Ainda Honduras e o enfrentamento ao governo global
Vale a pena conferir o que Everardo Maciel, ex-secretário geral da Receita, escreveu sobre o caso Honduras. Ele afirma que, à luz da constituição hondurenha, não houve golpe. E que só existe essa gritaria contra o pobre país porque este resolveu enfrentar uma tentativa de governo global: “Surpreendente é a postura assumida pelo Brasil, principalmente, e por inúmeros outros países, em franca oposição aos princípios da não intervenção e autodeterminação […] Leia mais
Da Redação
Publicado em 28 de outubro de 2009 às 10h02.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 13h03.
Vale a pena conferir o que Everardo Maciel, ex-secretário geral da Receita, escreveu sobre o caso Honduras. Ele afirma que, à luz da constituição hondurenha, não houve golpe. E que só existe essa gritaria contra o pobre país porque este resolveu enfrentar uma tentativa de governo global:
“Surpreendente é a postura assumida pelo Brasil, principalmente, e por inúmeros outros países, em franca oposição aos princípios da não intervenção e autodeterminação dos povos, consagrados universalmente. Clamam contra a Constituição de Honduras, esquecendo de salientar que ela representa a vontade soberana do seu povo. Não exigem, entretanto, que o Reino Unido venha a ter uma constituição escrita, em respeito à tradição jurídica daquele país. Não se sentem minimamente incomodados com, entre outras, as ditaduras de Cuba, Coreia do Norte, Líbia, Gabão, Zimbábue, Mianmar. Não revelam o menor interesse pelo genocídio do Sudão, o banditismo na Somália ou a fragmentação do território da Geórgia. Centram suas atenções apenas em Honduras, porque esse país é pobre, pequeno e sem importância geopolítica, podendo converter-se em experimento descartável de governança global.
Honduras, contudo, poderá dar uma boa e digna lição de democracia ao mundo se conseguir manter-se na absoluta fidelidade à lei, mesmo se a solução para a crise for um arranjo político que consiga aplacar os intentos golpistas de Zelaya e seus tutores, a fúria dos insurgentes locais e a cínica indignação internacional.”
Vale a pena conferir o que Everardo Maciel, ex-secretário geral da Receita, escreveu sobre o caso Honduras. Ele afirma que, à luz da constituição hondurenha, não houve golpe. E que só existe essa gritaria contra o pobre país porque este resolveu enfrentar uma tentativa de governo global:
“Surpreendente é a postura assumida pelo Brasil, principalmente, e por inúmeros outros países, em franca oposição aos princípios da não intervenção e autodeterminação dos povos, consagrados universalmente. Clamam contra a Constituição de Honduras, esquecendo de salientar que ela representa a vontade soberana do seu povo. Não exigem, entretanto, que o Reino Unido venha a ter uma constituição escrita, em respeito à tradição jurídica daquele país. Não se sentem minimamente incomodados com, entre outras, as ditaduras de Cuba, Coreia do Norte, Líbia, Gabão, Zimbábue, Mianmar. Não revelam o menor interesse pelo genocídio do Sudão, o banditismo na Somália ou a fragmentação do território da Geórgia. Centram suas atenções apenas em Honduras, porque esse país é pobre, pequeno e sem importância geopolítica, podendo converter-se em experimento descartável de governança global.
Honduras, contudo, poderá dar uma boa e digna lição de democracia ao mundo se conseguir manter-se na absoluta fidelidade à lei, mesmo se a solução para a crise for um arranjo político que consiga aplacar os intentos golpistas de Zelaya e seus tutores, a fúria dos insurgentes locais e a cínica indignação internacional.”