de começar a desenvolver habilidades essenciais na gestão de negócios, tive a oportunidade de aprimorar o inglês aprendido naqueles intensos sete dias. A pronúncia correta do “ED” em palavras como mashED potatoes ou backED beans – era meu principal desafio (e de muitos brasileiros), mas fui melhorando graças às brincadeiras dos colegas pela forma acentuada que saia da minha boca.

Aproveito este último artigo de 2023 para compartilhar isso, pois nesta época é comum fazermos planos ou promessas para o ano novo. Algumas resoluções são clássicas, como adotar uma alimentação mais saudável, praticar exercícios físicos com regularidade, dedicar mais tempo à família e amigos, aprimorar conhecimentos, desenvolver novas habilidades ou aprender inglês – uma meta popular nas listas de resoluções de ano novo.

Se este for seu caso, provavelmente você vai deparar com anúncios prometendo facilidades incríveis, fórmulas mágicas de ensino e quem sabe cursos de sete dias. Antes de 1993, eu não acreditava que alguém poderia aprender algo tão transformador num período tão curto. Minha experiência mostrou que isso é possível, mas o segredo não está em nenhuma metodologia revolucionária ou professor genial. O segredo está em cada um de nós, nas nossas atitudes para superar situações desafiadoras, agarrar as oportunidades com determinação, ousar mesmo quando tudo parece impossível. Isso fez a diferença na minha trajetória, como executivo, de trainee a CEO, e pode fazer a diferença na sua via pessoal e profissional. Enjoy!

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