O PAC 2 contém um erro: não indica a fonte pagadora para a aceleração do crescimento da renda de Dilma Rousseff, caso eleita.
Como se sabe, a candidata Dilma terá um salário de 18 mil reais para fazer campanha. Será pago pelo PT, tirando sabe-se lá de onde. Ou melhor, sabe-se, mas deixa pra lá.
Se virar presidente da República, Dilma não poderá ter prejuízo, como já explicou Gilberto Carvalho, o chefe de gabinete de Lula. E o salário de presidente não chega a 10 mil reais. Ou a companheira terá que renunciar, ou seu contracheque terá que ser recheado com os bons e velhos recursos não contabilizados.
Era muito mais fácil ter pendurado essa rubrica no PAC 2. Não haveria problema algum, sendo a concepção do PAC, basicamente, literária.
Nem Lula leva a sério aquela numeralha voadora que seus burocratas jogam ali. A imprensa é que fica, com essa sua mania de acreditar em tudo, vasculhando percentuais, cifras e resultados. Depois não entende por que é criticada pelo presidente.
Os 500 bilhões do PAC 1 valem exatamente o mesmo que o 1 trilhão do PAC 2. Isto é, zero.
É a mesma reciclagem de previsões de investimentos da Petrobras e financiamentos da Caixa Econômica, com salada de obras previstas no plano plurianual (entre as encalhadas há anos, as que talvez um dia sejam feitas com recursos privados e até as que poderão realmente virar palanque).
É preocupante que, no meio de tanta licença poética e numerologia cabalística, ninguém tenha tido a idéia de incluir o soldo da companheira de armas.
Lá vem caixa dois – e isso é normal, todo mundo faz. Mas que ficava mais bacana incluir a aceleração da renda da mãe do PAC entre as façanhas do filho, isso ficava. E ninguém haveria de estranhar. O jetom de Dilma é mais concreto que a Transnordestina.
(Publicado em “Época”)