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O anticlímax dos tucanos

Apesar dos sorrisos estampados nas fotografias oficiais, há uma cizânia forte no partido. Ela se manterá após o resultado final? Muitos apostam que sim

Eduardo Leite e João Doria rivalizam a preferência do PSDB (Divulgação/Divulgação)
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Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2021 às 12h13.

Aluizio Falcão Filho

Um problema tecnológico no aplicativo de votação do PSDB trouxe frustração e desânimo a quem achava que o final de semana iria terminar com o resultado das prévias do partido. Dessa forma, ficaremos mais alguns dias sem saber qual será o candidato dos tucanos à presidência, se João Doria ou Eduardo Leite .

Os dois, mais uma vez, ficaram em posições opostas no que diz respeito às regras que devem ser utilizadas para retomada da votação, que talvez ocorra no próximo final de semana. No evento que marcou essas eleições internas, houve cordialidade aparente entre os candidatos. Mas, apesar dos sorrisos estampados nas fotografias oficiais, há uma cizânia forte no partido. Ela se manterá após o resultado final? Muitos apostam que sim.

Além do problema técnico, houve um incidente constrangedor no meio da tarde de ontem. O presidente da executiva estadual do Acre, Pedro Correia, quis impedir a deputada Mara Rocha de votar. A explicação? A parlamentar está de saída do partido e é apoiadora do governo. Indignada, ela começou a gritar: “Eu tenho mensagens aqui. Se não me deixarem votar, eu vou dizer quem me ofereceu dinheiro para votar no Doria. Eu vou votar senão eu vou jogar m… no ventilador”, ameaçou. “Estou saindo desse partido e vou para o PL porque eu sou Bolsonaro”.

Este tipo de atitude é lamentável. A deputada, apoiadora de Eduardo Leite enquanto ainda é tucana, foi intimada pelos jornalistas presentes a fazer uma denúncia. Recusou-se, deixando uma acusação sem provas no ar. Como dizem os mais jovens, apenas quis “causar”.

As dificuldades técnicas e as acusações trocadas entre os principais candidatos apenas reforçam a tese de quem achava muito cedo a data de novembro de 2021 para a realização das prévias do PSDB.

Pergunta-se: o que o partido ganha ao tentar definir tão cedo uma candidatura?

Há uma corrente entre os tucanos que preferiria deixar essa decisão para após o Carnaval. Com maior proximidade da campanha, os eleitores do partido teriam melhores condições para escolher quem pudesse melhor enfrentar Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, os líderes das pesquisas de opinião.

Esse prazo extra também seria bem-vindo para que houvesse a possibilidade de uma avaliação mais profunda sobre se o PSDB deveria ou não ter uma candidatura própria ou se deveria apoiar outro candidato. Como se sabe, tanto Eduardo Leite como João Doria não têm um grande percentual de intenção de voto. Talvez fosse o caso de esperar para ver como se comportam os demais postulantes à presidência antes de tomar uma decisão definitiva.

Qualquer que seja o resultado, porém, será a primeira eleição na qual os tucanos terão um nome novo, que não pertence à panela de quem está no partido desde os seus primórdios. Essa tradição, que teve início com Mario Covas, foi seguida por Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Geraldo Alckmin e Aécio Neves. Doria e Leite entraram para o PSDB em 2001.

Nem Doria nem Leite comungam com a ideologia inicial do partido, que pretendia ser uma versão nacional da social-democracia europeia. Mas, convenhamos, o ex-governador Alckmin também não pode ser considerado um discípulo dos ex-primeiros-ministros Willy Brandt, da Alemanha, ou de François Mitterrand, da França.

De qualquer modo, será a primeira vez que a agremiação terá um candidato que estimula a iniciativa privada e não tem muitos laços com políticos de esquerda. Trata-se de uma renovação que incomoda muitos filiados. Eles preferiam um nome mais ligado ao passado ideológico da sigla. Mas essa possibilidade, hoje, é inexistente.

O PSDB deve enfrentar mais uma eleição difícil. Em primeiro lugar, vai penar para conseguir recuperar a união dos militantes – se é que vai conseguir. Depois, terá de trabalhar duro (não importa quem vença os pleitos internos) para reduzir a rejeição que se abate junto aos nomes que estão na disputa pela indicação.

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Os dois, mais uma vez, ficaram em posições opostas no que diz respeito às regras que devem ser utilizadas para retomada da votação, que talvez ocorra no próximo final de semana. No evento que marcou essas eleições internas, houve cordialidade aparente entre os candidatos. Mas, apesar dos sorrisos estampados nas fotografias oficiais, há uma cizânia forte no partido. Ela se manterá após o resultado final? Muitos apostam que sim.

Além do problema técnico, houve um incidente constrangedor no meio da tarde de ontem. O presidente da executiva estadual do Acre, Pedro Correia, quis impedir a deputada Mara Rocha de votar. A explicação? A parlamentar está de saída do partido e é apoiadora do governo. Indignada, ela começou a gritar: “Eu tenho mensagens aqui. Se não me deixarem votar, eu vou dizer quem me ofereceu dinheiro para votar no Doria. Eu vou votar senão eu vou jogar m… no ventilador”, ameaçou. “Estou saindo desse partido e vou para o PL porque eu sou Bolsonaro”.

Este tipo de atitude é lamentável. A deputada, apoiadora de Eduardo Leite enquanto ainda é tucana, foi intimada pelos jornalistas presentes a fazer uma denúncia. Recusou-se, deixando uma acusação sem provas no ar. Como dizem os mais jovens, apenas quis “causar”.

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Pergunta-se: o que o partido ganha ao tentar definir tão cedo uma candidatura?

Há uma corrente entre os tucanos que preferiria deixar essa decisão para após o Carnaval. Com maior proximidade da campanha, os eleitores do partido teriam melhores condições para escolher quem pudesse melhor enfrentar Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, os líderes das pesquisas de opinião.

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Qualquer que seja o resultado, porém, será a primeira eleição na qual os tucanos terão um nome novo, que não pertence à panela de quem está no partido desde os seus primórdios. Essa tradição, que teve início com Mario Covas, foi seguida por Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Geraldo Alckmin e Aécio Neves. Doria e Leite entraram para o PSDB em 2001.

Nem Doria nem Leite comungam com a ideologia inicial do partido, que pretendia ser uma versão nacional da social-democracia europeia. Mas, convenhamos, o ex-governador Alckmin também não pode ser considerado um discípulo dos ex-primeiros-ministros Willy Brandt, da Alemanha, ou de François Mitterrand, da França.

De qualquer modo, será a primeira vez que a agremiação terá um candidato que estimula a iniciativa privada e não tem muitos laços com políticos de esquerda. Trata-se de uma renovação que incomoda muitos filiados. Eles preferiam um nome mais ligado ao passado ideológico da sigla. Mas essa possibilidade, hoje, é inexistente.

O PSDB deve enfrentar mais uma eleição difícil. Em primeiro lugar, vai penar para conseguir recuperar a união dos militantes – se é que vai conseguir. Depois, terá de trabalhar duro (não importa quem vença os pleitos internos) para reduzir a rejeição que se abate junto aos nomes que estão na disputa pela indicação.

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