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O sim, o não e o enxague e repita da inovação

Recentemente um dos pensadores mais relevantes do momento sobre inovação publicou o seguinte em suas redes sociais:   “Há um mito que inovação é dizer sim mais do que dizer não. Na realidade, empresas que melhor performam: Realizam pequenas experimentos em muitos projetos (“sim”) Então, “matam” aqueles que não produzem evidencias (“não”) Apostam nos projetos […]

(Constantine Johnny/Getty Images)
FO

Felipe Ost Scherer

Publicado em 5 de janeiro de 2021 às 10h43.

Recentemente um dos pensadores mais relevantes do momento sobre inovação publicou o seguinte em suas redes sociais:

 

“Há um mito que inovação é dizer sim mais do que dizer não.

Na realidade, empresas que melhor performam:

  1. Realizam pequenas experimentos em muitos projetos (“sim”)
  2. Então, “matam” aqueles que não produzem evidencias (“não”)
  3. Apostam nos projetos que produzem as evidencias. “

 

O post foi feito por Alex Osterwalder. Ele é um dos idealizadores do famoso canvas do modelo de negócios, amplamente utilizado por empreendedores e executivos.

A ideia apresentada parece obvia e simples, porém traz alguns ensinamentos nem sempre praticados pelas corporações.

 

Pequenos Experimentos / Muitos Projetos

A maioria das grandes empresas gostam de grandes projetos. A construção de uma nova unidade, a mudança do sistema de ERP, a atualização da marca... são projetos que mobilizam a alta gestão, gerentes, recursos e a atenção da corporação.

A construção de uma nova unidade industrial consome centenas de milhões de reais e a atenção de um grupo importante de executivos durante pelo menos 3 anos. Já acompanhei situações como essa diversas vezes em clientes de grande porte.

O ponto aqui não é questionar esse comportamento, apenas entender que é da natureza das dessas empresas trabalhar com grandes escopos, orçamentos volumosos e cronograma longos.

Osterwalder propõem pequenos experimentos em quantidade. Exatamente ao contrário do modelo anterior. Por que será? Parte da resposta está na natureza dos projetos. Em projetos como construir uma nova fábrica ou trocar o fornecedor do ERP o planejamento da execução pode ser realizado com boa visibilidade e acurácia uma vez que isso já fora realizado anteriormente pela própria empresa ou a expertise para tal já está disponível devido a outras experiências.

Em projetos de inovação, o fator incerteza e desconhecimento sobre o comportamento de algumas variáveis tecnológicas, mercadológicas e organizacionais são elevados. Por isso a abordagem de pequenos/muitos experimentos. Esses pequenos projetos servem para explorar possibilidades, aprender o mais rápido possível com o menor comprometimento de recursos.

Uma analogia interessante é o processo de desenvolvimento de um novo medicamento. A cada 10 mil moléculas pesquisadas, 1 irá se transformar em produto. Claro que a relação não precisa ser 10.000:1, porém a ideia da abordagem de experimentação no processo de inovação é trazer alternativas viáveis através de aprendizado rápido.

 

Matam aqueles que não produzem evidências

Essa é fase do não! “Desligar” os projetos pode ser muito traumático em algumas empresas. Quem autorizou o projeto? Como vamos explicar para a matriz e os acionistas? Como o mercado e os clientes irão reagir? Vamos colocar o time do projeto na “geladeira” para dar o exemplo que não toleramos baixo desempenho?

Quanto maior o projeto, maior a repercussão de um eventual insucesso. Essa conclusão é óbvia novamente, porém só reforça o argumento dos pequenos experimentos.

Com uma abordagem organizada de experimentos fica muito mais fácil tomar a decisão baseada em evidências e dados. Os melhores canais para distribuir o novo produto, as melhores ferramentas de comunicação, modelo de precificação, formato... tudo pode e deve ser testado para definir as com maior potencial de sucesso. Aqueles que não respondem conforme esperado geram novos experimentos com ajustes ou são descartados.

Lembrando que cada um desses “insucessos” trazem insumos para novos experimentos e futuros sucessos!

 

Apostam nos que produzem evidências

Esse é outro problema bastante recorrente em grandes empresas. O rollout dos pilotos de sucesso. Em muitas empresas existe aquela velha máxima: “queremos mudar não mudando”. Isso é basicamente o que chamamos do teatro da inovação. Muita iniciativa e pouca acabativa.

Sem o real comprometimento da alta gestão com a inovação dificilmente haverá mudanças significativas no negócio. Por mais que os experimentos e as evidências apontem para potenciais sucessos.

Com a devida licença, incluiria um 4º item na postagem do início do texto:

 

 

Qualquer resultado dessa abordagem requer intensidade e consistência. Intensidade já foi bem abordado através de muitos experimentos e consistência por uma visão de médio e longo prazo que permitirá colher os frutos das iniciativas de inovação.

Felipe Ost Scherer

@felipeoscherer

Recentemente um dos pensadores mais relevantes do momento sobre inovação publicou o seguinte em suas redes sociais:

 

“Há um mito que inovação é dizer sim mais do que dizer não.

Na realidade, empresas que melhor performam:

  1. Realizam pequenas experimentos em muitos projetos (“sim”)
  2. Então, “matam” aqueles que não produzem evidencias (“não”)
  3. Apostam nos projetos que produzem as evidencias. “

 

O post foi feito por Alex Osterwalder. Ele é um dos idealizadores do famoso canvas do modelo de negócios, amplamente utilizado por empreendedores e executivos.

A ideia apresentada parece obvia e simples, porém traz alguns ensinamentos nem sempre praticados pelas corporações.

 

Pequenos Experimentos / Muitos Projetos

A maioria das grandes empresas gostam de grandes projetos. A construção de uma nova unidade, a mudança do sistema de ERP, a atualização da marca... são projetos que mobilizam a alta gestão, gerentes, recursos e a atenção da corporação.

A construção de uma nova unidade industrial consome centenas de milhões de reais e a atenção de um grupo importante de executivos durante pelo menos 3 anos. Já acompanhei situações como essa diversas vezes em clientes de grande porte.

O ponto aqui não é questionar esse comportamento, apenas entender que é da natureza das dessas empresas trabalhar com grandes escopos, orçamentos volumosos e cronograma longos.

Osterwalder propõem pequenos experimentos em quantidade. Exatamente ao contrário do modelo anterior. Por que será? Parte da resposta está na natureza dos projetos. Em projetos como construir uma nova fábrica ou trocar o fornecedor do ERP o planejamento da execução pode ser realizado com boa visibilidade e acurácia uma vez que isso já fora realizado anteriormente pela própria empresa ou a expertise para tal já está disponível devido a outras experiências.

Em projetos de inovação, o fator incerteza e desconhecimento sobre o comportamento de algumas variáveis tecnológicas, mercadológicas e organizacionais são elevados. Por isso a abordagem de pequenos/muitos experimentos. Esses pequenos projetos servem para explorar possibilidades, aprender o mais rápido possível com o menor comprometimento de recursos.

Uma analogia interessante é o processo de desenvolvimento de um novo medicamento. A cada 10 mil moléculas pesquisadas, 1 irá se transformar em produto. Claro que a relação não precisa ser 10.000:1, porém a ideia da abordagem de experimentação no processo de inovação é trazer alternativas viáveis através de aprendizado rápido.

 

Matam aqueles que não produzem evidências

Essa é fase do não! “Desligar” os projetos pode ser muito traumático em algumas empresas. Quem autorizou o projeto? Como vamos explicar para a matriz e os acionistas? Como o mercado e os clientes irão reagir? Vamos colocar o time do projeto na “geladeira” para dar o exemplo que não toleramos baixo desempenho?

Quanto maior o projeto, maior a repercussão de um eventual insucesso. Essa conclusão é óbvia novamente, porém só reforça o argumento dos pequenos experimentos.

Com uma abordagem organizada de experimentos fica muito mais fácil tomar a decisão baseada em evidências e dados. Os melhores canais para distribuir o novo produto, as melhores ferramentas de comunicação, modelo de precificação, formato... tudo pode e deve ser testado para definir as com maior potencial de sucesso. Aqueles que não respondem conforme esperado geram novos experimentos com ajustes ou são descartados.

Lembrando que cada um desses “insucessos” trazem insumos para novos experimentos e futuros sucessos!

 

Apostam nos que produzem evidências

Esse é outro problema bastante recorrente em grandes empresas. O rollout dos pilotos de sucesso. Em muitas empresas existe aquela velha máxima: “queremos mudar não mudando”. Isso é basicamente o que chamamos do teatro da inovação. Muita iniciativa e pouca acabativa.

Sem o real comprometimento da alta gestão com a inovação dificilmente haverá mudanças significativas no negócio. Por mais que os experimentos e as evidências apontem para potenciais sucessos.

Com a devida licença, incluiria um 4º item na postagem do início do texto:

 

 

Qualquer resultado dessa abordagem requer intensidade e consistência. Intensidade já foi bem abordado através de muitos experimentos e consistência por uma visão de médio e longo prazo que permitirá colher os frutos das iniciativas de inovação.

Felipe Ost Scherer

@felipeoscherer

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