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Palmares e o livro de Demétrio Magnoli

Sempre duvide de um fato histórico contado por um militante. Eles não estão aí para fazer uma interpretação da história que sirva para entendê-la e se aproximar do que realmente aconteceu, mas sim para usar a história aos seus objetivos políticos. Magnoli, no seu recém lançado “Uma gota de sangue”, aborda um desses casos: a utilização do Quilombo dos Palmares como mitologia da liberdade no Brasil. O dia da morte […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 26 de outubro de 2009 às 11h32.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 13h04.

Sempre duvide de um fato histórico contado por um militante. Eles não estão aí para fazer uma interpretação da história que sirva para entendê-la e se aproximar do que realmente aconteceu, mas sim para usar a história aos seus objetivos políticos.

Magnoli, no seu recém lançado “Uma gota de sangue”, aborda um desses casos: a utilização do Quilombo dos Palmares como mitologia da liberdade no Brasil. O dia da morte de Zumbi foi escolhido como dia da consciência negra, Palmares foi retratado no cinema (por Carlos Diegues) como uma feliz sociedade comunista, onde todos dividiam tudo e apenas lutavam contra os brancos escravistas. Mas não é o que consta dos relatos históricos, desde Sebastião da Rocha Pita (1730) até os trabalhos contemporâneos. Escreve o sociólogo: “O Palmares edênico, descrito pela narrativa mítica, era uma sociedade isolada, em luta contra a opressão exterior. O Palmares histórico era um enclave rebelde que mantinha relações de comércio com colonos portugueses e holandeses e núcleos indígenas circundantes. O Palmares edênico era uma sociedade igualitária. O Palmares histórico apresentava estratificação social interna e uma elite dirigente nitidamente definida. O Palmares edênico era o lugar da liberdade, cercado pelo oceano da escravidão. O Palmares histórico era um elemento dissonante, mas integrado ao sistema mercantil-escravista: nos quilombos da serra da Barriga, negros e índios capturados pelos rebeldes trabalhavam em regime de escravidão.”

Até historiadores marxistas, como Edison Carneiro ou Benjamin Péret, reconhecem que havia escravidão dentro de Palmares. Mais uma razão para dar uma lida em “Uma gota de sangue – história do pensamento racial” de Demétrio Magnoli.

Sempre duvide de um fato histórico contado por um militante. Eles não estão aí para fazer uma interpretação da história que sirva para entendê-la e se aproximar do que realmente aconteceu, mas sim para usar a história aos seus objetivos políticos.

Magnoli, no seu recém lançado “Uma gota de sangue”, aborda um desses casos: a utilização do Quilombo dos Palmares como mitologia da liberdade no Brasil. O dia da morte de Zumbi foi escolhido como dia da consciência negra, Palmares foi retratado no cinema (por Carlos Diegues) como uma feliz sociedade comunista, onde todos dividiam tudo e apenas lutavam contra os brancos escravistas. Mas não é o que consta dos relatos históricos, desde Sebastião da Rocha Pita (1730) até os trabalhos contemporâneos. Escreve o sociólogo: “O Palmares edênico, descrito pela narrativa mítica, era uma sociedade isolada, em luta contra a opressão exterior. O Palmares histórico era um enclave rebelde que mantinha relações de comércio com colonos portugueses e holandeses e núcleos indígenas circundantes. O Palmares edênico era uma sociedade igualitária. O Palmares histórico apresentava estratificação social interna e uma elite dirigente nitidamente definida. O Palmares edênico era o lugar da liberdade, cercado pelo oceano da escravidão. O Palmares histórico era um elemento dissonante, mas integrado ao sistema mercantil-escravista: nos quilombos da serra da Barriga, negros e índios capturados pelos rebeldes trabalhavam em regime de escravidão.”

Até historiadores marxistas, como Edison Carneiro ou Benjamin Péret, reconhecem que havia escravidão dentro de Palmares. Mais uma razão para dar uma lida em “Uma gota de sangue – história do pensamento racial” de Demétrio Magnoli.

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