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As pesquisas mostram o duro caminho de Bolsonaro nas eleições

Tempo está passando e a popularidade do governo de Jair Bolsonaro continua sem se recuperar na velocidade que o Planalto deseja

Presidente Jair Bolsonaro (Akos Stiller/Bloomberg/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de março de 2022 às 09h01.

Aluizio Falcão Filho

Eleições reservam surpresas e o cenário de hoje pode não ser o de amanhã. Mas o tempo está passando e a popularidade do governo de Jair Bolsonaro continua sem se recuperar na velocidade que o Planalto deseja. A última pesquisa do BTG Pactual mostra que a desaprovação desta gestão continua alta: 53 % dos entrevistados avaliam o governo como ruim e péssimo (44 % escolheram a última categoria), contra 29 % que cravaram ótimo e bom. Nos tradicionais bolsões de apoio ao presidente – região sul e evangélicos – também há desagrado. No Sul, 47 % desaprovam a atual administração; entre os pentecostais, a rejeição vai a 43 %.

O lado bom para o governo: o percentual de aprovação (ótimo e bom) começou a subir e encosta em 30 %. Os estrategistas políticos da Situação esperam combater a avaliação negativa ainda enorme com um pacote de bondades que vai injetar R$ 150 bilhões na economia e agradar o eleitorado. A esperança dos governistas também está ancorada no programa social Auxílio Brasil. O problema, neste último caso, é que 82 % dos eleitores não recebem nenhum tipo de assistência social do governo ou mora com quem recebe (9 % recebem e 9 % residem com um beneficiado).

Outro desafio para Bolsonaro: 61 % dos entrevistados desaprovam a forma pela qual o presidente está governando o país. Esse índice, no entanto, pode sofrer alguma redução ao longo do ano, pois o governo se dedicará a reverter esse quadro com ações eleitoreiras e medidas para retomar a economia.

A agrura atual de Bolsonaro é o preço da gasolina, que turbina os índices inflacionários. Na pesquisa, percebe-se que o fator político interfere claramente no julgamento dos eleitores sobre esse tema. O estudo mostra que 35 % dos eleitores que avaliam positivamente o governo acreditam que a alta da gasolina seja provocada pelos “governadores, por causa dos impostos estaduais” (apenas 5 % creditam a responsabilidade deste cenário ao Planalto). Já entre aqueles consideram a gestão atual ruim e péssima, 45 % dizem que a elevação de preços nas bombas dos postos é do governo (13 % culpam os governadores neste grupo).

A estratégia dos governistas, até agora, tem sido manter a militância aquecida com temas conservadores, pois a crença é a de que, em um Segundo Turno, a classe média iria votar em Bolsonaro para derrotar Luiz Inácio Lula da Silva. Talvez esse estratagema tenha de ser repensado.

Temos 48 % de eleitores que votariam em Lula, mas não em Bolsonaro – e 30 % que votariam em Bolsonaro, mas não em Lula. Mas o que mostra a dificuldade do presidente em virar o jogo está neste outro capítulo da pesquisa: 24 % dos entrevistados mudariam o voto para derrotar Bolsonaro e 9 % fariam o mesmo para derrotar Lula. Isso sugere que a rejeição do atual mandatário é maior que a do ex-presidente.

Outro ponto no qual Bolsonaro precisa melhorar para perseguir concretamente a reeleição: lapidar a imagem junto ao eleitorado feminino.

Lula tem 51 % de suas intenções de voto ancoradas nas mulheres, enquanto Bolsonaro conta apenas com 40 % de votos femininos. Só que as mulheres representam quase 52 % de todo o eleitorado, o que pode ser uma vantagem para o candidato do PT.

Isso não quer dizer, no entanto, que a eleição está ganha para Lula.

Todos os candidatos que lideram as pesquisas por muito tempo recebem críticas de tudo quanto é lado e isso afeta a performance ao longo da campanha. Portanto, é de se esperar que os índices de Lula e Bolsonaro se aproximem. Será o suficiente para uma virada governista? Muito cedo ainda para especular. O que se pode dizer é que a eleição ainda está aberta, com favoritismo para Lula.

A chamada Terceira Via – em especial, a candidatura de Sergio Moro – parece não decolar. Ciro Gomes retomou com consistência o terceiro lugar nas pesquisas, empurrando Moro para a quarta posição. João Doria continua amargando 2 % e Eduardo Leite, incluído nesta enquete, tem o mesmo percentual. Isso mostra que ele até pode ter uma rejeição menor que o governador paulista, mas também não empolga os eleitores.

Tudo indica que iremos mais uma vez para uma campanha polarizada e um pleito indefinido. A saga de 2018 se repete, mas com duas diferenças cruciais. O candidato do PT, desta vez, é Lula. Além disso, Bolsonaro não é mais uma novidade entre os eleitores, especialmente depois de ter enfrentado duas crises externas (pandemia e Guerra na Ucrânia) e de ter desfiado frases que desagradaram um naco razoável da classe média brasileira.

Diante disso, o caminho de Bolsonaro para uma eventual reeleição será duríssimo. Mas não impossível.

 

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Aluizio Falcão Filho

Eleições reservam surpresas e o cenário de hoje pode não ser o de amanhã. Mas o tempo está passando e a popularidade do governo de Jair Bolsonaro continua sem se recuperar na velocidade que o Planalto deseja. A última pesquisa do BTG Pactual mostra que a desaprovação desta gestão continua alta: 53 % dos entrevistados avaliam o governo como ruim e péssimo (44 % escolheram a última categoria), contra 29 % que cravaram ótimo e bom. Nos tradicionais bolsões de apoio ao presidente – região sul e evangélicos – também há desagrado. No Sul, 47 % desaprovam a atual administração; entre os pentecostais, a rejeição vai a 43 %.

O lado bom para o governo: o percentual de aprovação (ótimo e bom) começou a subir e encosta em 30 %. Os estrategistas políticos da Situação esperam combater a avaliação negativa ainda enorme com um pacote de bondades que vai injetar R$ 150 bilhões na economia e agradar o eleitorado. A esperança dos governistas também está ancorada no programa social Auxílio Brasil. O problema, neste último caso, é que 82 % dos eleitores não recebem nenhum tipo de assistência social do governo ou mora com quem recebe (9 % recebem e 9 % residem com um beneficiado).

Outro desafio para Bolsonaro: 61 % dos entrevistados desaprovam a forma pela qual o presidente está governando o país. Esse índice, no entanto, pode sofrer alguma redução ao longo do ano, pois o governo se dedicará a reverter esse quadro com ações eleitoreiras e medidas para retomar a economia.

A agrura atual de Bolsonaro é o preço da gasolina, que turbina os índices inflacionários. Na pesquisa, percebe-se que o fator político interfere claramente no julgamento dos eleitores sobre esse tema. O estudo mostra que 35 % dos eleitores que avaliam positivamente o governo acreditam que a alta da gasolina seja provocada pelos “governadores, por causa dos impostos estaduais” (apenas 5 % creditam a responsabilidade deste cenário ao Planalto). Já entre aqueles consideram a gestão atual ruim e péssima, 45 % dizem que a elevação de preços nas bombas dos postos é do governo (13 % culpam os governadores neste grupo).

A estratégia dos governistas, até agora, tem sido manter a militância aquecida com temas conservadores, pois a crença é a de que, em um Segundo Turno, a classe média iria votar em Bolsonaro para derrotar Luiz Inácio Lula da Silva. Talvez esse estratagema tenha de ser repensado.

Temos 48 % de eleitores que votariam em Lula, mas não em Bolsonaro – e 30 % que votariam em Bolsonaro, mas não em Lula. Mas o que mostra a dificuldade do presidente em virar o jogo está neste outro capítulo da pesquisa: 24 % dos entrevistados mudariam o voto para derrotar Bolsonaro e 9 % fariam o mesmo para derrotar Lula. Isso sugere que a rejeição do atual mandatário é maior que a do ex-presidente.

Outro ponto no qual Bolsonaro precisa melhorar para perseguir concretamente a reeleição: lapidar a imagem junto ao eleitorado feminino.

Lula tem 51 % de suas intenções de voto ancoradas nas mulheres, enquanto Bolsonaro conta apenas com 40 % de votos femininos. Só que as mulheres representam quase 52 % de todo o eleitorado, o que pode ser uma vantagem para o candidato do PT.

Isso não quer dizer, no entanto, que a eleição está ganha para Lula.

Todos os candidatos que lideram as pesquisas por muito tempo recebem críticas de tudo quanto é lado e isso afeta a performance ao longo da campanha. Portanto, é de se esperar que os índices de Lula e Bolsonaro se aproximem. Será o suficiente para uma virada governista? Muito cedo ainda para especular. O que se pode dizer é que a eleição ainda está aberta, com favoritismo para Lula.

A chamada Terceira Via – em especial, a candidatura de Sergio Moro – parece não decolar. Ciro Gomes retomou com consistência o terceiro lugar nas pesquisas, empurrando Moro para a quarta posição. João Doria continua amargando 2 % e Eduardo Leite, incluído nesta enquete, tem o mesmo percentual. Isso mostra que ele até pode ter uma rejeição menor que o governador paulista, mas também não empolga os eleitores.

Tudo indica que iremos mais uma vez para uma campanha polarizada e um pleito indefinido. A saga de 2018 se repete, mas com duas diferenças cruciais. O candidato do PT, desta vez, é Lula. Além disso, Bolsonaro não é mais uma novidade entre os eleitores, especialmente depois de ter enfrentado duas crises externas (pandemia e Guerra na Ucrânia) e de ter desfiado frases que desagradaram um naco razoável da classe média brasileira.

Diante disso, o caminho de Bolsonaro para uma eventual reeleição será duríssimo. Mas não impossível.

 

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