Exame.com
Continua após a publicidade

Cristiano Carvalho defende a adoção de métodos de gestão empresarial para combater a ineficiência dos tribunais

Investigações contra políticos passam anos nas prateleiras do Supremo Tribunal Federal (STF).  Um caso emblemático da morosidade do STF foi o processo contra o senador Valdir Raupp. A denúncia contra Raupp, acusado de desviar R$ 6,4 milhões quando era governador de Rondônia, só foi aceita pelo STF após análise de três ministros, em um período de seis anos. Cristiano Carvalho, especialista do Instituto Millenium e professor livre-docente em direito pela […] Leia mais

I
Instituto Millenium

Publicado em 28 de fevereiro de 2012 às, 20h21.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 09h34.

Investigações contra políticos passam anos nas prateleiras do Supremo Tribunal Federal (STF).  Um caso emblemático da morosidade do STF foi o processo contra o senador Valdir Raupp. A denúncia contra Raupp, acusado de desviar R$ 6,4 milhões quando era governador de Rondônia, só foi aceita pelo STF após análise de três ministros, em um período de seis anos.

Cristiano Carvallho

Cristiano Carvalho, especialista do Instituto Millenium e professor livre-docente em direito pela Universidade de São Paulo (USP), explica que processos dessa natureza costumam demorar mais por sua complexidade. “O que é uma vergonha é a regra de prescrição em casos criminais – porque o problema não é demorar; e sim que, demorando, prescreve, ou seja, na prática, o réu não sofre qualquer punição”

Os ministros do STF culpam a sobrecarga de trabalho pela lentidão na definição de sentenças contra os políticos. O acúmulo de processos pode ser uma conseqüência do foro privilegiado, que define que senadores, deputados federais e ministros só possam ser processados e julgados por crimes no Supremo.

Carvalho é a favor da manutenção do foro privilegiado. Segundo o especialista, o mecanismo é uma garantia de que os políticos não serão julgados sob influência de questões ideológicas.  “Imagina se qualquer um pudesse processar o FHC ou o Lula, por exemplo, enquanto eram presidentes – certamente teriam milhares de ações do dia pra noite, impedindo-os de exercerem suas funções.”, disse.

O professor defende o foro privilegiado apenas para crimes relacionados ao exercício da função do político: “Crimes comuns devem ser julgados por juízes e tribunais comuns, sendo o ministro, senador ou deputado tratado como qualquer outro cidadão.”

A abertura de processos contra políticos no STF registrou um aumento significativo a partir de 2001, quando a autorização prévia do Congresso deixou de ser uma exigência legal.  Hoje há mais de 580 inquéritos e ações penais em andamento no Supremo.

Carvalho lembra que a demora na definição de sentenças não é uma exclusividade do Supremo.  “Processos comuns no estado de São Paulo têm, às vezes, demorado mais de 15 anos para chegarem ao fim. Logo, o problema de demorar é geral, não apenas vinculado aos tribunais superiores.” O especialista defende a adoção de métodos de gestão empresarial para combater a ineficiência dos tribunais.