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Monetização de impacto: o custo-benefício de um projeto socioambiental

Em texto anterior, a coluna discutiu a Análise de Custo-Efetividade. Agora, é retomado o assunto para apresentar a Análise de Custo-Benefício

 (Luis Alvarez/Getty Images)
(Luis Alvarez/Getty Images)
I
Impacto Social

Publicado em 28 de abril de 2022 às, 09h00.

O conteúdo desse blog é gerenciado pelo Insper Metricis, o núcleo do Insper especializado em realizar estudos sobre estratégias organizacionais e práticas de gestão envolvendo projetos com potencial de gerar alto impacto socioambiental. 

Por Jorge Ikawa* e Octavio Augusto de Barros**

Em texto anterior, discutimos a Análise de Custo-Efetividade (CE). Nesta publicação, retomamos o assunto metodologias para monetização de impacto para apresentar a Análise de Custo-Benefício (CB). Informações mais detalhadas sobre estas e outras técnicas de monetização de impacto você encontra aqui, em documento desenvolvido pelo Insper Metricis, em parceria com a GK Ventures.

Diferentemente da análise de CE, a abordagem de CB necessita que os benefícios gerados por determinada inciativa sejam monetizados. Embora esse procedimento geralmente torne mais complexo o processo de avaliação, também possibilita a comparação de projetos de segmentos bastante distintos, como educação e saúde, por exemplo. Essa perspectiva pode ser relevante para decisões de alocação de investimentos em diferentes ações na área socioambiental.

A análise de CB propõe, de maneira geral, uma comparação entre benefícios e custos, em termos monetários, de determinado projeto. Caso os benefícios superem os custos, a iniciativa deve ser implementada, pelo menos sob um ponto de vista de retorno econômico. Para ilustração, considere um projeto que tenha o intuito de gerar qualidade de vida para adultos por meio de exercícios físicos. A análise de CB requer que custos, tanto implícitos quanto explícitos, e benefícios sejam monetizados. Nesse caso, os custos compreenderiam, entre outros, os valores destinados à infraestrutura e à contratação de profissionais de Educação Física, por exemplo. Já os benefícios incluiriam reduções nos gastos com medicamentos e consultas médicas, não restritos apenas ao momento presente.

Neste exemplo, alguns efeitos podem estar relacionados a fatores dificilmente monetizáveis, como um aumento nos anos de vida. Nestas situações, é comum utilizar aproximações quantitativas para esses valores. E a literatura pode prover dicas importantes nesse sentido. Neste caso, um adulto longevo pode passar mais anos no mercado de trabalho ou ficar menos dias afastado do emprego. Uma possível aproximação monetária destes benefícios poderia ser feita com o uso dos rendimentos extras obtidos pelo indivíduo ao longo de toda a vida a partir dos dias adicionais de trabalho. Como esses efeitos acontecerão no futuro, é necessário que sejam descontados para que se obtenha o benefício em valor presente.

Um exemplo interessante de aplicação da análise de CB foi discutido aqui, durante apresentação de Leandro Simões Pongeluppe na 24ª Oficina de Impacto Socioambiental. Pongeluppe utilizou esta abordagem para estimar os efeitos monetários de um projeto de capacitação desenvolvido pelo Banco da Providência e Prefeitura do Rio de Janeiro nas comunidades Cidade de Deus e Pavuna. Este mesmo evento contou com a participação de Paula Fabiani, que apresentou a abordagem Social Return on Investment (SROI), que será tema de um próximo texto. Não perca!

*Jorge Ikawa é doutor em Economia dos Negócios pelo Insper, bacharel em Economia pela FEARP-USP e formado em Jornalismo pela ECA-USP.

**Octavio Augusto de Barros é doutorando em Economia dos Negócios pelo Insper. É graduado em Economia pela FGV-SP e mestre em Estratégia Empresarial pela mesma instituição. Atua como pesquisador nas áreas de Avaliação de Impacto Socioambiental e Estratégia Organizacional.