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Você sabe quem é o suplente de seu candidato a senador?

Os eleitores precisam estar atentos. Não estão elegendo apenas um nome ao Senado, mas uma chapa

Márcio França (Fernanda Luz/Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 15 de agosto de 2022 às 11h24.

Aluizio Falcão Filho

Muitas vezes, uma tragédia ceifa a vida de determinados políticos – e, nessas horas, entra em campo a figura do suplente, geralmente um político obscuro, um parente ou um grande financiador de campanha. Mas, às vezes, a troca de um titular por um reserva pode se dar por motivos exclusivamente políticos – a nomeação para um secretariado ou ministério, ou a decisão de buscar um novo cargo dentro da administração púbica.

Tomemos o caso da corrida pelo Senado em São Paulo. A última pesquisa Quaest mostra que o ex-governador Márcio França (PSB) lidera o estudo com 29% das intenções de voto. Em seguida, vem o ex-ministro Marcos Pontes (PL), com 12%, e a deputada estadual Janaína Paschoal (PRTB), com 10%.

Faço um desafio aqui: alguém tem a ideia de quem são os suplentes dos candidatos?

A resposta, com certeza, é não. Só que, das três vagas da Câmara Alta que o estado de São Paulo tem direito, duas foram ocupados de forma definitiva ou passageira pelos suplentes nos últimos anos.

Começando pelo degrau mais baixo do pódio: a deputada Janaína Paschoal, embora nova no jogo político, fez uma escolha tradicional – nomeou seus irmãos como suplentes. A primeira substituta é Nohara Paschoal, advogada como a deputada. Qual a razão deste movimento? Segundo a deputada, o motivo é simples: os irmãos não desejariam sua morte para assumir um cargo público.

Sobre o ex-ministro e astronauta Marcos Pontes. Imagina-se que Pontes atraia um tipo de eleitor ligado às ciências, dada a sua experiência curricular no Cosmos. Mas o que se observa na prática é o contrário: seu suplente será um pastor ligado à Assembleia de Deus, chamado professor Alberto.

Por fim, chegamos ao líder das pesquisas, o ex-governador Márcio França (imagem). Apesar de estar abrigado em uma sigla socialista, França tem um eleitorado mais amplo, especialmente porque foi uma das primeiras vozes a antagonizar com o ex-governador João Doria. Quem é seu substituto? O presidente do PSOL, Juliano Medeiros. Abaixo, algumas frases ditas por Medeiros em uma entrevista à revista Fórum, alguns anos atrás:

Não é a primeira vez que uma aliança comandada pelo PT busca colocar um político mais radical na suplência de um candidato a senador. A mesma coisa ocorreu em 2018, quando o vereador Eduardo Suplicy tentou a Câmara Alta e teve o sindicalista Chicão, do PC do B, como regra três.

Os eleitores precisam estar atentos. Não estão elegendo apenas um nome ao Senado, mas uma chapa. O falecido Major Olímpio, por exemplo, teve mais de 9 milhões de votos. Seus eleitores provavelmente nunca ouviram falar de Alexandre Luiz Giordano (aliás, esse nome provoca alguma lembrança?). Mas, com a morte de Olímpio, é ele quem vai exercer o mandato de senador por São Paulo até 31 de janeiro de 2027.

O ideal seria existir uma coerência na escolha de eventuais substitutos. Pessoas que pudessem carregar um perfil semelhante ao do candidato titular e que tivessem condições de honrar o voto inicial. Infelizmente, os critérios de escolha para os suplentes são outros e seguem um roteiro de toma-lá-dá-cá que ultrapassa partidos e cargos.

Se quisermos ser um país evoluído politicamente, precisamos repensar esse método e encontrar fórmulas mais justas de suplência.

O caso do Senado chama atenção, pois está teoricamente mais sujeito a mudanças de cadeiras mesmo sem eleições. Nesta legislatura, por exemplo, sete senadores já perderam seus mandatos, por renúncias, falecimentos ou cassações. Mas são diversos os motivos que fazem os substitutos entrarem em campo. Foram 31 os suplentes que assumiram temporariamente seus cargos desde 2018 ( https://www25.senado.leg.br/web/senadores/fora-de-exercicio/-/f/por-nome ). Isso representa 38 % do total de senadores. Um número muito alto para ocorrer em um dos expoentes do Poder Legislativo.

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Muitas vezes, uma tragédia ceifa a vida de determinados políticos – e, nessas horas, entra em campo a figura do suplente, geralmente um político obscuro, um parente ou um grande financiador de campanha. Mas, às vezes, a troca de um titular por um reserva pode se dar por motivos exclusivamente políticos – a nomeação para um secretariado ou ministério, ou a decisão de buscar um novo cargo dentro da administração púbica.

Tomemos o caso da corrida pelo Senado em São Paulo. A última pesquisa Quaest mostra que o ex-governador Márcio França (PSB) lidera o estudo com 29% das intenções de voto. Em seguida, vem o ex-ministro Marcos Pontes (PL), com 12%, e a deputada estadual Janaína Paschoal (PRTB), com 10%.

Faço um desafio aqui: alguém tem a ideia de quem são os suplentes dos candidatos?

A resposta, com certeza, é não. Só que, das três vagas da Câmara Alta que o estado de São Paulo tem direito, duas foram ocupados de forma definitiva ou passageira pelos suplentes nos últimos anos.

Começando pelo degrau mais baixo do pódio: a deputada Janaína Paschoal, embora nova no jogo político, fez uma escolha tradicional – nomeou seus irmãos como suplentes. A primeira substituta é Nohara Paschoal, advogada como a deputada. Qual a razão deste movimento? Segundo a deputada, o motivo é simples: os irmãos não desejariam sua morte para assumir um cargo público.

Sobre o ex-ministro e astronauta Marcos Pontes. Imagina-se que Pontes atraia um tipo de eleitor ligado às ciências, dada a sua experiência curricular no Cosmos. Mas o que se observa na prática é o contrário: seu suplente será um pastor ligado à Assembleia de Deus, chamado professor Alberto.

Por fim, chegamos ao líder das pesquisas, o ex-governador Márcio França (imagem). Apesar de estar abrigado em uma sigla socialista, França tem um eleitorado mais amplo, especialmente porque foi uma das primeiras vozes a antagonizar com o ex-governador João Doria. Quem é seu substituto? O presidente do PSOL, Juliano Medeiros. Abaixo, algumas frases ditas por Medeiros em uma entrevista à revista Fórum, alguns anos atrás:

Não é a primeira vez que uma aliança comandada pelo PT busca colocar um político mais radical na suplência de um candidato a senador. A mesma coisa ocorreu em 2018, quando o vereador Eduardo Suplicy tentou a Câmara Alta e teve o sindicalista Chicão, do PC do B, como regra três.

Os eleitores precisam estar atentos. Não estão elegendo apenas um nome ao Senado, mas uma chapa. O falecido Major Olímpio, por exemplo, teve mais de 9 milhões de votos. Seus eleitores provavelmente nunca ouviram falar de Alexandre Luiz Giordano (aliás, esse nome provoca alguma lembrança?). Mas, com a morte de Olímpio, é ele quem vai exercer o mandato de senador por São Paulo até 31 de janeiro de 2027.

O ideal seria existir uma coerência na escolha de eventuais substitutos. Pessoas que pudessem carregar um perfil semelhante ao do candidato titular e que tivessem condições de honrar o voto inicial. Infelizmente, os critérios de escolha para os suplentes são outros e seguem um roteiro de toma-lá-dá-cá que ultrapassa partidos e cargos.

Se quisermos ser um país evoluído politicamente, precisamos repensar esse método e encontrar fórmulas mais justas de suplência.

O caso do Senado chama atenção, pois está teoricamente mais sujeito a mudanças de cadeiras mesmo sem eleições. Nesta legislatura, por exemplo, sete senadores já perderam seus mandatos, por renúncias, falecimentos ou cassações. Mas são diversos os motivos que fazem os substitutos entrarem em campo. Foram 31 os suplentes que assumiram temporariamente seus cargos desde 2018 ( https://www25.senado.leg.br/web/senadores/fora-de-exercicio/-/f/por-nome ). Isso representa 38 % do total de senadores. Um número muito alto para ocorrer em um dos expoentes do Poder Legislativo.

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