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ACRJ sedia conferência “Brasil e BRICs: A retomada do crescimento global”

Nesta terça-feira, dia 23 de outubro, aconteceu no Rio de Janeiro a conferência “Brasil e BRICs: A retomada do crescimento global”, realizada pelo BRICLab da Universidade de Columbia, em parceria com a Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) e “O Globo”. O evento, primeiro na cidade depois do lançamento oficial do Columbia Global Center Rio de Janeiro, contou com as boas vindas do presidente da ACRJ, Antenor Barros Leal, […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 24 de outubro de 2012 às 14h32.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 09h15.

Nesta terça-feira, dia 23 de outubro, aconteceu no Rio de Janeiro a conferência “Brasil e BRICs: A retomada do crescimento global”, realizada pelo BRICLab da Universidade de Columbia, em parceria com a Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) e “O Globo”.

O evento, primeiro na cidade depois do lançamento oficial do Columbia Global Center Rio de Janeiro, contou com as boas vindas do presidente da ACRJ, Antenor Barros Leal, que destacou a importância do debate em torno dos mercados emergentes e dos rumos da economia global.

O primeiro painel, mediado pelo correspondente do jornal “Financial Times” no Brasil, Joe Leahy, debateu o novo mapa econômico global, que traz os BRICs – com destaque para a China – como protagonistas da nova configuração.  O francês Christian Deseglise, co-diretor do BRICLab da Universidade de Columbia, destacou o crescimento desenfreado do país asiático: “Em 2012 a China representa quase 60% do crescimento econômico global, com um crescimento econômico médio anual de quase 10% nos últimos 35 anos”. Mas a “prosperidade” atual é recente.  Deseglise lembrou que há 15 anos, cerca de 90% do crescimento econômico global estavam divididos entre Estados Unidos, Europa e Japão. “Hoje em dia, o Japão e a Europa contribuem negativamente para esse crescimento”, afirmou.

Desenvolvimento sustentável

Apesar do crescimento meteórico chinês dos últimos anos, Christian Deseglise alertou para a necessidade do país  se preocupar com o mercado interno: “A China está norteada por exportações e investimentos em ativos fixos, como transporte, infraestrutura, imóveis. Não é um crescimento sustentável. Os chineses devem intensificar esforços para o desenvolvimento do mercado interno.”

O embaixador Marcílio Marques Moreira, presidente do Conselho Empresarial de Políticas Econômicas da ACRJ, conduziu o primeiro painel para a situação do Brasil no cenário global. Moreira criticou a mediocridade dos números brasileiros nos últimos anos: “O investimento no Brasil vem diminuindo, se chegar a 18% vai ser muito. Estamos sendo sustentados pelo aumento do consumo, mas metade desse aumento vem das importações, que também tem números em queda”, explicou.

O embaixador alertou para o baixo crescimento do país em 2011 e 2012, inferior a de países como a Argentina: “O Brasil está em uma situação difícil, chegou a um nível de renda per capita a qual muitos países têm tido dificuldade de ultrapassar. É uma doença dos países emergentes.” Para Moreira, o grande desafio brasileiro é aumentar os investimentos e a capacidade de indignação da sociedade: “Não aprendemos a aproveitar oportunidades. Nós temos uma economia muito fechada e uma satisfação geral das pessoas com essa situação. Consumo é acreditar no presente, investir é acreditar no futuro”.

Competitividade

O Diretor do Columbia Global Center Rio de Janeiro, Thomas Trebat, mesmo com uma visão otimista da situação econômica brasileira, destacou grandes entraves que dificultam a ascensão brasileira no cenário mundial. “Vamos continuar dependendo dos recursos naturais?”, indagou. Para Trebat, o Brasil falha no incentivo à inovação tecnológica e principalmente na educação: “Menos de 5% dos alunos latino-americanos conseguem atingir a média dos alunos asiáticos”. O diretor fez um balanço de dados brasileiros e chineses e destacou que em número de cientistas e engenheiros, educação e qualidade de ensino científico, o Brasil deixa a desejar.

O segundo painel, mediado pelo jornalista Merval Pereira, começou com o diretor no Brasil da Internacional Finance Corporation (IFC), Loy Pires, destacando a importância do estímulo ao setor privado dentro do BRICs e o fim do protecionismo, prejudicial para o livre mercado. “Cabe ao setor público a importante tarefa de pensar em regulamentações eficientes, no entanto, emprego, desenvolvimento, estabilidade e inovação estão diretamente ligados ao setor privado, que precisa ser incentivado”.

Marcos Troyjo, co-diretor do BRICLab e especialista do Instituto Millenium, traçou um panorama histórico da criação do BRICs e enumerou alguns fatores que permitiram a ascensão do bloco: “A globalização intensa, a queda da União Soviética juntamente com a predominância dos Estados Unidos no poder, o entendimento da economia de mercado e da democracia representativa como valores sólidos e a noção de inovação contribuíram para a formação do BRICs e são seu contexto histórico”.

O especialista acredita que o bloco econômico formado pelos países emergentes vai passar por mais um desafio, a “desglobalização”: “Percebemos que os movimentos de integração regional andam descarrilhando. Vemos a volta do Estado Nação, do individualismo nacional, e os países do BRICs vão participar dessa luta com armas diferentes. A China está passando por uma conversão de seu DNA. O modelo exportador vai se virar para o mercado interno, embora ainda continuem alavancando a inovação”.

Troyjo não deixou de lado o crescimento histórico da economia chinesa, e afirmou: “Em 1978 o país possuía uma população de um bilhão de pessoas com um PIB de 56 bilhões de dólares. Em 2012, 34 anos depois, a população chinesa chega a um bilhão e trezentas mil pessoas, com um PIB de 7,6 trilhões de dólares no ano passado. O processo de ascensão da Ásia veio para ficar.”

Nesta terça-feira, dia 23 de outubro, aconteceu no Rio de Janeiro a conferência “Brasil e BRICs: A retomada do crescimento global”, realizada pelo BRICLab da Universidade de Columbia, em parceria com a Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) e “O Globo”.

O evento, primeiro na cidade depois do lançamento oficial do Columbia Global Center Rio de Janeiro, contou com as boas vindas do presidente da ACRJ, Antenor Barros Leal, que destacou a importância do debate em torno dos mercados emergentes e dos rumos da economia global.

O primeiro painel, mediado pelo correspondente do jornal “Financial Times” no Brasil, Joe Leahy, debateu o novo mapa econômico global, que traz os BRICs – com destaque para a China – como protagonistas da nova configuração.  O francês Christian Deseglise, co-diretor do BRICLab da Universidade de Columbia, destacou o crescimento desenfreado do país asiático: “Em 2012 a China representa quase 60% do crescimento econômico global, com um crescimento econômico médio anual de quase 10% nos últimos 35 anos”. Mas a “prosperidade” atual é recente.  Deseglise lembrou que há 15 anos, cerca de 90% do crescimento econômico global estavam divididos entre Estados Unidos, Europa e Japão. “Hoje em dia, o Japão e a Europa contribuem negativamente para esse crescimento”, afirmou.

Desenvolvimento sustentável

Apesar do crescimento meteórico chinês dos últimos anos, Christian Deseglise alertou para a necessidade do país  se preocupar com o mercado interno: “A China está norteada por exportações e investimentos em ativos fixos, como transporte, infraestrutura, imóveis. Não é um crescimento sustentável. Os chineses devem intensificar esforços para o desenvolvimento do mercado interno.”

O embaixador Marcílio Marques Moreira, presidente do Conselho Empresarial de Políticas Econômicas da ACRJ, conduziu o primeiro painel para a situação do Brasil no cenário global. Moreira criticou a mediocridade dos números brasileiros nos últimos anos: “O investimento no Brasil vem diminuindo, se chegar a 18% vai ser muito. Estamos sendo sustentados pelo aumento do consumo, mas metade desse aumento vem das importações, que também tem números em queda”, explicou.

O embaixador alertou para o baixo crescimento do país em 2011 e 2012, inferior a de países como a Argentina: “O Brasil está em uma situação difícil, chegou a um nível de renda per capita a qual muitos países têm tido dificuldade de ultrapassar. É uma doença dos países emergentes.” Para Moreira, o grande desafio brasileiro é aumentar os investimentos e a capacidade de indignação da sociedade: “Não aprendemos a aproveitar oportunidades. Nós temos uma economia muito fechada e uma satisfação geral das pessoas com essa situação. Consumo é acreditar no presente, investir é acreditar no futuro”.

Competitividade

O Diretor do Columbia Global Center Rio de Janeiro, Thomas Trebat, mesmo com uma visão otimista da situação econômica brasileira, destacou grandes entraves que dificultam a ascensão brasileira no cenário mundial. “Vamos continuar dependendo dos recursos naturais?”, indagou. Para Trebat, o Brasil falha no incentivo à inovação tecnológica e principalmente na educação: “Menos de 5% dos alunos latino-americanos conseguem atingir a média dos alunos asiáticos”. O diretor fez um balanço de dados brasileiros e chineses e destacou que em número de cientistas e engenheiros, educação e qualidade de ensino científico, o Brasil deixa a desejar.

O segundo painel, mediado pelo jornalista Merval Pereira, começou com o diretor no Brasil da Internacional Finance Corporation (IFC), Loy Pires, destacando a importância do estímulo ao setor privado dentro do BRICs e o fim do protecionismo, prejudicial para o livre mercado. “Cabe ao setor público a importante tarefa de pensar em regulamentações eficientes, no entanto, emprego, desenvolvimento, estabilidade e inovação estão diretamente ligados ao setor privado, que precisa ser incentivado”.

Marcos Troyjo, co-diretor do BRICLab e especialista do Instituto Millenium, traçou um panorama histórico da criação do BRICs e enumerou alguns fatores que permitiram a ascensão do bloco: “A globalização intensa, a queda da União Soviética juntamente com a predominância dos Estados Unidos no poder, o entendimento da economia de mercado e da democracia representativa como valores sólidos e a noção de inovação contribuíram para a formação do BRICs e são seu contexto histórico”.

O especialista acredita que o bloco econômico formado pelos países emergentes vai passar por mais um desafio, a “desglobalização”: “Percebemos que os movimentos de integração regional andam descarrilhando. Vemos a volta do Estado Nação, do individualismo nacional, e os países do BRICs vão participar dessa luta com armas diferentes. A China está passando por uma conversão de seu DNA. O modelo exportador vai se virar para o mercado interno, embora ainda continuem alavancando a inovação”.

Troyjo não deixou de lado o crescimento histórico da economia chinesa, e afirmou: “Em 1978 o país possuía uma população de um bilhão de pessoas com um PIB de 56 bilhões de dólares. Em 2012, 34 anos depois, a população chinesa chega a um bilhão e trezentas mil pessoas, com um PIB de 7,6 trilhões de dólares no ano passado. O processo de ascensão da Ásia veio para ficar.”

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