Glauco: um cartunista livre
Texto de Jotabê Medeiros no “Estado de SP” homenageia o desenhista Glauco, assassinado na sexta-feira (12/03/2010). Seguem abaixo excertos do texto (que pode ser lido na íntegra AQUI) com tirinhas selecionadas do personagem “Zé do Apocalipse”: “Em suas pessoinhas narigudas, cheias de perninhas (se movimentando como se derrapassem) e olhos esbugalhados, Glauco Villas Boas condensou a ansiedade, a insegurança, a sofreguidão, as travas e o desejo de liberação de toda […] Leia mais
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2010 às 13h41.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 12h10.
Texto de Jotabê Medeiros no “Estado de SP” homenageia o desenhista Glauco, assassinado na sexta-feira (12/03/2010). Seguem abaixo excertos do texto (que pode ser lido na íntegra AQUI ) com tirinhas selecionadas do personagem “Zé do Apocalipse”:
“Em suas pessoinhas narigudas, cheias de perninhas (se movimentando como se derrapassem) e olhos esbugalhados, Glauco Villas Boas condensou a ansiedade, a insegurança, a sofreguidão, as travas e o desejo de liberação de toda uma geração, aquela que veio logo após a ditadura militar.”
“Ele foi o cartunista oitentista que continuou punk até o fim. Há cartunistas chapa-branca, politicamente alinhados, assim como outros que se esforçam demais para agradar ao patrão. E há cartunistas que ignoram solenemente os lobbies e as vontades hegemônicas. Glauco era desse último time. Nunca foi de direita, nunca foi de esquerda, nunca foi de centro – era simplesmente livre.”
“Foi o primeiro cartunista do pós-ditadura a ter a coragem de passar marotamente a mão nas nádegas de general. Com isso, mais do que afirmar uma resistência ao regime, buscava tirar o ranço do humor engajado e chamar o escracho para dançar. Os personagens do Glauco foram os primeiros a ter coragem de botar o bilau (e a prochaska) para fora em cadeia nacional. Doparam-se em praça pública. Fizeram swing, cometeram assédio sexual, profetizaram o fim do mundo por alguns trocados.”
“Geraldão, Casal Neuras, Geraldinho, Doy Jorge, Zé do Apocalipse, Dona Marta e Nostravamus podem ter sido atropelados pelos absurdos da realidade. Mas que era magnífico ver o cartum do Glauco injetando caos e deboche no brutal mundo selvagem da política nacional, ah, isso era!”
Texto de Jotabê Medeiros no “Estado de SP” homenageia o desenhista Glauco, assassinado na sexta-feira (12/03/2010). Seguem abaixo excertos do texto (que pode ser lido na íntegra AQUI ) com tirinhas selecionadas do personagem “Zé do Apocalipse”:
“Em suas pessoinhas narigudas, cheias de perninhas (se movimentando como se derrapassem) e olhos esbugalhados, Glauco Villas Boas condensou a ansiedade, a insegurança, a sofreguidão, as travas e o desejo de liberação de toda uma geração, aquela que veio logo após a ditadura militar.”
“Ele foi o cartunista oitentista que continuou punk até o fim. Há cartunistas chapa-branca, politicamente alinhados, assim como outros que se esforçam demais para agradar ao patrão. E há cartunistas que ignoram solenemente os lobbies e as vontades hegemônicas. Glauco era desse último time. Nunca foi de direita, nunca foi de esquerda, nunca foi de centro – era simplesmente livre.”
“Foi o primeiro cartunista do pós-ditadura a ter a coragem de passar marotamente a mão nas nádegas de general. Com isso, mais do que afirmar uma resistência ao regime, buscava tirar o ranço do humor engajado e chamar o escracho para dançar. Os personagens do Glauco foram os primeiros a ter coragem de botar o bilau (e a prochaska) para fora em cadeia nacional. Doparam-se em praça pública. Fizeram swing, cometeram assédio sexual, profetizaram o fim do mundo por alguns trocados.”
“Geraldão, Casal Neuras, Geraldinho, Doy Jorge, Zé do Apocalipse, Dona Marta e Nostravamus podem ter sido atropelados pelos absurdos da realidade. Mas que era magnífico ver o cartum do Glauco injetando caos e deboche no brutal mundo selvagem da política nacional, ah, isso era!”