Quais são as redes de supermercado com melhor controle de qualidade ambiental da carne?
O indicador Radar Verde rankeia os varejistas com maior controle de fornecedores para evitar carne de bois em áreas desmatadas na Amazônia
Colunista
Publicado em 19 de novembro de 2024 às 10h44.
A primeira fase da pesquisaRadar Verde 2024 analisou as 50 maiores redes de supermercados do Brasil. A pesquisa se baseia nos relatórios e comprovações públicas das empresas em relação aos sistema de monitoramento e rastreabilidade da cadeia de fornecedores de carne. A avaliação também considera informações que as empresas avaliadas podem enviar diretamente para o Radar Verde, com dados e relatórios de auditorias que não estejam publicados em seus canais públicos.
Os resultados da pesquisa revelam os quatro varejistas que possuem algum nível de controle sobre a origem da carne que comercializam. Em primeiro lugar ficou o GPA (Grupo Pão de Açúcar), com 53 pontos. Em seguida, os grupos Carrefour e Assaí, ambos com 48 pontos, e Cencosud Brasil, com 7 pontos. A pontuação segue uma escala de zero a 100. Os demais 63 supermercados avaliados receberam nota zero. Esse quadro acende um sinal de alerta sobre a capacidade do setor de se adaptar às demandas de um mercado que requer evolução ágil e consistente em sustentabilidade.
A ausência de rastreabilidade efetiva na cadeia de carne bovina é um risco ambiental e financeiro cada vez mais evidente. A complexa cadeia de fornecimento da pecuária, ainda sem o rigor necessário, mantém práticas que vinculam o desmatamento e a degradação ambiental à produção. Esses riscos, quando expostos, podem afetar a reputação dos varejistas e elevar os custos para se adequar a normativas ambientais, tanto no Brasil quanto no mercado internacional.
Por outro lado, a sustentabilidade oferece aos supermercados uma oportunidade econômica que vai muito além da questão ambiental. Os varejistas que investem em rastreabilidade, exigindo maior controle de fornecedores e implementando tecnologias que garantam uma origem responsável para a carne, podem se posicionar como líderes do setor, fortalecendo suas marcas e atraindo um consumidor cada vez mais atento e exigente.
Para os varejistas, a falta de rastreabilidade não é apenas uma questão ética; é uma oportunidade de negócios desperdiçada. Investir em sistemas que garantam a origem responsável da carne pode se traduzir em um diferencial competitivo substancial, ampliando a lealdade dos consumidores e conquistando novos segmentos de mercado que buscam práticas sustentáveis.
A questão mais crítica na rastreabilidade da origem da carne são as fazendas por onde os bois passam. Em geral, os bezerros nascem em uma fazenda, crescem em outras durante cerca de 3 a 4 anos e vão para uma fazenda de engorda final apenas para os últimos 3 a 4 meses. Hoje, os frigoríficos que vendem para os supermercados têm algum controle, no melhor dos casos, dessas últimas fazendas de engorda. As outras fazendas por onde os bois passaram, que concentram a maior parte do desmatamento da Amazônia - e a maior parte das emissões de gases de efeito estufa do Brasil - ainda estão fora do controle das empresas. Por isso, é fundamental que os supermercados acompanhem o progresso dos frigoríficos nesse quesito, priorizem as compras dos melhores fornecedores e apresentem isso tudo claramente para consumidores e investidores.
Por sua importância, a rastreabilidade é uma exigência não só dos consumidores, mas também dos investidores. Empresas com compromissos sustentáveis atraem mais investimentos de fundos ESG (ambientais, sociais e de governança), que priorizam companhias com práticas transparentes e responsáveis. Com a crescente pressão de mercados internacionais para que seus fornecedores sigam normas ambientais e de direitos humanos, a rastreabilidade torna-se um ativo estratégico e valioso.
De acordo com o relatório final do levantamento, varejistas como Assaí, Carrefour e GPA já começaram a adotar medidas como a exigência de certificações e o compromisso com políticas de combate ao desmatamento. Essas iniciativas, embora significativas, ainda são pontuais e não representam uma mudança ampla no setor. Para que a sustentabilidade se torne uma prática consolidada no varejo, é fundamental que todos os elos da cadeia de suprimentos se comprometam com a rastreabilidade. Esse movimento não só ajudará a proteger biomas essenciais como a Amazônia, mas também se alinha a uma estratégia econômica que fortalece a competitividade, tanto no mercado interno quanto no externo.
Observar se a carne não vem de áreas com desmatamento é a maior contribuição que o consumidor - e o vendedor - pode dar para reduzir a devastação na Amazônia. E também é a maior contribuição para reduzir as mudanças climáticas. Afinal, mais de 90% do desmatamento ilegal na Amazônia envolve a abertura de pastagens, segundo o Mapbiomas. E mais da metade das emissões de gases de efeito estufa do Brasil vem do setor da pecuária bovina, principalmente por conta desse desmatamento ilegal, segundo o SEEG, sistema de inventário de emissões do país. Por isso, a ação ambiental mais importante de um supermercado é selecionar a carne que compra e mostrar todos os seus critérios para os consumidores, acionistas e investidores.
A primeira fase da pesquisaRadar Verde 2024 analisou as 50 maiores redes de supermercados do Brasil. A pesquisa se baseia nos relatórios e comprovações públicas das empresas em relação aos sistema de monitoramento e rastreabilidade da cadeia de fornecedores de carne. A avaliação também considera informações que as empresas avaliadas podem enviar diretamente para o Radar Verde, com dados e relatórios de auditorias que não estejam publicados em seus canais públicos.
Os resultados da pesquisa revelam os quatro varejistas que possuem algum nível de controle sobre a origem da carne que comercializam. Em primeiro lugar ficou o GPA (Grupo Pão de Açúcar), com 53 pontos. Em seguida, os grupos Carrefour e Assaí, ambos com 48 pontos, e Cencosud Brasil, com 7 pontos. A pontuação segue uma escala de zero a 100. Os demais 63 supermercados avaliados receberam nota zero. Esse quadro acende um sinal de alerta sobre a capacidade do setor de se adaptar às demandas de um mercado que requer evolução ágil e consistente em sustentabilidade.
A ausência de rastreabilidade efetiva na cadeia de carne bovina é um risco ambiental e financeiro cada vez mais evidente. A complexa cadeia de fornecimento da pecuária, ainda sem o rigor necessário, mantém práticas que vinculam o desmatamento e a degradação ambiental à produção. Esses riscos, quando expostos, podem afetar a reputação dos varejistas e elevar os custos para se adequar a normativas ambientais, tanto no Brasil quanto no mercado internacional.
Por outro lado, a sustentabilidade oferece aos supermercados uma oportunidade econômica que vai muito além da questão ambiental. Os varejistas que investem em rastreabilidade, exigindo maior controle de fornecedores e implementando tecnologias que garantam uma origem responsável para a carne, podem se posicionar como líderes do setor, fortalecendo suas marcas e atraindo um consumidor cada vez mais atento e exigente.
Para os varejistas, a falta de rastreabilidade não é apenas uma questão ética; é uma oportunidade de negócios desperdiçada. Investir em sistemas que garantam a origem responsável da carne pode se traduzir em um diferencial competitivo substancial, ampliando a lealdade dos consumidores e conquistando novos segmentos de mercado que buscam práticas sustentáveis.
A questão mais crítica na rastreabilidade da origem da carne são as fazendas por onde os bois passam. Em geral, os bezerros nascem em uma fazenda, crescem em outras durante cerca de 3 a 4 anos e vão para uma fazenda de engorda final apenas para os últimos 3 a 4 meses. Hoje, os frigoríficos que vendem para os supermercados têm algum controle, no melhor dos casos, dessas últimas fazendas de engorda. As outras fazendas por onde os bois passaram, que concentram a maior parte do desmatamento da Amazônia - e a maior parte das emissões de gases de efeito estufa do Brasil - ainda estão fora do controle das empresas. Por isso, é fundamental que os supermercados acompanhem o progresso dos frigoríficos nesse quesito, priorizem as compras dos melhores fornecedores e apresentem isso tudo claramente para consumidores e investidores.
Por sua importância, a rastreabilidade é uma exigência não só dos consumidores, mas também dos investidores. Empresas com compromissos sustentáveis atraem mais investimentos de fundos ESG (ambientais, sociais e de governança), que priorizam companhias com práticas transparentes e responsáveis. Com a crescente pressão de mercados internacionais para que seus fornecedores sigam normas ambientais e de direitos humanos, a rastreabilidade torna-se um ativo estratégico e valioso.
De acordo com o relatório final do levantamento, varejistas como Assaí, Carrefour e GPA já começaram a adotar medidas como a exigência de certificações e o compromisso com políticas de combate ao desmatamento. Essas iniciativas, embora significativas, ainda são pontuais e não representam uma mudança ampla no setor. Para que a sustentabilidade se torne uma prática consolidada no varejo, é fundamental que todos os elos da cadeia de suprimentos se comprometam com a rastreabilidade. Esse movimento não só ajudará a proteger biomas essenciais como a Amazônia, mas também se alinha a uma estratégia econômica que fortalece a competitividade, tanto no mercado interno quanto no externo.
Observar se a carne não vem de áreas com desmatamento é a maior contribuição que o consumidor - e o vendedor - pode dar para reduzir a devastação na Amazônia. E também é a maior contribuição para reduzir as mudanças climáticas. Afinal, mais de 90% do desmatamento ilegal na Amazônia envolve a abertura de pastagens, segundo o Mapbiomas. E mais da metade das emissões de gases de efeito estufa do Brasil vem do setor da pecuária bovina, principalmente por conta desse desmatamento ilegal, segundo o SEEG, sistema de inventário de emissões do país. Por isso, a ação ambiental mais importante de um supermercado é selecionar a carne que compra e mostrar todos os seus critérios para os consumidores, acionistas e investidores.