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PEC 33: Legislativo tenta esvaziar o Judiciário

“Não são raros os casos em que o Congresso edita leis flagrantemente inconstitucionais”. Com essa afirmação o advogado e especialista do Instituto Millenium, Eduardo Chemale, demonstra a sua perplexidade diante da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de número 33, de autoria do deputado Nazareno Fontelles (PT-PI). Assim como Chemale, o cientista político Bruno Garschagen acha que a atuação do STF expõe os problemas do Legislativo e do Executivo. “A relevância do Judiciário […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 26 de abril de 2013 às 22h16.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 09h03.

Eduardo Chemale

“Não são raros os casos em que o Congresso edita leis flagrantemente inconstitucionais”. Com essa afirmação o advogado e especialista do Instituto Millenium, Eduardo Chemale, demonstra a sua perplexidade diante da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de número 33, de autoria do deputado Nazareno Fontelles (PT-PI).

Assim como Chemale, o cientista político Bruno Garschagen acha que a atuação do STF expõe os problemas do Legislativo e do Executivo. “A relevância do Judiciário em termos gerais e do STF em termos estritos acaba por revelar problemas graves dos outros dois poderes, e isto não é bom para nenhum deles”, comenta Garschagen.

Aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, a  PEC 33 pode dar ao Congresso o poder de decidir sobre a constitucionalidade das leis, função que tem sido exercida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) há cerca de 80 anos. A interferência do poder Legislativo sobre o Judiciário fere o princípio da independência dos poderes e prejudica a imagem do Supremo, instituição tradicionalmente progressista.

Chemale aponta a insatisfação do Legislativo com o fortalecimento do Judiciário, devido ao julgamento do Mensalão, como um dos principais motivos para a criação da PEC 33.

Bruno Garschagen

O cientista político Bruno Garschagen acredita que o problema exposto pela PEC é a forma como os agentes que representam os três poderes atuam para ampliar seus domínios em seus respectivos âmbitos. “Temos hoje, o seguinte cenário político no Brasil: o Executivo legisla (via medidas provisórias), o Legislativo não o fiscaliza e o Judiciário acaba por ter tomar decisões, para o bem e para o mal, que envolvem desde questões contratuais a questões políticas”.

De acordo com a medida, caberá ao Congresso Nacional referendar as súmulas vinculantes, as ações diretas de inconstitucionalidade (ADI) e as ações declaratórias de constitucionalidade (ADC) emitidas pelo Supremo.

Apesar dos transtornos causados, Chemale não acredita que a proposta do Legislativo será aprovada. “Essa PEC não tem a menor condição de ser aprovada, seja em respeito à tradição constitucional do nosso país ou em respeito a legitimidade do Supremo”, concluiu.

As associações de magistrados e os representantes do STF fizeram duras críticas à emenda. O ministro Gilmar Mendes disse que no caso de aprovação da PEC seria “melhor que se feche” o tribunal. Já o presidente do STF, Joaquim Barbosa, afirmou que a iniciativa “fragilizará a democracia”.

Eduardo Chemale

“Não são raros os casos em que o Congresso edita leis flagrantemente inconstitucionais”. Com essa afirmação o advogado e especialista do Instituto Millenium, Eduardo Chemale, demonstra a sua perplexidade diante da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de número 33, de autoria do deputado Nazareno Fontelles (PT-PI).

Assim como Chemale, o cientista político Bruno Garschagen acha que a atuação do STF expõe os problemas do Legislativo e do Executivo. “A relevância do Judiciário em termos gerais e do STF em termos estritos acaba por revelar problemas graves dos outros dois poderes, e isto não é bom para nenhum deles”, comenta Garschagen.

Aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, a  PEC 33 pode dar ao Congresso o poder de decidir sobre a constitucionalidade das leis, função que tem sido exercida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) há cerca de 80 anos. A interferência do poder Legislativo sobre o Judiciário fere o princípio da independência dos poderes e prejudica a imagem do Supremo, instituição tradicionalmente progressista.

Chemale aponta a insatisfação do Legislativo com o fortalecimento do Judiciário, devido ao julgamento do Mensalão, como um dos principais motivos para a criação da PEC 33.

Bruno Garschagen

O cientista político Bruno Garschagen acredita que o problema exposto pela PEC é a forma como os agentes que representam os três poderes atuam para ampliar seus domínios em seus respectivos âmbitos. “Temos hoje, o seguinte cenário político no Brasil: o Executivo legisla (via medidas provisórias), o Legislativo não o fiscaliza e o Judiciário acaba por ter tomar decisões, para o bem e para o mal, que envolvem desde questões contratuais a questões políticas”.

De acordo com a medida, caberá ao Congresso Nacional referendar as súmulas vinculantes, as ações diretas de inconstitucionalidade (ADI) e as ações declaratórias de constitucionalidade (ADC) emitidas pelo Supremo.

Apesar dos transtornos causados, Chemale não acredita que a proposta do Legislativo será aprovada. “Essa PEC não tem a menor condição de ser aprovada, seja em respeito à tradição constitucional do nosso país ou em respeito a legitimidade do Supremo”, concluiu.

As associações de magistrados e os representantes do STF fizeram duras críticas à emenda. O ministro Gilmar Mendes disse que no caso de aprovação da PEC seria “melhor que se feche” o tribunal. Já o presidente do STF, Joaquim Barbosa, afirmou que a iniciativa “fragilizará a democracia”.

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