“A infraestrutura está se tornando um gargalo na economia"
Economista comenta pior taxa de investimento em infraestrutura na história brasileira
institutomillenium
Publicado em 25 de janeiro de 2018 às 09h27.
Em 2017, o Brasil registrou a pior taxa de investimento em infraestrutura na história. Segundo dados divulgados pelo projeto infra2038, apenas 1,4% do PIB, o equivalente a R$ 87 bilhões, foi destinado ao setor, montante que não é suficiente para repor o desgaste natural do tempo da infraestrutura já existente. Para o economista e especialista do Instituto Millenium, Armando Castelar Pinheiro, desde a década de 1980 o país vem investindo pouco em infraestrutura na comparação com o padrão anterior ou com outros governos pelo mundo. Diversos fatores, no entantom fizeram com que a situação piorasse ainda mais no ano passado. Ouça a entrevista!
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De acordo com o especialista, além da grande retração na economia, o investimento público também sofreu uma forte redução em 2017, já que o governo precisa equilibrar suas contas e tem grande parte de seu orçamento congelado pelas despesas obrigatórias, como pagamento de pessoal e Previdência, reduzindo o valor que é utilizado para investir no país. Outra questão apontada são as investigações de casos de corrupção, como a Lava-Jato, que envolveram muitas empresas ligadas à infraestrutura. Castelar destaca que o atual cenário reflete uma menor capacidade de produção e, portanto, em menos crescimento para o Brasil:
“O caso da infraestrutura tem um fator adicional porque ela afeta muito a produtividade do capital de outros setores. Uma estrada esburacada, por exemplo, diminui a vida útil de um caminhão. Um porto sobrecarregado exige que o caminhão fique parado muito tempo na estrada, a energia elétrica, quando falta ou encarece, é difícil ser substituída… Então há um quê de essencialidade e complementariedade com outros tipos de capital, que faz com que não apenas a produção do setor em si seja limitada pela falta de investimento”.
Uma economia cheia de riscos
Armando Castelar salienta que o quadro institucional geral do Brasil representa riscos excessivos para quem deseja investir. Por si só, os projetos de infraestrutura já são complexos, pois necessitam de muito capital e demoram décadas para que se obtenha o retorno do que foi investido. Além disso, existem riscos em relação à regulação brasileira. Segundo o especialista, as privatizações podem ajudar a melhorar o quadro, no entanto, ainda será preciso fazer mais para aumentar as taxas de investimentos:
“Você tem um problema sério no setor público pelas regras, que são necessárias, mas acabam se mostrando muito complicadas e tolem o investimento. No Brasil, a maior parte do que é investido em infraestrutura já vem do setor privado em concessões que foram realizadas. Acredito que privatizar mais vai ajudar, mas sozinha ela não resolve. O problema é que é arriscado investir em infraestrutura, isso vale para o investidor privado e o público, que tem complicações adicionais na sua capacidade de contratação e execução de projetos”.
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Em 2017, o Brasil registrou a pior taxa de investimento em infraestrutura na história. Segundo dados divulgados pelo projeto infra2038, apenas 1,4% do PIB, o equivalente a R$ 87 bilhões, foi destinado ao setor, montante que não é suficiente para repor o desgaste natural do tempo da infraestrutura já existente. Para o economista e especialista do Instituto Millenium, Armando Castelar Pinheiro, desde a década de 1980 o país vem investindo pouco em infraestrutura na comparação com o padrão anterior ou com outros governos pelo mundo. Diversos fatores, no entantom fizeram com que a situação piorasse ainda mais no ano passado. Ouça a entrevista!
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De acordo com o especialista, além da grande retração na economia, o investimento público também sofreu uma forte redução em 2017, já que o governo precisa equilibrar suas contas e tem grande parte de seu orçamento congelado pelas despesas obrigatórias, como pagamento de pessoal e Previdência, reduzindo o valor que é utilizado para investir no país. Outra questão apontada são as investigações de casos de corrupção, como a Lava-Jato, que envolveram muitas empresas ligadas à infraestrutura. Castelar destaca que o atual cenário reflete uma menor capacidade de produção e, portanto, em menos crescimento para o Brasil:
“O caso da infraestrutura tem um fator adicional porque ela afeta muito a produtividade do capital de outros setores. Uma estrada esburacada, por exemplo, diminui a vida útil de um caminhão. Um porto sobrecarregado exige que o caminhão fique parado muito tempo na estrada, a energia elétrica, quando falta ou encarece, é difícil ser substituída… Então há um quê de essencialidade e complementariedade com outros tipos de capital, que faz com que não apenas a produção do setor em si seja limitada pela falta de investimento”.
Uma economia cheia de riscos
Armando Castelar salienta que o quadro institucional geral do Brasil representa riscos excessivos para quem deseja investir. Por si só, os projetos de infraestrutura já são complexos, pois necessitam de muito capital e demoram décadas para que se obtenha o retorno do que foi investido. Além disso, existem riscos em relação à regulação brasileira. Segundo o especialista, as privatizações podem ajudar a melhorar o quadro, no entanto, ainda será preciso fazer mais para aumentar as taxas de investimentos:
“Você tem um problema sério no setor público pelas regras, que são necessárias, mas acabam se mostrando muito complicadas e tolem o investimento. No Brasil, a maior parte do que é investido em infraestrutura já vem do setor privado em concessões que foram realizadas. Acredito que privatizar mais vai ajudar, mas sozinha ela não resolve. O problema é que é arriscado investir em infraestrutura, isso vale para o investidor privado e o público, que tem complicações adicionais na sua capacidade de contratação e execução de projetos”.
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