Diário de NY: André Esteves, Arthur Lira, Paul Polman e Mansueto Almeida
A Brazilian Week desta terça começou com o café do BTG Pactual, que reuniu mais de 300 empresários, executivos e profissionais do mercado financeiro
Da Redação
Publicado em 11 de maio de 2022 às 14h50.
A Brazilian Week desta terça-feira começou com o café da manhã do BTG Pactual, que reuniu mais de 300 empresários, executivos e profissionais do mercado financeiro. O evento contou com o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (imagem), e apresentou um bate-papo entre o presidente do Conselho do Banco, André Esteves, e Mansueto de Almeida, economista-chefe da instituição financeira.
Lira fez o que se esperava dele: traçou um panorama otimista de forma sóbria e tentou manter uma certa independência do governo federal – algo que só existe no discurso; a prática, porém, é outra. Alguns highlights do discurso de Lira:
+ “O centro tem feito a moderação que evita os extremos; lutamos para que os poderes se auto-contenham”.
+ “Precisamos de um país sem paixões políticas”.
+ “Não existe esse eufemismo de que uma urna funciona e outra não. Eu fui eleito seis vezes nesse sistema e ele é confiável”
+ “Votamos matérias que vão gerar oportunidades de investimentos superiores a R$ 800 bilhões”.
+ “O Brasil continuará um país de centro direita, independente do resultado das eleições presidenciais; teremos cerca de 300 parlamentares alinhados com essa corrente”.
+ “Defendo a mudança no sistema de governo. Na prática, a Constituição é parlamentarista. Em um país como o nosso, em que o presidente preços de 70 milhões de votos, fica difícil votar matérias difíceis. Assim, o presidente escolheria o primeiro-ministro, que lidaria com essas questões. Mas vejo essa mudança apenas para 2030, isento de parcialidade”.
+ “Se o presidente coopta parlamentares é toma-lá-dá-cá; se não faz isso, o presidente é fraco”.
A conversa de Mansueto com Esteves foi descontraída e marcada pelo otimismo. O ex-secretário do Tesouro reforçou que o Brasil deve terminar o ano de 2022 com superávit primário, o que pode ser bom para a condução da economia e o combate à inflação. Esteves exaltou o empreendedorismo nacional e a excelência administrativa das empresas privadas. Para exemplificar essa situação, citou alguns dos presentes – incluindo Luiza Helena Trajano, que estava presente, e Stéphane Engelhard, do Carrefour. Mansueto afirmou que não importa quem será eleito em 2022. “O esforço fiscal continuará, não importa quem seja eleito”.
Luiza Helena, que estava na plateia, deu um show à parte. Fez várias observações, arrancando risadas do público, mas também soube falar sério: cobrou rapidez nas reformas necessárias para a modernização do país, em recado endereçado a Lira. O resultado? Recebeu uma salva de palmas dos presentes.
Ela também esteve presente no evento realizado à tarde no edifício-sede da Organização das Nações Unidas, uma parceria entre a iniciativa Aya (uma sociedade entre Patrícia Ellen e Alex Allard) e MR. Luiza sugeriu a MONEY REPORT que apoiasse o Grupo Mulheres do Brasil em suas iniciativas para discutir questões ligadas à agenda ESG – convite aceito imediatamente. No primeiro painel, Paul Polman, ex-CEO da Unilever, resumiu a relação atual das empresas em relação à temática ambientalista: “O custo de não fazer alguma coisa nas empresas é maior do que fazer alguma coisa”. Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, foi além: “As empresas brasileiras precisam colocar as questões relativas ao ESG em seu core business”.
Somente assim é que teremos uma quebra de paradigmas ou de conceitos dentro das companhias – e, dessa forma, talvez possamos encontrar o melhor caminho para reduzir a distância que existem entre os nossos empresários e os da Europa e Estados Unidos. Pelo menos nos tópicos relativos ao universo ambiental.
Diário de NY: previsões no Bank of America e Luiza Helena homenageada
A chamada Brazilian Week começou agitada ontem. Logo cedo, o Banco Alfa e a Fundação Dom Cabral receberam um grupo de empresários no restaurante Fasano para apresentar a iniciativa Imagine Brasil. No discurso de abertura, Antonio Batista, CEO da FDC, foi direto ao ponto: “Está na hora de sermos éticos com as próximas gerações”. Este é uma questão importantíssima. O Brasil precisa parar de pensar em seu futuro de quatro em quatro anos e necessita de projetos que imaginem uma nação melhor para os nossos filhos e netos sem egoísmo ou interesses eleitorais.
No fundo, nossas percepções sobre o futuro do Brasil são regidas pelas eleições presidenciais – e isso precisa acabar. Por outro lado, os pleitos federais abrem as perspectivas dos caminhos que nosso país pode seguir no próximo quadriênio. Portanto, é um tema importantíssimo, que precisa ser debatido constantemente.
Assim, na hora do almoço, o Bank of America reuniu cerca de 100 empresários e executivos para ouvir as previsões de Christopher Garman, da Eurasia, sobre as próximas eleições. De cara, Garman afirmou que a Terceira Via não tem chances de emplacar dentro de uma sociedade polarizada. Esse comportamento, que já se observou em 2018, é uma tendência que deve prevalecer durante muito tempo no país.
Garman disse que, no Brasil de hoje, temas como emprego e renda são muito importantes. Além disso, a preocupação com a corrupção reinante no país caiu. A soma desses dois fatores parece favorecer Luiz Inácio Lula da Silva. Para a Eurasia, inclusive, Lula tem 70% de chances de ganhar (uma estimativa que Garman admite ser mais alta que as demais análises disponíveis no mercado).
Isso, porém, não quer dizer que a fatura está ganha para o PT.A recuperação da aprovação do presidente Jair Bolsonaro mostra que ainda há chances para o lado conservador. Se a aprovação de Bolsonaro ultrapassar a marca de 40 %, haverá chances concretas de reeleição. Para Garman, a vantagem de Lula nas projeções de segundo turno deve cair para 6 a 8 pontos percentuais. Neste cenário, por conta das variadas metodologias que reinam hoje nas pesquisas eleitorais, será muito provável que Bolsonaro apareça na frente daqui em diante em determinados estudos.
Quem quer que seja o vencedor, Lula ou Bolsonaro, as chances de o novo governo formar uma maioria são enormes – isso porque o Centrão, que hoje está com o presidente, pode aderir ao PT, caso os lulistas ganhem a eleição.
Mesmo assim, a oposição que emergirá de 2022 será diferente da atual. Caso Bolsonaro vença, o PT deve ampliar sua base de deputados e isso deve trazer dificuldades para a situação no Congresso. Se Lula for o vencedor, no entanto, os bolsonaristas surgirão como a maior força de oposição e vão azucrinar o governo.
Dessa forma, dificilmente os maiores partidos do Centrão, como o PL, vão entregar a bancada inteira ao vencedor do Executivo.
Qual é o maior problema hoje do cenário político. Segundo Garman, é que “cada lado se sente vítima do outro”. Neste cenário, a agressividade irá pautar os debates políticos e o entendimento ficará cada vez mais longe.
O dia encerrou-se com o Gala Dinner no qual Luiza Helena foi homenageada pela Brazilian-American Chamber. Luiza resolveu não fazer seus speech de improviso – e leu algumas laudas. No meio do discurso, soltou uma de suas pérolas favoritas: “Quem te irrita te domina”. Luiza pediu trégua para quem toca fogo no parquinho: “Queria convidar vocês a parar de dar opinião sobre o Brasil e dividir o país”, disse. “O que importa é o projeto pelo Brasil”.
A Brazilian Week desta terça-feira começou com o café da manhã do BTG Pactual, que reuniu mais de 300 empresários, executivos e profissionais do mercado financeiro. O evento contou com o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (imagem), e apresentou um bate-papo entre o presidente do Conselho do Banco, André Esteves, e Mansueto de Almeida, economista-chefe da instituição financeira.
Lira fez o que se esperava dele: traçou um panorama otimista de forma sóbria e tentou manter uma certa independência do governo federal – algo que só existe no discurso; a prática, porém, é outra. Alguns highlights do discurso de Lira:
+ “O centro tem feito a moderação que evita os extremos; lutamos para que os poderes se auto-contenham”.
+ “Precisamos de um país sem paixões políticas”.
+ “Não existe esse eufemismo de que uma urna funciona e outra não. Eu fui eleito seis vezes nesse sistema e ele é confiável”
+ “Votamos matérias que vão gerar oportunidades de investimentos superiores a R$ 800 bilhões”.
+ “O Brasil continuará um país de centro direita, independente do resultado das eleições presidenciais; teremos cerca de 300 parlamentares alinhados com essa corrente”.
+ “Defendo a mudança no sistema de governo. Na prática, a Constituição é parlamentarista. Em um país como o nosso, em que o presidente preços de 70 milhões de votos, fica difícil votar matérias difíceis. Assim, o presidente escolheria o primeiro-ministro, que lidaria com essas questões. Mas vejo essa mudança apenas para 2030, isento de parcialidade”.
+ “Se o presidente coopta parlamentares é toma-lá-dá-cá; se não faz isso, o presidente é fraco”.
A conversa de Mansueto com Esteves foi descontraída e marcada pelo otimismo. O ex-secretário do Tesouro reforçou que o Brasil deve terminar o ano de 2022 com superávit primário, o que pode ser bom para a condução da economia e o combate à inflação. Esteves exaltou o empreendedorismo nacional e a excelência administrativa das empresas privadas. Para exemplificar essa situação, citou alguns dos presentes – incluindo Luiza Helena Trajano, que estava presente, e Stéphane Engelhard, do Carrefour. Mansueto afirmou que não importa quem será eleito em 2022. “O esforço fiscal continuará, não importa quem seja eleito”.
Luiza Helena, que estava na plateia, deu um show à parte. Fez várias observações, arrancando risadas do público, mas também soube falar sério: cobrou rapidez nas reformas necessárias para a modernização do país, em recado endereçado a Lira. O resultado? Recebeu uma salva de palmas dos presentes.
Ela também esteve presente no evento realizado à tarde no edifício-sede da Organização das Nações Unidas, uma parceria entre a iniciativa Aya (uma sociedade entre Patrícia Ellen e Alex Allard) e MR. Luiza sugeriu a MONEY REPORT que apoiasse o Grupo Mulheres do Brasil em suas iniciativas para discutir questões ligadas à agenda ESG – convite aceito imediatamente. No primeiro painel, Paul Polman, ex-CEO da Unilever, resumiu a relação atual das empresas em relação à temática ambientalista: “O custo de não fazer alguma coisa nas empresas é maior do que fazer alguma coisa”. Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, foi além: “As empresas brasileiras precisam colocar as questões relativas ao ESG em seu core business”.
Somente assim é que teremos uma quebra de paradigmas ou de conceitos dentro das companhias – e, dessa forma, talvez possamos encontrar o melhor caminho para reduzir a distância que existem entre os nossos empresários e os da Europa e Estados Unidos. Pelo menos nos tópicos relativos ao universo ambiental.
Diário de NY: previsões no Bank of America e Luiza Helena homenageada
A chamada Brazilian Week começou agitada ontem. Logo cedo, o Banco Alfa e a Fundação Dom Cabral receberam um grupo de empresários no restaurante Fasano para apresentar a iniciativa Imagine Brasil. No discurso de abertura, Antonio Batista, CEO da FDC, foi direto ao ponto: “Está na hora de sermos éticos com as próximas gerações”. Este é uma questão importantíssima. O Brasil precisa parar de pensar em seu futuro de quatro em quatro anos e necessita de projetos que imaginem uma nação melhor para os nossos filhos e netos sem egoísmo ou interesses eleitorais.
No fundo, nossas percepções sobre o futuro do Brasil são regidas pelas eleições presidenciais – e isso precisa acabar. Por outro lado, os pleitos federais abrem as perspectivas dos caminhos que nosso país pode seguir no próximo quadriênio. Portanto, é um tema importantíssimo, que precisa ser debatido constantemente.
Assim, na hora do almoço, o Bank of America reuniu cerca de 100 empresários e executivos para ouvir as previsões de Christopher Garman, da Eurasia, sobre as próximas eleições. De cara, Garman afirmou que a Terceira Via não tem chances de emplacar dentro de uma sociedade polarizada. Esse comportamento, que já se observou em 2018, é uma tendência que deve prevalecer durante muito tempo no país.
Garman disse que, no Brasil de hoje, temas como emprego e renda são muito importantes. Além disso, a preocupação com a corrupção reinante no país caiu. A soma desses dois fatores parece favorecer Luiz Inácio Lula da Silva. Para a Eurasia, inclusive, Lula tem 70% de chances de ganhar (uma estimativa que Garman admite ser mais alta que as demais análises disponíveis no mercado).
Isso, porém, não quer dizer que a fatura está ganha para o PT.A recuperação da aprovação do presidente Jair Bolsonaro mostra que ainda há chances para o lado conservador. Se a aprovação de Bolsonaro ultrapassar a marca de 40 %, haverá chances concretas de reeleição. Para Garman, a vantagem de Lula nas projeções de segundo turno deve cair para 6 a 8 pontos percentuais. Neste cenário, por conta das variadas metodologias que reinam hoje nas pesquisas eleitorais, será muito provável que Bolsonaro apareça na frente daqui em diante em determinados estudos.
Quem quer que seja o vencedor, Lula ou Bolsonaro, as chances de o novo governo formar uma maioria são enormes – isso porque o Centrão, que hoje está com o presidente, pode aderir ao PT, caso os lulistas ganhem a eleição.
Mesmo assim, a oposição que emergirá de 2022 será diferente da atual. Caso Bolsonaro vença, o PT deve ampliar sua base de deputados e isso deve trazer dificuldades para a situação no Congresso. Se Lula for o vencedor, no entanto, os bolsonaristas surgirão como a maior força de oposição e vão azucrinar o governo.
Dessa forma, dificilmente os maiores partidos do Centrão, como o PL, vão entregar a bancada inteira ao vencedor do Executivo.
Qual é o maior problema hoje do cenário político. Segundo Garman, é que “cada lado se sente vítima do outro”. Neste cenário, a agressividade irá pautar os debates políticos e o entendimento ficará cada vez mais longe.
O dia encerrou-se com o Gala Dinner no qual Luiza Helena foi homenageada pela Brazilian-American Chamber. Luiza resolveu não fazer seus speech de improviso – e leu algumas laudas. No meio do discurso, soltou uma de suas pérolas favoritas: “Quem te irrita te domina”. Luiza pediu trégua para quem toca fogo no parquinho: “Queria convidar vocês a parar de dar opinião sobre o Brasil e dividir o país”, disse. “O que importa é o projeto pelo Brasil”.