Investimento privado deve ser prioridade
Para Samuel Pessôa, pagamento de salários e benefícios impede o investimento público. Saída passa por ambiente de negócios favorável às empresas
institutomillenium
Publicado em 9 de outubro de 2018 às 11h41.
Em 2017, o investimento público no Brasil alcançou a sua pior marca em quase 50 anos: apenas 1,17 % do PIB. Os últimos anos de recessão no país também colocaram os investimentos privados em forte queda, atingindo recordes negativos e prejudicando ainda mais a economia brasileira. Em entrevista ao Instituto Millenium, o professor de Economia Samuel Pessôa, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE FGV) e especialista do Imil, explica de que forma esses níveis contribuem para o aumento da produtividade de uma nação. Assista!
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=TzZSTsnHGaU%5D
Antes de tudo, é preciso entender o real significado de investimento. Na linguagem dos economistas, esse conceito representa o gasto feito por uma sociedade para acumular recursos que vão aumentar a capacidade produtiva futura. Isso inclui toda a acumulação de capital físico, ou seja, máquinas, equipamentos, prédios, obras ligadas à construção de estradas, portos e aeroportos, logística, gastos com construção de marcas e inovação tecnológica que gera patentes etc. Como consequência, quando o investimento é alto e de boa qualidade, há uma maior produtividade no país, com mais estrutura para os trabalhadores, além de melhorias na infraestrutura e no setor elétrico, por exemplo.
No entanto, para que este cenário se torne realidade, é importante que o investimento ocorra em um ambiente de livre mercado, com competitividade e de acordo com uma alocação eficiente do capital, como explica Pessôa:
“Um dos problemas da crise atual é que nós tivemos um grande ciclo de investimento, de 2006 e 2007 até 2014, com muita intervenção do setor público. Embora o setor privado tenha participado ativamente, a liderança e os planos de investimento foram determinados com muita intensidade pela gestão dos ministérios e do governo federal. O programa de reconstrução da indústria naval; todo o plano de negócio da Petrobras; Minha Casa, Minha Vida e o incentivo para a capacidade produtiva da indústria automobilística são alguns exemplos. Um caso onde não houve intervenção pública, mas que teve investimentos de má qualidade foi o boom imobiliário residencial nas grandes cidades brasileiras, cujo pico ocorreu em 2011, gerando um excesso de unidades produzidas, sem mercado para elas”.
Leia mais de Samuel Pessôa
Trilhos do desenvolvimento
A economia política da Petrobras
Não estamos nos anos 1990
Samuel salienta que, atualmente, não há mais espaço para aumentar o investimento público no Brasil, já que o orçamento do governo federal está comprometido com o pagamento de salários, benefícios e aposentadorias, portanto, o setor privado deve ser cada vez mais incentivado. “Nós temos um espaço imenso para que a iniciativa privada entre no setor de logística, temos uma infraestrutura muito deteriorada e podemos, com parcerias público-privadas e a lei de concessão, colocar o setor privado pra ser mais ativo nessa agenda de investimento. Requer uma regulação de melhor qualidade, mas temos avançado e devemos avançar mais”.
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Em 2017, o investimento público no Brasil alcançou a sua pior marca em quase 50 anos: apenas 1,17 % do PIB. Os últimos anos de recessão no país também colocaram os investimentos privados em forte queda, atingindo recordes negativos e prejudicando ainda mais a economia brasileira. Em entrevista ao Instituto Millenium, o professor de Economia Samuel Pessôa, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE FGV) e especialista do Imil, explica de que forma esses níveis contribuem para o aumento da produtividade de uma nação. Assista!
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=TzZSTsnHGaU%5D
Antes de tudo, é preciso entender o real significado de investimento. Na linguagem dos economistas, esse conceito representa o gasto feito por uma sociedade para acumular recursos que vão aumentar a capacidade produtiva futura. Isso inclui toda a acumulação de capital físico, ou seja, máquinas, equipamentos, prédios, obras ligadas à construção de estradas, portos e aeroportos, logística, gastos com construção de marcas e inovação tecnológica que gera patentes etc. Como consequência, quando o investimento é alto e de boa qualidade, há uma maior produtividade no país, com mais estrutura para os trabalhadores, além de melhorias na infraestrutura e no setor elétrico, por exemplo.
No entanto, para que este cenário se torne realidade, é importante que o investimento ocorra em um ambiente de livre mercado, com competitividade e de acordo com uma alocação eficiente do capital, como explica Pessôa:
“Um dos problemas da crise atual é que nós tivemos um grande ciclo de investimento, de 2006 e 2007 até 2014, com muita intervenção do setor público. Embora o setor privado tenha participado ativamente, a liderança e os planos de investimento foram determinados com muita intensidade pela gestão dos ministérios e do governo federal. O programa de reconstrução da indústria naval; todo o plano de negócio da Petrobras; Minha Casa, Minha Vida e o incentivo para a capacidade produtiva da indústria automobilística são alguns exemplos. Um caso onde não houve intervenção pública, mas que teve investimentos de má qualidade foi o boom imobiliário residencial nas grandes cidades brasileiras, cujo pico ocorreu em 2011, gerando um excesso de unidades produzidas, sem mercado para elas”.
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Samuel salienta que, atualmente, não há mais espaço para aumentar o investimento público no Brasil, já que o orçamento do governo federal está comprometido com o pagamento de salários, benefícios e aposentadorias, portanto, o setor privado deve ser cada vez mais incentivado. “Nós temos um espaço imenso para que a iniciativa privada entre no setor de logística, temos uma infraestrutura muito deteriorada e podemos, com parcerias público-privadas e a lei de concessão, colocar o setor privado pra ser mais ativo nessa agenda de investimento. Requer uma regulação de melhor qualidade, mas temos avançado e devemos avançar mais”.