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A vergonhosa seletividade oficial dos Direitos Humanos

Temos assistido nos últimos dias a uma clara investida por parte dos mais diversos setores da esquerda, assim como, pelo silêncio oficial, os constantes ataques a blogueira cubana, e, nossa especialista no Instituto Millenium, Yoani Sánchez. Não é surpreendente, bem pelo contrário, é a legítima crônica de um protesto anunciado [parafraseando Gabriel García Márquez], contudo, tais manifestações evidenciam a forte seletividade que os partidos de esquerda, assim como as ONG´s […] Leia mais

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Da Redação

Publicado em 20 de fevereiro de 2013 às 17h50.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 09h08.

Por Sandro Schmitz

Temos assistido nos últimos dias a uma clara investida por parte dos mais diversos setores da esquerda, assim como, pelo silêncio oficial, os constantes ataques a blogueira cubana, e, nossa especialista no Instituto Millenium, Yoani Sánchez. Não é surpreendente, bem pelo contrário, é a legítima crônica de um protesto anunciado [parafraseando Gabriel García Márquez], contudo, tais manifestações evidenciam a forte seletividade que os partidos de esquerda, assim como as ONG´s com essa orientação política realizam na temática dos Direitos Humanos no momento de instrumentalizá-los.

“Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”. A citação que abre esse segundo parágrafo do texto é a transcrição literal do art. XIX, da Resolução 217 A (III), proclamada pela Assembléia Geral das Nações Unidas, mais conhecida em todo mundo como: Declaração Universal dos Direitos Humanos. No entanto, esses grupos que criticam de forma tão incisiva a Yoani Sánchez integram as mesmas instituições que não se furtam a esgrimir a mesma Declaração quando conveniente a defender seus interesses. Interessante isso, aos amigos, as benesses do rei [ou rainha, tanto faz], aos inimigos o peso da lei.

Também nunca é excessivo lembrar que o partido que está no governo já há dez anos chegou ao poder muito em decorrência de seu trabalho em defesa dos Direitos Humanos e da difusão desse tema, ao menos no plano da teoria, e, ainda que de forma extremamente seletiva. Agora, no presente caso da Yoani Sánchez está ficando translúcido a todos o quanto a temática Direitos Humanos, no caso em seu item “liberdade de expressão”, é seletiva. O Brasil é um país de livre expressão, desde que expresse o que “eu” desejo, basta notar a indiferença oficial no que se refere a presença de uma das pessoas que possui mais importância na atualidade mundial na luta pelo livre trânsito de informações.

Todavia, a resposta de Yoani Sánchez aos seus desafetos ideológicos não poderia ser mais adequada à suas idéias. Muito diferente de quem se opõe a ela, a mesma foi de uma coerência lógica impecável, quando respondeu: “Ojalá em Cuba se pudiera hacer lo mismo”. Uma clara defesa da democracia, da intransigente defesa da livre expressão, o que ela defende desde sempre. Como ela própria definiu em seu blog, os autômatos, e de fato o são, pois apenas repetem palavras de ordem sem pensar no que fazem, mas, ainda assim responsáveis por seus atos vergonhosos e covardes, não possuem capacidade de impedir o avanço de seu trabalho.

A esses grupos que fique bem claro algo que eles insistem em não compreender: a essência mais profunda do liberalismo é a defesa intransigente da liberdade, em todas as dimensões que ela existe, pessoal, de expressão, econômica, enfim, todas liberdades. Um elemento essencial dessa liberdade é justamente a divergência, pois ao permitir que as pessoas expressem suas opiniões livremente, fatalmente irá surgir opiniões divergentes, portanto, pessoas que irão se opor no campo das idéias. Essa tensão inerente à divergência, faz com que novas idéias surjam de forma permanente e assim a livre expressão é uma das liberdades fundamentais do liberalismo, pois é garante que o mesmo esteja em permanente evolução.

Apenas as doutrinas coletivistas, que pretendem anular o indivíduo, elemento sagrado ao liberalismo, não suportam a livre expressão, pois essa liberdade incita ao debate permanente, aos questionamentos, a querer respostas que os detentores do poder, em regra, não desejam fornecer. Por isso, governos com vocação totalitária sempre querem controlar a mídia, criar órgãos de controle sobre a imprensa, censura e outros meios de controle sobre a informação, afinal, saber é poder. A livre expressão é uma das vigas mestras do liberalismo, pois garante a informação livre ao máximo de pessoas, o controle sobre a informação é a primeira medida dos ditadores sempre.

As ações do Governo Cubano para desacreditar sua cidadã em sua viagem internacional, o silêncio do governo brasileiro, e a demora em providenciar a segurança devida, as manifestações realizadas pelas ONG´s de esquerda em nosso país, enfim, todos esses atos demonstram de forma bem evidente a vocação totalitária dos envolvidos. Pessoas como Yoani Sánchez sempre incomodam muita gente, contudo são pessoas essenciais para a defesa do ideal liberal. Ela não está sozinha em sua luta, disso pode ter certeza, não podemos transigir no ideal da liberdade, como diria Abraham Lincoln, mas, antes de mais nada, é essencial que se diga algo muito importante: Seja bem vinda ao Brasil Yoani Sánchez.

Agora, ao menos uma coisa ficou clara nos últimos dias, o governo brasileiro criou a seletividade oficial dos Direitos Humanos, assim sendo, essas regras se aplicam apenas aos aliados do governo, aos não-aliados elas ficam “suspensas”, basta notar que nenhuma das ONG´s da esquerda que, tradicionalmente, se manifestam em prol da liberdade de expressão com base na Declaração Universal dos Direitos Humanos fez qualquer declaração até o momento, de forma bastante curiosa. Está, portanto, criado um enorme campo de exclusão de normas de Direitos Humanos no país, nos melhores moldes dos piores regimes totalitários da história do mundo.

Por Sandro Schmitz

Temos assistido nos últimos dias a uma clara investida por parte dos mais diversos setores da esquerda, assim como, pelo silêncio oficial, os constantes ataques a blogueira cubana, e, nossa especialista no Instituto Millenium, Yoani Sánchez. Não é surpreendente, bem pelo contrário, é a legítima crônica de um protesto anunciado [parafraseando Gabriel García Márquez], contudo, tais manifestações evidenciam a forte seletividade que os partidos de esquerda, assim como as ONG´s com essa orientação política realizam na temática dos Direitos Humanos no momento de instrumentalizá-los.

“Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”. A citação que abre esse segundo parágrafo do texto é a transcrição literal do art. XIX, da Resolução 217 A (III), proclamada pela Assembléia Geral das Nações Unidas, mais conhecida em todo mundo como: Declaração Universal dos Direitos Humanos. No entanto, esses grupos que criticam de forma tão incisiva a Yoani Sánchez integram as mesmas instituições que não se furtam a esgrimir a mesma Declaração quando conveniente a defender seus interesses. Interessante isso, aos amigos, as benesses do rei [ou rainha, tanto faz], aos inimigos o peso da lei.

Também nunca é excessivo lembrar que o partido que está no governo já há dez anos chegou ao poder muito em decorrência de seu trabalho em defesa dos Direitos Humanos e da difusão desse tema, ao menos no plano da teoria, e, ainda que de forma extremamente seletiva. Agora, no presente caso da Yoani Sánchez está ficando translúcido a todos o quanto a temática Direitos Humanos, no caso em seu item “liberdade de expressão”, é seletiva. O Brasil é um país de livre expressão, desde que expresse o que “eu” desejo, basta notar a indiferença oficial no que se refere a presença de uma das pessoas que possui mais importância na atualidade mundial na luta pelo livre trânsito de informações.

Todavia, a resposta de Yoani Sánchez aos seus desafetos ideológicos não poderia ser mais adequada à suas idéias. Muito diferente de quem se opõe a ela, a mesma foi de uma coerência lógica impecável, quando respondeu: “Ojalá em Cuba se pudiera hacer lo mismo”. Uma clara defesa da democracia, da intransigente defesa da livre expressão, o que ela defende desde sempre. Como ela própria definiu em seu blog, os autômatos, e de fato o são, pois apenas repetem palavras de ordem sem pensar no que fazem, mas, ainda assim responsáveis por seus atos vergonhosos e covardes, não possuem capacidade de impedir o avanço de seu trabalho.

A esses grupos que fique bem claro algo que eles insistem em não compreender: a essência mais profunda do liberalismo é a defesa intransigente da liberdade, em todas as dimensões que ela existe, pessoal, de expressão, econômica, enfim, todas liberdades. Um elemento essencial dessa liberdade é justamente a divergência, pois ao permitir que as pessoas expressem suas opiniões livremente, fatalmente irá surgir opiniões divergentes, portanto, pessoas que irão se opor no campo das idéias. Essa tensão inerente à divergência, faz com que novas idéias surjam de forma permanente e assim a livre expressão é uma das liberdades fundamentais do liberalismo, pois é garante que o mesmo esteja em permanente evolução.

Apenas as doutrinas coletivistas, que pretendem anular o indivíduo, elemento sagrado ao liberalismo, não suportam a livre expressão, pois essa liberdade incita ao debate permanente, aos questionamentos, a querer respostas que os detentores do poder, em regra, não desejam fornecer. Por isso, governos com vocação totalitária sempre querem controlar a mídia, criar órgãos de controle sobre a imprensa, censura e outros meios de controle sobre a informação, afinal, saber é poder. A livre expressão é uma das vigas mestras do liberalismo, pois garante a informação livre ao máximo de pessoas, o controle sobre a informação é a primeira medida dos ditadores sempre.

As ações do Governo Cubano para desacreditar sua cidadã em sua viagem internacional, o silêncio do governo brasileiro, e a demora em providenciar a segurança devida, as manifestações realizadas pelas ONG´s de esquerda em nosso país, enfim, todos esses atos demonstram de forma bem evidente a vocação totalitária dos envolvidos. Pessoas como Yoani Sánchez sempre incomodam muita gente, contudo são pessoas essenciais para a defesa do ideal liberal. Ela não está sozinha em sua luta, disso pode ter certeza, não podemos transigir no ideal da liberdade, como diria Abraham Lincoln, mas, antes de mais nada, é essencial que se diga algo muito importante: Seja bem vinda ao Brasil Yoani Sánchez.

Agora, ao menos uma coisa ficou clara nos últimos dias, o governo brasileiro criou a seletividade oficial dos Direitos Humanos, assim sendo, essas regras se aplicam apenas aos aliados do governo, aos não-aliados elas ficam “suspensas”, basta notar que nenhuma das ONG´s da esquerda que, tradicionalmente, se manifestam em prol da liberdade de expressão com base na Declaração Universal dos Direitos Humanos fez qualquer declaração até o momento, de forma bastante curiosa. Está, portanto, criado um enorme campo de exclusão de normas de Direitos Humanos no país, nos melhores moldes dos piores regimes totalitários da história do mundo.

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