Sobre os empresários aloprados que pregam a ditadura
Embora o grupo tenha nomes importantes entre seus integrantes, isso não quer dizer que a maioria dos empresários deseje a implementação de uma ditadura
Da Redação
Publicado em 19 de agosto de 2022 às 11h25.
Aluizio Falcão Filho
Em um grupo de WhatsApp ao qual o jornalista Guilherme Amado teve acesso, alguns empresários postaram mensagens apoiando um eventual golpe de Estado caso o PT vença as eleições presidenciais. Imediatamente, surgiram pelas redes sociais comentários de todo o empresariado estaria ao lado de uma ruptura democrática.
Embora esse grupo tenha nomes importantes entre seus integrantes, isso não quer dizer que a maioria dos empresários naquele universo ou em geral deseje a implementação de uma ditadura para evitar um governo de esquerda, como o que houve entre 2003 e 2015.
Vamos lembrar, antes de mais nada, que – dependendo da pesquisa – existem de 6 % a 9 % de brasileiros que são favoráveis à instalação de uma ditadura no país. Muito provavelmente, esses empresários que preferem o regime de exceção a Lula estão incluídos nessa estatística. Não é a primeira vez que isso ocorre. Muitos homens de negócios apoiaram ditaduras no passado.
A grande diferença é que, hoje, estamos diante de um cenário democrático e totalmente polarizado. Além disso, os dois candidatos que lideram as pesquisas têm um lado B de enorme relevância. Muitos empresários, diante dessas opções políticas, afirmam preferir a democracia, independente do nome que será escolhido na cabine eleitoral.
Conspirar para que se instale um regime de exceção no país é perigoso. Nos anos 1960, vimos vários políticos, empresários e jornalistas – que apoiaram inicialmente o movimento de 1964 – descerem do barco rapidamente. Os entusiastas do governo militar, por sinal, adoram distribuir nas redes sociais a capa de uma revista Manchete com o governador Carlos Lacerda, exaltando o novo governo. Menos de dois anos depois, esse mesmo Lacerda romperia com os militares, pois percebera que os fardados não retornariam o poder tão cedo aos civis. E, de fato, o último dos militares, o general João Figueiredo (imagem), só sairia do Planalto em 15 de março de 1985, sem passar a faixa ao civil que o sucedera ( o vice José Sarney assumiu, pois o presidente eleito, Tancredo Neves, estava internado e viria a falecer em 21 de abril).
Ditadura (ou intervenção militar) é algo que sabemos como começa. Mas ninguém pode adivinhar como termina, quanto tempo vai durar ou quanto sangue será derramado entre governistas e oposicionistas. É por isso que, apesar de todos os defeitos, nada substitui o Estado Democrático de Direito, no qual as instituições sobrevivem a tudo – mesmo que seja a liderança de pessoas fracas ou despreparadas para os cargos que ocupam.
Aluizio Falcão Filho
Em um grupo de WhatsApp ao qual o jornalista Guilherme Amado teve acesso, alguns empresários postaram mensagens apoiando um eventual golpe de Estado caso o PT vença as eleições presidenciais. Imediatamente, surgiram pelas redes sociais comentários de todo o empresariado estaria ao lado de uma ruptura democrática.
Embora esse grupo tenha nomes importantes entre seus integrantes, isso não quer dizer que a maioria dos empresários naquele universo ou em geral deseje a implementação de uma ditadura para evitar um governo de esquerda, como o que houve entre 2003 e 2015.
Vamos lembrar, antes de mais nada, que – dependendo da pesquisa – existem de 6 % a 9 % de brasileiros que são favoráveis à instalação de uma ditadura no país. Muito provavelmente, esses empresários que preferem o regime de exceção a Lula estão incluídos nessa estatística. Não é a primeira vez que isso ocorre. Muitos homens de negócios apoiaram ditaduras no passado.
A grande diferença é que, hoje, estamos diante de um cenário democrático e totalmente polarizado. Além disso, os dois candidatos que lideram as pesquisas têm um lado B de enorme relevância. Muitos empresários, diante dessas opções políticas, afirmam preferir a democracia, independente do nome que será escolhido na cabine eleitoral.
Conspirar para que se instale um regime de exceção no país é perigoso. Nos anos 1960, vimos vários políticos, empresários e jornalistas – que apoiaram inicialmente o movimento de 1964 – descerem do barco rapidamente. Os entusiastas do governo militar, por sinal, adoram distribuir nas redes sociais a capa de uma revista Manchete com o governador Carlos Lacerda, exaltando o novo governo. Menos de dois anos depois, esse mesmo Lacerda romperia com os militares, pois percebera que os fardados não retornariam o poder tão cedo aos civis. E, de fato, o último dos militares, o general João Figueiredo (imagem), só sairia do Planalto em 15 de março de 1985, sem passar a faixa ao civil que o sucedera ( o vice José Sarney assumiu, pois o presidente eleito, Tancredo Neves, estava internado e viria a falecer em 21 de abril).
Ditadura (ou intervenção militar) é algo que sabemos como começa. Mas ninguém pode adivinhar como termina, quanto tempo vai durar ou quanto sangue será derramado entre governistas e oposicionistas. É por isso que, apesar de todos os defeitos, nada substitui o Estado Democrático de Direito, no qual as instituições sobrevivem a tudo – mesmo que seja a liderança de pessoas fracas ou despreparadas para os cargos que ocupam.