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Miopia e ouvidos moucos na condução da economia: o ocaso Dilma Rousseff

Teófilo, o deputado machadiano, quis falar ao Imperador. Estava irritado por ter sido preterido no ministério. Queria aconselhar o Imperador, posto que para ele o mesmo estaria envolto em meio a trapaceiros de toda a sorte. Teófilo bravejou: “Senhor, Vossa Majestade não sabe o que é essa política de corredores, esses arranjos de camarilha. Vossa Majestade quer que os melhores trabalhem, mas os medíocres é que se arranjam… O merecimento […] Leia mais

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Da Redação

Publicado em 4 de novembro de 2013 às 15h06.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 08h45.

Teófilo, o deputado machadiano, quis falar ao Imperador. Estava irritado por ter sido preterido no ministério. Queria aconselhar o Imperador, posto que para ele o mesmo estaria envolto em meio a trapaceiros de toda a sorte. Teófilo bravejou: “Senhor, Vossa Majestade não sabe o que é essa política de corredores, esses arranjos de camarilha. Vossa Majestade quer que os melhores trabalhem, mas os medíocres é que se arranjam… O merecimento fica para o lado” (“Quincas Borba, p. 198, editora Martin Claret, 2006). E depois da epifania, calou-se, voltando-se para o trabalho que estava acostumado a fazer. Teófilo, leitor, agiria assim se por acaso fosse preterido em um ministério da presidenta Dilma Rousseff? Teófilo, se acaso fosse chamado para opinar sobre o leilão de Libra, sobre a condução da política monetária, sobre a contabilidade criativa ou as desonerações fiscais, defenderia a presidenta? Machado de Assis: acuda-nos!

É impossível dizer ao certo, apenas o que podemos fazer é conjecturar o que o deputado incorruptível, mas corrompido, faria. A ironia machadiana que fez Teófilo se abobar pelo poder, validando a profecia de Lord Acton (“Todo o poder corrompe: o poder absoluto corrompe absolutamente”) nos permite inferir que nem o melhor dos homens está isento da crítica. Nesse aspecto, salta aos olhos, leitor, o fato de que a atual administração federal não nos parece estar disposta a ouvir, adivinhem, críticas. E elas são muitas, de todos os lados.

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Teófilo, o deputado machadiano, quis falar ao Imperador. Estava irritado por ter sido preterido no ministério. Queria aconselhar o Imperador, posto que para ele o mesmo estaria envolto em meio a trapaceiros de toda a sorte. Teófilo bravejou: “Senhor, Vossa Majestade não sabe o que é essa política de corredores, esses arranjos de camarilha. Vossa Majestade quer que os melhores trabalhem, mas os medíocres é que se arranjam… O merecimento fica para o lado” (“Quincas Borba, p. 198, editora Martin Claret, 2006). E depois da epifania, calou-se, voltando-se para o trabalho que estava acostumado a fazer. Teófilo, leitor, agiria assim se por acaso fosse preterido em um ministério da presidenta Dilma Rousseff? Teófilo, se acaso fosse chamado para opinar sobre o leilão de Libra, sobre a condução da política monetária, sobre a contabilidade criativa ou as desonerações fiscais, defenderia a presidenta? Machado de Assis: acuda-nos!

É impossível dizer ao certo, apenas o que podemos fazer é conjecturar o que o deputado incorruptível, mas corrompido, faria. A ironia machadiana que fez Teófilo se abobar pelo poder, validando a profecia de Lord Acton (“Todo o poder corrompe: o poder absoluto corrompe absolutamente”) nos permite inferir que nem o melhor dos homens está isento da crítica. Nesse aspecto, salta aos olhos, leitor, o fato de que a atual administração federal não nos parece estar disposta a ouvir, adivinhem, críticas. E elas são muitas, de todos os lados.

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