Dia Internacional da Mulher.
Dia internacional da demagogia machista.
Dia dos canastrões tentarem fazer bonito com o sexo oposto.
Dia das matérias deprimentes sobre a afirmação feminina na sociedade.
Dia das mulheres aceitarem essa esmola moral de que não precisam.
Dia de receber flores protocolares e tristes em homenagens fajutas.
Dia de justificar a existência dessas feministas do governo que embargam propaganda de cerveja em hipócrita defesa da honra feminina.
Dia das feministas que vivem do fetiche da opressão.
Dia de reverenciar a mulher como se ela fosse o mico-leão dourado.
Dia da gentileza dos homens que cometem 364 dias de grossura.
Dia do Adriano não ir a baile funk deixando a noiva em casa.
Dia de festejar Kathryn Bigelow, a grande vencedora do Oscar, não porque tem talento, mas porque usa saias.
Dia de exaltação preconceituosa a mulheres presidentes, empresárias e líderes – submetendo seus méritos ao seu sexo.
Dia de tratar a metade mais fértil e bela da humanidade como um souvenir.
Dia de eternizar o lamentável clichê do sexo frágil.
Dia das mães, filhas, avós, esposas, amantes e mulheres de todo o mundo dizerem: não queremos essa migalha sexista que é o Dia Internacional da Mulher.
(Publicado em Época)