Trump perdeu a eleição nos votos? Sim! E na doutrina? Não!
As ideias de Trump, os resultados da eleição comprovam, ainda tem eco numa parcela expressiva (metade) do eleitorado da maior democracia do planeta
Bibiana Guaraldi
Publicado em 17 de novembro de 2020 às 12h44.
Trump isso, Trump aquilo. Trump já era. É importante olhar os resultados da eleição americana , sobretudo para aqueles que apreciam antecipar o que acontece la na terra do tio Sam para imaginar o que vai ocorrer aqui, no Tio Samba. Há uma pandemia, e não é de hoje, que se alastra nos opinadores e nos meios: proliferar bordões. Que tal nos imunizarmos contra alguns deles?
O primeiro é que o “trumpismo” fracassou e isso seria um mal presságio para “populistas” ao redor do mundo. Assertiva duvidosa. Mesmo em meio à pior recessão e a uma pandemia inédita em pleno ano eleitoral, as ideias do presidente que sai cativaram mais de 74 milhões de americanos. Conquistaram até agora, 49 cadeiras no Senado e tiraram uma dezena de assentos na Câmara dos deputados, fortaleza histórica dos democratas. Fora as assembleias estaduais. Sem contar o paredão conservador de juízes (6 a 3) na Suprema Corte. O que isso quer dizer?
Que Trump perdeu a presidência, mas o conservadorismo mostrou que está forte como nunca. E é com essas forças conservadoras que o futuro presidenre Biden terá de governar, conciliando os vetores mais radicais à esquerda de sua ampla coalizão.
As ideias de Trump, os resultados da eleição comprovam, ainda tem eco numa parcela expressiva (metade) do eleitorado da maior democracia do planeta, mesmo no pior e mais sombrio momento da economia daquela sociedade. Não é pouco. Sem contar que duas cadeiras ainda estarão em disputa antes do presidente deixar o posto e ele terá um papel decisivo nesse pleito específico, para garantir o equilíbrio de poder, com um Senado eventualmente republicano. A se ver.
A mídia, enviezada, lançou dúzias de ovos sobre o rito de não “conceder” a vitória a Biden de Trump, sem considerar que isso faz parte não de uma “loucura”, mas de uma “narrativa”, essa palavra detestavelmente tão usada hoje em dia.
Trump se lançou como o candidato fora do sistema. Governou fora da caixinha. Tuitou e enfrentou a mídia de uma forma nada convencional. Causou. E, na saída, não poderia agir como um presidente cordeirinho “do sistema”. Agiu no seu “gran finale” seguindo sua propria métrica: a de um “outsider”. O que tudo isso tem a ver com o Brasil e com o governo Bolsonaro? Tudo.
O chamado “populismo” não é a causa, mas a consequência de um acúmulo de desilusões e frustrações dos eleitorados. Como mostra o exemplo de Trump, os bordoes se repetem, mas não são suficientes para explicar a realidade, sempre mais complexa. O conservadorismo não está morto, nem aqui nem lá. A política tradicional está fraturada, aqui e lá. Portanto, antecipar o fim dos populistas é, para usar um bordão corrente, uma forma de negacionismo. Com Bolaonaro ou com um genérico, há espaço para o conservadorismo por aí. Ou não?
Trump isso, Trump aquilo. Trump já era. É importante olhar os resultados da eleição americana , sobretudo para aqueles que apreciam antecipar o que acontece la na terra do tio Sam para imaginar o que vai ocorrer aqui, no Tio Samba. Há uma pandemia, e não é de hoje, que se alastra nos opinadores e nos meios: proliferar bordões. Que tal nos imunizarmos contra alguns deles?
O primeiro é que o “trumpismo” fracassou e isso seria um mal presságio para “populistas” ao redor do mundo. Assertiva duvidosa. Mesmo em meio à pior recessão e a uma pandemia inédita em pleno ano eleitoral, as ideias do presidente que sai cativaram mais de 74 milhões de americanos. Conquistaram até agora, 49 cadeiras no Senado e tiraram uma dezena de assentos na Câmara dos deputados, fortaleza histórica dos democratas. Fora as assembleias estaduais. Sem contar o paredão conservador de juízes (6 a 3) na Suprema Corte. O que isso quer dizer?
Que Trump perdeu a presidência, mas o conservadorismo mostrou que está forte como nunca. E é com essas forças conservadoras que o futuro presidenre Biden terá de governar, conciliando os vetores mais radicais à esquerda de sua ampla coalizão.
As ideias de Trump, os resultados da eleição comprovam, ainda tem eco numa parcela expressiva (metade) do eleitorado da maior democracia do planeta, mesmo no pior e mais sombrio momento da economia daquela sociedade. Não é pouco. Sem contar que duas cadeiras ainda estarão em disputa antes do presidente deixar o posto e ele terá um papel decisivo nesse pleito específico, para garantir o equilíbrio de poder, com um Senado eventualmente republicano. A se ver.
A mídia, enviezada, lançou dúzias de ovos sobre o rito de não “conceder” a vitória a Biden de Trump, sem considerar que isso faz parte não de uma “loucura”, mas de uma “narrativa”, essa palavra detestavelmente tão usada hoje em dia.
Trump se lançou como o candidato fora do sistema. Governou fora da caixinha. Tuitou e enfrentou a mídia de uma forma nada convencional. Causou. E, na saída, não poderia agir como um presidente cordeirinho “do sistema”. Agiu no seu “gran finale” seguindo sua propria métrica: a de um “outsider”. O que tudo isso tem a ver com o Brasil e com o governo Bolsonaro? Tudo.
O chamado “populismo” não é a causa, mas a consequência de um acúmulo de desilusões e frustrações dos eleitorados. Como mostra o exemplo de Trump, os bordoes se repetem, mas não são suficientes para explicar a realidade, sempre mais complexa. O conservadorismo não está morto, nem aqui nem lá. A política tradicional está fraturada, aqui e lá. Portanto, antecipar o fim dos populistas é, para usar um bordão corrente, uma forma de negacionismo. Com Bolaonaro ou com um genérico, há espaço para o conservadorismo por aí. Ou não?