Exame Logo

"Reforma administrativa ajudaria a controlar gastos e melhorar eficiência"

Solange Srour fala sobre a importância da medida. Estabilidade do servidor está entre os pontos que devem ser discutidos

i

institutomillenium

Publicado em 1 de outubro de 2019 às 14h25.

Equilibrar as contas e garantir maior eficiência para o serviço público: pensando nestes dois pilares, o Ministério da Economia está planejando uma ampla reforma administrativa. A proposta ainda não foi fechada, mas a apresentação do projeto, que pretende reduzir drasticamente o inchaço na máquina, irá trazer para o debate temas importantes, como a estabilidade do servidor público e a falta de métricas de desempenho dos profissionais. Entrevistada pelo Instituto Millenium, a economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, abordou o assunto. Ouça!

[soundcloud url="https://api.soundcloud.com/tracks/689499460" params="color=#ff5500&auto_play=false&hide_related=false&show_comments=true&show_user=true&show_reposts=false&show_teaser=true" width="100%" height="166" iframe="true" /]

“São dois objetivos principais. O primeiro é controlar os gastos obrigatórios, que são os que mais crescem e atrapalham as contas públicas, porque reduzem os investimentos. O segundo é melhorar a eficiência da administração pública e os serviços prestados ao cidadão. Uma reforma é necessária para igualar, dentro do possível, as oportunidades do setor público e do setor privado, aumentando a produtividade”, disse a economista.

Ouça também
Com regras de 1930, Brasil começa a discutir uma reforma cambial
O que o Brasil pode aprender com as Coreias?

Dentre as ações que precisam ser tomadas no âmbito da reforma administrativa, de acordo com Solange Srour, uma das principais medidas é a revisão da estabilidade – hoje, o funcionário público não pode ser desligado do cargo por não apresentar bom desempenho, por exemplo. “É preciso diminuir a estabilidade, abrindo a possibilidade da demissão por baixa performance. Além disso, hoje a progressão é vinculada ao tempo de serviço, preponderantemente; e não por desempenho. Não existe meritocracia. Seria uma medida importante se ela não fosse linear, e sim definida pelo mérito”, disse.

Atualmente, não há, no setor público, dispositivos que permitam avaliações periódicas. “Acredito que, com o estabelecimento de metas que possam ser bem mensuradas, podemos ter um rápido ganho de benefício em termos de produtividade. Para minimizar indicações políticas ou progressão por conchavo, existem métricas e sistemas de avaliação. Em vários países, não há estabilidade no setor público, se assemelhando ao que acontece na iniciativa privada. Isso é possível aqui também”, destacou Solange.

+ Gustavo Grisa: Estabilidade do servidor é obstáculo para a produtividade

Srour afirma que, com as ferramentas modernas de gestão que existem atualmente, o risco de haver demissões por perseguição para adversários ou promoções indevidas para aliados é diminuto. “O setor privado tem conceitos modernos de gestão de pessoas que minimizam esses problemas. É preciso aprimorar o Estatuto dos Funcionários para se chegar a um perfil mais estrutural, minimizando isso”.

Alívio nas contas públicas

A proposta pode também representar um alívio para as contas públicas: hoje, o Brasil gasta 40% de todas as suas despesas com pessoal. “Fazer a reforma administrativa, válida para quem vai ingressar no serviço público, é importante para que os gastos não cresçam como acontece hoje, até porque a política salarial do funcionalismo tem reajuste acima da produtividade, e aprimorando isso, você tem condição de ampliar os investimentos no Brasil”, afirmou Solange Srour.

A economista acredita que há margem para as propostas, que mexem com interesses corporativos, serem aprovadas no Congresso. “Assim como conseguimos colocar para a sociedade o problema com a Previdência, acredito que podemos colocar outras questões relacionadas ao funcionamento da máquina, apesar do lobby das corporações. Os serviços públicos são mal avaliados e a sociedade não está satisfeita”, disse, lembrando que a reforma administrativa pretende resolver esse gargalo.

Equilibrar as contas e garantir maior eficiência para o serviço público: pensando nestes dois pilares, o Ministério da Economia está planejando uma ampla reforma administrativa. A proposta ainda não foi fechada, mas a apresentação do projeto, que pretende reduzir drasticamente o inchaço na máquina, irá trazer para o debate temas importantes, como a estabilidade do servidor público e a falta de métricas de desempenho dos profissionais. Entrevistada pelo Instituto Millenium, a economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, abordou o assunto. Ouça!

[soundcloud url="https://api.soundcloud.com/tracks/689499460" params="color=#ff5500&auto_play=false&hide_related=false&show_comments=true&show_user=true&show_reposts=false&show_teaser=true" width="100%" height="166" iframe="true" /]

“São dois objetivos principais. O primeiro é controlar os gastos obrigatórios, que são os que mais crescem e atrapalham as contas públicas, porque reduzem os investimentos. O segundo é melhorar a eficiência da administração pública e os serviços prestados ao cidadão. Uma reforma é necessária para igualar, dentro do possível, as oportunidades do setor público e do setor privado, aumentando a produtividade”, disse a economista.

Ouça também
Com regras de 1930, Brasil começa a discutir uma reforma cambial
O que o Brasil pode aprender com as Coreias?

Dentre as ações que precisam ser tomadas no âmbito da reforma administrativa, de acordo com Solange Srour, uma das principais medidas é a revisão da estabilidade – hoje, o funcionário público não pode ser desligado do cargo por não apresentar bom desempenho, por exemplo. “É preciso diminuir a estabilidade, abrindo a possibilidade da demissão por baixa performance. Além disso, hoje a progressão é vinculada ao tempo de serviço, preponderantemente; e não por desempenho. Não existe meritocracia. Seria uma medida importante se ela não fosse linear, e sim definida pelo mérito”, disse.

Atualmente, não há, no setor público, dispositivos que permitam avaliações periódicas. “Acredito que, com o estabelecimento de metas que possam ser bem mensuradas, podemos ter um rápido ganho de benefício em termos de produtividade. Para minimizar indicações políticas ou progressão por conchavo, existem métricas e sistemas de avaliação. Em vários países, não há estabilidade no setor público, se assemelhando ao que acontece na iniciativa privada. Isso é possível aqui também”, destacou Solange.

+ Gustavo Grisa: Estabilidade do servidor é obstáculo para a produtividade

Srour afirma que, com as ferramentas modernas de gestão que existem atualmente, o risco de haver demissões por perseguição para adversários ou promoções indevidas para aliados é diminuto. “O setor privado tem conceitos modernos de gestão de pessoas que minimizam esses problemas. É preciso aprimorar o Estatuto dos Funcionários para se chegar a um perfil mais estrutural, minimizando isso”.

Alívio nas contas públicas

A proposta pode também representar um alívio para as contas públicas: hoje, o Brasil gasta 40% de todas as suas despesas com pessoal. “Fazer a reforma administrativa, válida para quem vai ingressar no serviço público, é importante para que os gastos não cresçam como acontece hoje, até porque a política salarial do funcionalismo tem reajuste acima da produtividade, e aprimorando isso, você tem condição de ampliar os investimentos no Brasil”, afirmou Solange Srour.

A economista acredita que há margem para as propostas, que mexem com interesses corporativos, serem aprovadas no Congresso. “Assim como conseguimos colocar para a sociedade o problema com a Previdência, acredito que podemos colocar outras questões relacionadas ao funcionamento da máquina, apesar do lobby das corporações. Os serviços públicos são mal avaliados e a sociedade não está satisfeita”, disse, lembrando que a reforma administrativa pretende resolver esse gargalo.

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se