A gratuidade a 24 quadros por segundo
Enquanto cinema, “Lula, o Filho do Brasil” não existe. Ou, em existindo, é ruim, mesmo constrangedor, como de resto o são todos os filmes dirigidos por Fábio Barreto. Enquanto propaganda mal disfarçada e artefato demagógico de penúltima geração (há aquele gostinho de “eu já vi isso antes”, como não poderia deixar de ser), “Lula” é a celebração embriagada de um “brasileiro do povo” (sic) que “deu certo”. Ou seja: o […] Leia mais
Da Redação
Publicado em 19 de novembro de 2009 às 11h28.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 12h46.
Enquanto cinema, “Lula, o Filho do Brasil” não existe. Ou, em existindo, é ruim, mesmo constrangedor, como de resto o são todos os filmes dirigidos por Fábio Barreto.
Enquanto propaganda mal disfarçada e artefato demagógico de penúltima geração (há aquele gostinho de “eu já vi isso antes”, como não poderia deixar de ser), “Lula” é a celebração embriagada de um “brasileiro do povo” (sic) que “deu certo”.
Ou seja: o lance dos Barreto (o pai, Luiz Carlos, é o produtor) é executar um blockbuster à brasileira com todos os ingredientes dos piores blockbusters norte-americanos. Superação, triunfalismo, pessoas-que-lutam-contra-as-adversidades, essas coisas. Conforme já disseram por aí, o filme exibe aquele tipo de “sofisticação” tão cara às minisséries globais, descambando para o dramalhão aqui e ali.
“Lula, o Filho do Brasil” teve premiére no Festival de Brasília, um dos mais tradicionais do país, e chega a quatrocentas salas de cinema em 1º de janeiro próximo, estreia digna de filme da Xuxa.
Mil e oitocentos convidados (pelo menos 400 deles eram VIPs do governo) lotaram o Cine Brasília, o qual, em condições normais, suporta no máximo mil e trezentas almas (“almas”, aqui, no mais amplo sentido Nicolai Gogol do termo).
A cinebio custou em torno de 12 milhões de reais, e os culpados por ela fazem questão de frisar que não houve a injeção de recursos captados mediante leis de incentivo. Nesse caso, uma vez que o troço não funciona enquanto cinema e tampouco foi financiado pelo governo, ou melhor, por nós, contribuintes, fica no ar a pergunta: para que ou para quem serve “Lula, o Filho do Brasil”?
Jean-Luc Godard certa vez definiu o cinema como “a verdade vinte e quatro vezes por segundo”. Brian DePalma, por sua vez, disse que “o cinema mente vinte e quatro vezes por segundo”. Fora da verdade e da mentira, está um filme como “Lula, o Filho do Brasil”: gratuito, insosso, sem razão de ser, arrancando aplausos protocolares daquelas centenas de VIPs que, eles, sim, são sustentados por nós.
Enquanto cinema, “Lula, o Filho do Brasil” não existe. Ou, em existindo, é ruim, mesmo constrangedor, como de resto o são todos os filmes dirigidos por Fábio Barreto.
Enquanto propaganda mal disfarçada e artefato demagógico de penúltima geração (há aquele gostinho de “eu já vi isso antes”, como não poderia deixar de ser), “Lula” é a celebração embriagada de um “brasileiro do povo” (sic) que “deu certo”.
Ou seja: o lance dos Barreto (o pai, Luiz Carlos, é o produtor) é executar um blockbuster à brasileira com todos os ingredientes dos piores blockbusters norte-americanos. Superação, triunfalismo, pessoas-que-lutam-contra-as-adversidades, essas coisas. Conforme já disseram por aí, o filme exibe aquele tipo de “sofisticação” tão cara às minisséries globais, descambando para o dramalhão aqui e ali.
“Lula, o Filho do Brasil” teve premiére no Festival de Brasília, um dos mais tradicionais do país, e chega a quatrocentas salas de cinema em 1º de janeiro próximo, estreia digna de filme da Xuxa.
Mil e oitocentos convidados (pelo menos 400 deles eram VIPs do governo) lotaram o Cine Brasília, o qual, em condições normais, suporta no máximo mil e trezentas almas (“almas”, aqui, no mais amplo sentido Nicolai Gogol do termo).
A cinebio custou em torno de 12 milhões de reais, e os culpados por ela fazem questão de frisar que não houve a injeção de recursos captados mediante leis de incentivo. Nesse caso, uma vez que o troço não funciona enquanto cinema e tampouco foi financiado pelo governo, ou melhor, por nós, contribuintes, fica no ar a pergunta: para que ou para quem serve “Lula, o Filho do Brasil”?
Jean-Luc Godard certa vez definiu o cinema como “a verdade vinte e quatro vezes por segundo”. Brian DePalma, por sua vez, disse que “o cinema mente vinte e quatro vezes por segundo”. Fora da verdade e da mentira, está um filme como “Lula, o Filho do Brasil”: gratuito, insosso, sem razão de ser, arrancando aplausos protocolares daquelas centenas de VIPs que, eles, sim, são sustentados por nós.