O “Trump rally” abatido em pleno voo
Mais uma vez a maioria dos analistas de mercado – aqui e no exterior – provam do dito popular que nos ensina que o afobado quase sempre come cru. O chamado Trump Rally, movimento especulativo iniciado com a posse de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos, foi abatido em pleno voo. A desmoralizante derrota […]
Da Redação
Publicado em 27 de março de 2017 às 13h13.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h05.
Mais uma vez a maioria dos analistas de mercado – aqui e no exterior – provam do dito popular que nos ensina que o afobado quase sempre come cru. O chamado Trump Rally, movimento especulativo iniciado com a posse de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos, foi abatido em pleno voo. A desmoralizante derrota na questão do chamado ObamaCare na última sexta feira jogou por terra a expectativa de sucesso de uma agressiva agenda reformista na economia americana.
Vejam a manchete desta segunda feira no site de mercado do Wall Street Journal: ‘Trump disappointment trade is now in full swing’ — analysts on global stock selloff’.
Na esteira desta derrota política os mercados estão reavaliando o sucesso de uma abrangente reforma dos impostos corporativos e da estrutura regulatória do sistema financeiro americano. Foram estas duas promessas do recém-eleito presidente em novembro que impulsionaram os mercados de câmbio, juros e commodities nos últimos meses. A partir deste cenário prometido os mercados criaram um “combo” de operações financeiras que incluíam: a compra maciça de ações americanas em Wall Street e do dólar nos mercados de câmbio, a venda a descoberta dos juros de curto prazo dos títulos emitidos pelo Tesouro na expectativa de uma ação vigorosa do FED e, last but not the least, da aposta na queda dos preços em dólares das principais commodities.
Agora é hora de corrigir os erros cometidos e calcular os prejuízos. O valor do dólar americano está caindo mais de 2% em relação ao seu valor no início do mês de março e, mais de 6%, em relação ao pico atingido logo após a vitória de Trump em novembro. Os juros dos títulos de 10 anos emitidos pelo Tesouro americano que chegaram a ser negociados a mais de 2,60% ao ano de juros, voltaram ao nível de 2,38% que prevalecia antes da euforia Trump. O mercado que apresenta menor correção é o de ações, mas os indicadores antecedentes apontam para uma correção ainda maior à frente.
Este mesmo movimento especulativo acabou chegando ao Brasil, fazendo com que os mercados ensaiassem até uma desvalorização de nossa moeda. Embora a recuperação cíclica de nossa economia não fosse ameaçada pelas consequências de um sucesso da agenda Trump, alguns movimentos foram ensaiados por seus seguidores locais inclusive questionando a aceleração do movimento de redução de juros pelo Banco Central.
Felizmente o Federal Reserve americano, sob a liderança lúcida e firme de Janet Yellen, decidiu não sancionar “a priori” as consequências econômicas de um eventual sucesso do governo Trump. Apesar das pressões recebidas por um grande número de analistas e articulistas, Yellen liderou um grupo que preferiu esperar os fatos acontecerem ao invés de se antecipar – especulativamente – às suas consequências. E ganhou a aposta, além de mostrar que um Banco Central responsável não pode condicionar sua atuação a eventos incertos de natureza política e fora da dinâmica econômica corrente. Esta lição deve ser entendida pelo COPOM quando incorpora em seu cenário futuro a reforma da Previdência e outros movimentos da política no Brasil de hoje.
Mais uma vez a maioria dos analistas de mercado – aqui e no exterior – provam do dito popular que nos ensina que o afobado quase sempre come cru. O chamado Trump Rally, movimento especulativo iniciado com a posse de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos, foi abatido em pleno voo. A desmoralizante derrota na questão do chamado ObamaCare na última sexta feira jogou por terra a expectativa de sucesso de uma agressiva agenda reformista na economia americana.
Vejam a manchete desta segunda feira no site de mercado do Wall Street Journal: ‘Trump disappointment trade is now in full swing’ — analysts on global stock selloff’.
Na esteira desta derrota política os mercados estão reavaliando o sucesso de uma abrangente reforma dos impostos corporativos e da estrutura regulatória do sistema financeiro americano. Foram estas duas promessas do recém-eleito presidente em novembro que impulsionaram os mercados de câmbio, juros e commodities nos últimos meses. A partir deste cenário prometido os mercados criaram um “combo” de operações financeiras que incluíam: a compra maciça de ações americanas em Wall Street e do dólar nos mercados de câmbio, a venda a descoberta dos juros de curto prazo dos títulos emitidos pelo Tesouro na expectativa de uma ação vigorosa do FED e, last but not the least, da aposta na queda dos preços em dólares das principais commodities.
Agora é hora de corrigir os erros cometidos e calcular os prejuízos. O valor do dólar americano está caindo mais de 2% em relação ao seu valor no início do mês de março e, mais de 6%, em relação ao pico atingido logo após a vitória de Trump em novembro. Os juros dos títulos de 10 anos emitidos pelo Tesouro americano que chegaram a ser negociados a mais de 2,60% ao ano de juros, voltaram ao nível de 2,38% que prevalecia antes da euforia Trump. O mercado que apresenta menor correção é o de ações, mas os indicadores antecedentes apontam para uma correção ainda maior à frente.
Este mesmo movimento especulativo acabou chegando ao Brasil, fazendo com que os mercados ensaiassem até uma desvalorização de nossa moeda. Embora a recuperação cíclica de nossa economia não fosse ameaçada pelas consequências de um sucesso da agenda Trump, alguns movimentos foram ensaiados por seus seguidores locais inclusive questionando a aceleração do movimento de redução de juros pelo Banco Central.
Felizmente o Federal Reserve americano, sob a liderança lúcida e firme de Janet Yellen, decidiu não sancionar “a priori” as consequências econômicas de um eventual sucesso do governo Trump. Apesar das pressões recebidas por um grande número de analistas e articulistas, Yellen liderou um grupo que preferiu esperar os fatos acontecerem ao invés de se antecipar – especulativamente – às suas consequências. E ganhou a aposta, além de mostrar que um Banco Central responsável não pode condicionar sua atuação a eventos incertos de natureza política e fora da dinâmica econômica corrente. Esta lição deve ser entendida pelo COPOM quando incorpora em seu cenário futuro a reforma da Previdência e outros movimentos da política no Brasil de hoje.