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É fundamental se reinventar sempre para acompanhar a evolução

Falconi está na base de minha formação, aprendi e continuo a aprender com ele

Vejo claro propósito no trabalho que realizo e isto muito me motiva (Alvaro Guzella de Freitas/Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 28 de agosto de 2021 às 09h00.

Última atualização em 9 de setembro de 2021 às 11h43.

Por: Fabiana Monteiro

Álvaro Guzella de Freitas, CEO da Falconi Capital

É difícil precisar o momento em que tive o click e disse: “É isto que quero fazer da minha vida. É aqui que quero trabalhar e me desenvolver como profissional”. Mas, tem um deles que quero salientar, certamente foi um marco profissional para mim. Sempre fui muito comprometido e dedicado na organização da qual faço parte, a Falconi. Com isso, à medida em que me dedicava e entregava, as oportunidades surgiam e cresciam. Afinal, quanto mais trabalhamos, mais sorte temos. Eu entrei em janeiro de 2000. Em 2002, vieram os desafios de lideranças. E, no ano seguinte, um grande projeto, marco de minha carreira.

Sou mineiro, casado com Juliana, mas moro desde 2004 em São Paulo, onde nasceram meus dois filhos: Gabriela, de 14 anos, e Matheus, de 11 anos. Tenho Formação em Engenharia Mecatrônica com Especialização na área de Gestão Estratégica de Negócios. Venho de uma família humilde, religiosa e com valores muito sólidos. Sempre estudei em escolas públicas e, na hora de cursar a faculdade, consegui uma vaga em uma instituição particular, a Pontifícia Universidade Católica (PUC Minas), com auxílio de bolsa. Isso porque o curso que escolhi, que era novo no Brasil, só era oferecido em universidade privada em Minas Gerais. Depois fiz minha Pós-Graduação na Universidade Federal de Minas de Gerais (UFMG).

Engenharia Mecatrônica combina com Engenharia Mecânica e a parte de Informática e Automação. Naquele momento, entendia que poderia ser uma carreira de futuro e abrir boas perspectivas profissionais. Além disso, sempre tive facilidade com números e raciocínio lógico, então era natural que eu seguisse para a área de Exatas. Havia ainda uma questão especial para a escolha de Mecatrônica: sonhava em trabalhar no segmento automotivo, e acabei iniciando minha carreira como trainee na Fiat Automóveis.

Crescimento na medida da capacidade de entrega

Assim alcancei o meu objetivo inicial de trabalhar no segmento automotivo. Mas, confesso, traçada e alcançada essa meta inicial, me vi diante de uma frustração. Uma multinacional tem processos muito robustos, muito bem estabelecidos e padronizados. Naquela época, não tinha muito espaço para a inovação. Era seguir as diretrizes da matriz. Além disso, percebi que ali os executivos em posição média tinham muitos anos de casa, o que era um limitador para meu crescimento. E, para completar, a maioria dos diretores era oriunda da matriz e tinham outras nacionalidades.

Eu era super jovem, com muita energia e grandes sonhos de realização. Então, comecei a ver que não era bem aquilo o que eu buscava. Queria uma instituição mais dinâmica, que me permitisse crescimento fundamentalmente por mérito, e não pelo tempo de casa ou origem. Na verdade, houve ali um choque de realidade e uma frustração de expectativas. Eu havia investido 5 anos da minha formação e o sonho de uma vida inteira, mas bastaram 10 meses trabalhando na empresa, para eu perceber que aquilo não era para mim.

Mesmo contrária à opinião dos meus familiares, tive a coragem de me desligar da empresa, pois entendia que precisava me desenvolver e estar em um lugar onde me sentisse feliz, realizado e fazendo o que realmente gostava. Um lugar onde pudesse, de fato, sentir que meu trabalho fazia a diferença e tinha realmente valor. A partir dessa percepção, passei a buscar outros caminhos. Participei de alguns processos para trainee e um deles, em especial, me chamou a atenção. Era para uma instituição de nome Fundação de Desenvolvimento Gerencial (FDG), que levava programas de melhoria de gestão às empresas, governos e terceiro setor.

Imediatamente, identifiquei o ambiente como ideal para o meu desenvolvimento e no qual poderia crescer. Meus olhos brilharam. Cada dia estaria trabalhando em uma empresa diferente, de um segmento distinto, aprendendo coisas novas todos os dias. Fui aprovado e, quando entrei naquela instituição, percebi que em nada havia me equivocado. O crescimento se daria na medida da minha capacidade de entrega e resultados que fosse capaz de gerar. Para tanto, exigiria atualização constante. Até hoje, confesso que aprendo muito nessa Instituição. A FDG foi uma espécie de embrião para a Empresa de Consultoria, que hoje é chamada de Falconi. Já tenho mais de 20 anos de casa e sigo com a obstinação de me reinventar o tempo todo para acompanhar a evolução do meu segmento. Aqui temos de estar sempre nos desafiando, sempre à frente, sempre buscando novos conhecimentos e, claro, novas oportunidades.

Liderando e inspirando pelo exemplo

Esforcei-me muito durante os meus 5 anos de Engenharia. Dos 10 períodos que compõem o curso, em 7 deles fui premiado como “destaque acadêmico”, melhor aluno daquele ciclo e “medalha de ouro” como melhor aluno do curso. Sentia que tinha de corresponder aos esforços dos meus pais, que chegaram a vender o carro da família para pagar parte do valor da mensalidade. Então, se alguém me serviu como fonte de inspiração nessa fase de minha vida, foram os meus pais. No plano profissional, porém, não tenho como citar outra referência senão Vicente Falconi, Fundador da Instituição em que há mais de 20 anos trabalho. Trata-se de uma pessoa acima da média, que sempre serviu de inspiração não só para mim, mas para toda uma geração de jovens, de  executivos, de empresários do Brasil e do Exterior e de gestores públicos.

Falconi está na base de minha formação, aprendi e continuo a aprender com ele. É alguém que tem uma vontade de transformar as organizações, assim como a sociedade civil, por intermédio da gestão. É dotado de um espírito público único, verdadeiramente genuíno. Certamente é o meu mentor maior no plano profissional.

Sou um Sócio Sênior da Companhia, um Diretor Estatutário. Sempre busco me colocar na condição de cada colaborador que entra, como se fosse eu no meu primeiro dia na Companhia, com tudo novo e aquela aspiração e sonho. Temos aqui processos formais de mentoria. Na prática, procuramos apoiar alguns desses jovens e nós fazemos mentorias formais e informais, acompanhando-os e tentando ajudá-los na carreira. Percebo que somos observados o tempo todo. Tem um ditado que a minha mãe sempre fala, e com o qual concordo: “Frei Exemplo é o melhor pregador”. Assim, tem-se de liderar pelo exemplo. É por essa via que lideramos e inspiramos os mais jovens e os ajudamos em diversos aspectos.

Na Falconi, participamos ativamente do processo de seleção dos jovens, por meio de uma “banca executiva” final de aprovação. Entendemos a importância deles para o futuro da companhia, buscando sempre aqueles que podem ser nossos futuros sócios e nossos sucessores. Este olhar de desprendimento vem do nosso fundador. Ele sempre quis deixar um legado e preparar as pessoas para levar seu legado adiante. Inspirado por ele, temos esse compromisso. De forma concreta, colocamos uma idade-limite para começarmos a transferir nossas ações para os mais jovens. É um jeito um pouco diferente de lidar com a transição, mas que faz parte da nossa política e cultura. Sendo bem sincero, essa forma deveria ser uma tendência nas grandes organizações. Acreditamos que aquelas que têm prosperado buscam, por princípio, formar sucessores bem antes. No nosso caso, isso vem desde o processo de recrutamento e, lá na ponta, começamos a identificar os próximos sócios e dar sinais claros a eles, pois todos que formam o time de liderança são também donos da organização.

Vejo nos mais jovens as mesmas dúvidas que já tive

Como disse, somos uma partnership em que todos os líderes são donos da cia e têm data de entrada e data de saída, garantindo assim a oxigenação da sociedade. Portanto, inexiste aquela concorrência lateral, pois não adianta uma área ir bem e outra não. Aqui, quando todas as engrenagens vão bem, todos ganham. Além disso, se buscamos formar sucessores, visamos sempre à contratação dos melhores. Afinal, se tenho de promover alguém, precisa ser alguém melhor do que eu. Por outro lado, a demissão recai exatamente sobre aqueles que não se enquadram à nossa cultura ou não conseguem trabalhar com o time. Devemos sempre estar atentos, pois na hora que contratamos, promovemos ou demitimos alguém, damos um sinal claro para a Organização.

É importante sempre buscar por novos conhecimentos e os profissionais precisam levar isso a sério. O jovem já se apresenta falando inglês, espanhol, francês ou mesmo mandarim, além de ter experiências fora do país. Evidentemente, esse tipo de formação, que incluem Graduação, Pós-Graduação e Idiomas são importantes, mas contam muito hoje em dia as habilidades que chamamos de soft skills, que é saber se comunicar, se relacionar, ter postura, atitude e saber construir um bom network. Ou seja, formação acadêmica sólida ainda é fundamental e funciona como alicerce para o futuro. Mas já não é suficiente, daí a importância de se trabalhar diversos outros aspectos como estes mencionados.

Gosto muito de conversar com os mais jovens, porque vejo neles muitas das dúvidas que tive, pois também já passei por tudo aquilo. Todavia, se eu puder minimamente ajudar a eliminar tabus, compartilhar um pouco da minha história, aprendizado e experiência pode ser fundamental. É de inspiração pelo exemplo que estou falando mais uma vez. A todo momento, aqueles da nossa organização estão vendo que não adianta falar uma coisa e fazer outra. Em algum momento da minha carreira eu tive de dar uma guinada, por me confrontar com valores que não eram os meus e um ambiente que não era o que queria. Havia sonhado algo diferente para a minha vida profissional e tive que buscar novos caminhos. E, independentemente da situação, sempre existem outros caminhos.

O valor de um trabalho bem feito

Um dos desafios mais marcantes de minha carreira aconteceu em 2003. Foi quando tive aquele momento em que pensei: “O meu trabalho gera um impacto na sociedade”. Era um projeto do Governo de Minas Gerais, Estado onde nasci e me criei. Naquele ano, esta Unidade da Federação apresentava um déficit fiscal de 12% ao ano, o que equivalia a 2,4 bilhões de reais. Assim, entre as receitas arrecadadas e despesas para manter a máquina operando, faltavam R$200 milhões a cada mês. Isso levava a atraso de salário dos servidores, prestação de serviços inadequados à população, pois o Estado não tinha capacidade para investimento nem em setores essenciais, como infraestrutura, segurança, saúde e educação.

Vejo claro propósito no trabalho que realizo e isto muito me motiva. Mas ver os resultados daquele projeto, no caso, para o meu Estado natal, impactando diretamente a vida de pessoas que a orbitavam e a sociedade como um todo, foi muito especial. Lembro que, na época, Minas Gerais não tinha condições nem de pagar pelo serviço. Então, um grupo de empresários se uniu e o ofertou, sem qualquer contrapartida, visando a ajudar o Estado a sair da situação em que se encontrava. O desafio era em 4 anos alcançar o equilíbrio fiscal. No entanto, em 1 ano e meio já foi possível atingir aquela meta. A partir daí, havia recursos para pagar os salários dos servidores em dia e para os necessários investimentos.

Com o equilíbrio das contas, em 2005 Minas Gerais pôde voltar a captar recursos no exterior. Estes vieram, por exemplo, com a aprovação de um financiamento de quase R$1 bilhão por parte do Banco Mundial, sem exigir contrapartida financeira.

Todo resultado alcançado foi muito gratificante, porque pude dar minha contribuição naquele projeto. Ele permitiu a mudança de patamar do Estado naquele momento, que trouxe impacto positivo para a sociedade. Acredito que atuar junto ao Estado é uma forma de gerar impacto em larga escala na sociedade. Então, dentre todos aqueles que participei, certamente este foi o projeto que mais tive orgulho de ter atuado. Ele foi uma confirmação de que o que faço tem um valor, pois consigo combinar o aspecto de realização de um propósito maior com o lado pessoal.

Olhar sempre para frente

Eu sempre olho para frente e vejo que há ainda muito o que alcançar; e não estou falando do ponto de vista de cargo, mas de realizações. Sempre vejo espaço para crescimento, desenvolvimento e busco isso como princípio. De uma forma geral, na nossa empresa, entendemos que um bom líder é aquele que produz bons resultados, trabalhando com o time e fazendo sempre da forma correta.  O líder, em qualquer nível, precisa entregar bons resultados e alcançar os objetivos propostos. Ele não conquista nada sozinho, sempre precisa trabalhar com o time e reconhecer o mérito de cada um nas conquistas. E, ainda mais importante, precisa fazer tudo isto de forma correta, ética. Todo ano, temos desafios e metas maiores a concretizar, seja dentro da própria empresa ou advindos de nossos clientes. Daí ser necessário continuamente a buscar conhecimento e estar atualizado, pois o objetivo final é alcançar resultados melhores.

É preciso manter o pensamento de que é sempre possível aprender mais, a cada dia e de forma contínua. Isso é um traço de humildade e reflexo da conclusão de que não sabemos tudo, ainda que na condição de líder de um time, de uma equipe, de uma empresa. Desse modo, é importante se cercar de gente boa. Isso exige que se conheça o potencial e o valor de cada um. E, a partir deste reconhecimento, é possível colocar os melhores talentos nas melhores posições. Mas, nesse caminho para o topo, nunca se deve pegar atalhos, esquecer seus valores pessoais ou passar por cima dos valores da Organização.

Quando uma porta se fecha outra se abre

Gostaria de deixar para as próximas gerações um país melhor do que aquele que recebi. É o tipo de trabalho que faço: ajudar as organizações privadas, públicas e o terceiro setor a melhorarem. Por exemplo, se as empresas se tornam melhores, produzem mais riquezas, fazem mais investimentos, geram mais empregos, que permitem o sustento de mais famílias. Então, vejo de alguma forma a contribuição daquilo que eu faço para essa melhoria no âmbito empresarial e social. Quando presto trabalho para um governo, por exemplo, vejo o resultado em determinada área, como educação, que vai ficar melhor; saúde, com um hospital ou uma rede hospitalar mais eficiente; e muito mais. Outra atuação da qual me orgulho, foi um trabalho que fizemos em parceria com uma grande empresa e diversos governos na área de segurança viária. O objetivo era a redução de mortes e acidentes de trânsito, ou seja, preservar vidas. Iniciamos com o entendimento do problema até a concepção de um diagnóstico. Existe algo mais gratificante do que transformar e construir uma sociedade melhor e deixar um legado relevante para as próximas gerações?

Por pior que seja a crise, sempre tenho um olhar mais otimista para o nosso país. Aliás, é da minha personalidade tentar ver o lado positivo dos eventos e situações. É muito mais cômodo ver o copo meio vazio. Evidentemente, sinto-me frustrado por todas as oportunidades que nós, como o país, perdemos. Desde criança sempre ouvia que o Brasil era “um país do futuro”. Perdemos o timing e isso gera frustração, porque não temos feito o que precisamos fazer. Mas ainda temos muitas oportunidades pela frente e precisamos aproveitá-las, pois quando uma porta se fecha outra se abre.

Converta frustração em combustível para inovação

O mundo está em transformação, as inovações se processam muito rápido, mas existe uma janela de oportunidade. Acredito que o caminho para o nosso país passa pela educação, incentivo à inovação e ao empreendedorismo, pois toda nação que investir nestes campos tem condições de se transformar e ocupar um espaço no futuro. Não é segredo que o Brasil é abundante em recursos naturais e sem histórico de desastres naturais de grandes proporções, como terremotos, furacões e tsunamis.

Para os jovens digo que ao longo da minha carreira vi progredindo aqueles que souberam aproveitar as oportunidades e se dedicaram muito. Então, aproveitem suas cotas diárias de aprendizados e não desperdicem seus potenciais. Não percam o foco dos seus objetivos, busquem feedbacks e façam com que os momentos de frustração se tornem uma mola, um combustível para se reinventarem e inovarem.

Mensagem do mentor Vicente Falconi

O Alvaro é nosso Sócio Senior há muitos anos. Já trabalha comigo há 20 anos.   Sempre uma pessoa dedicada e disposta a enfrentar tarefas difíceis e de abordagem desconhecida.  A profissão de Consultor exige que você não tenha medo do desconhecido pois isto é o que você irá encontrar, a cada dia, dentro de nossos clientes e, até mesmo, dentro de nossa própria organização. O relato destes detalhes do início da vida profissional do Álvaro devem servir de inspiração para nossos jovens em início de carreira: Siga o seu coração, faça aquilo que você ama e o resto cairá em seu devido lugar!!!

Por: Fabiana Monteiro

Álvaro Guzella de Freitas, CEO da Falconi Capital

É difícil precisar o momento em que tive o click e disse: “É isto que quero fazer da minha vida. É aqui que quero trabalhar e me desenvolver como profissional”. Mas, tem um deles que quero salientar, certamente foi um marco profissional para mim. Sempre fui muito comprometido e dedicado na organização da qual faço parte, a Falconi. Com isso, à medida em que me dedicava e entregava, as oportunidades surgiam e cresciam. Afinal, quanto mais trabalhamos, mais sorte temos. Eu entrei em janeiro de 2000. Em 2002, vieram os desafios de lideranças. E, no ano seguinte, um grande projeto, marco de minha carreira.

Sou mineiro, casado com Juliana, mas moro desde 2004 em São Paulo, onde nasceram meus dois filhos: Gabriela, de 14 anos, e Matheus, de 11 anos. Tenho Formação em Engenharia Mecatrônica com Especialização na área de Gestão Estratégica de Negócios. Venho de uma família humilde, religiosa e com valores muito sólidos. Sempre estudei em escolas públicas e, na hora de cursar a faculdade, consegui uma vaga em uma instituição particular, a Pontifícia Universidade Católica (PUC Minas), com auxílio de bolsa. Isso porque o curso que escolhi, que era novo no Brasil, só era oferecido em universidade privada em Minas Gerais. Depois fiz minha Pós-Graduação na Universidade Federal de Minas de Gerais (UFMG).

Engenharia Mecatrônica combina com Engenharia Mecânica e a parte de Informática e Automação. Naquele momento, entendia que poderia ser uma carreira de futuro e abrir boas perspectivas profissionais. Além disso, sempre tive facilidade com números e raciocínio lógico, então era natural que eu seguisse para a área de Exatas. Havia ainda uma questão especial para a escolha de Mecatrônica: sonhava em trabalhar no segmento automotivo, e acabei iniciando minha carreira como trainee na Fiat Automóveis.

Crescimento na medida da capacidade de entrega

Assim alcancei o meu objetivo inicial de trabalhar no segmento automotivo. Mas, confesso, traçada e alcançada essa meta inicial, me vi diante de uma frustração. Uma multinacional tem processos muito robustos, muito bem estabelecidos e padronizados. Naquela época, não tinha muito espaço para a inovação. Era seguir as diretrizes da matriz. Além disso, percebi que ali os executivos em posição média tinham muitos anos de casa, o que era um limitador para meu crescimento. E, para completar, a maioria dos diretores era oriunda da matriz e tinham outras nacionalidades.

Eu era super jovem, com muita energia e grandes sonhos de realização. Então, comecei a ver que não era bem aquilo o que eu buscava. Queria uma instituição mais dinâmica, que me permitisse crescimento fundamentalmente por mérito, e não pelo tempo de casa ou origem. Na verdade, houve ali um choque de realidade e uma frustração de expectativas. Eu havia investido 5 anos da minha formação e o sonho de uma vida inteira, mas bastaram 10 meses trabalhando na empresa, para eu perceber que aquilo não era para mim.

Mesmo contrária à opinião dos meus familiares, tive a coragem de me desligar da empresa, pois entendia que precisava me desenvolver e estar em um lugar onde me sentisse feliz, realizado e fazendo o que realmente gostava. Um lugar onde pudesse, de fato, sentir que meu trabalho fazia a diferença e tinha realmente valor. A partir dessa percepção, passei a buscar outros caminhos. Participei de alguns processos para trainee e um deles, em especial, me chamou a atenção. Era para uma instituição de nome Fundação de Desenvolvimento Gerencial (FDG), que levava programas de melhoria de gestão às empresas, governos e terceiro setor.

Imediatamente, identifiquei o ambiente como ideal para o meu desenvolvimento e no qual poderia crescer. Meus olhos brilharam. Cada dia estaria trabalhando em uma empresa diferente, de um segmento distinto, aprendendo coisas novas todos os dias. Fui aprovado e, quando entrei naquela instituição, percebi que em nada havia me equivocado. O crescimento se daria na medida da minha capacidade de entrega e resultados que fosse capaz de gerar. Para tanto, exigiria atualização constante. Até hoje, confesso que aprendo muito nessa Instituição. A FDG foi uma espécie de embrião para a Empresa de Consultoria, que hoje é chamada de Falconi. Já tenho mais de 20 anos de casa e sigo com a obstinação de me reinventar o tempo todo para acompanhar a evolução do meu segmento. Aqui temos de estar sempre nos desafiando, sempre à frente, sempre buscando novos conhecimentos e, claro, novas oportunidades.

Liderando e inspirando pelo exemplo

Esforcei-me muito durante os meus 5 anos de Engenharia. Dos 10 períodos que compõem o curso, em 7 deles fui premiado como “destaque acadêmico”, melhor aluno daquele ciclo e “medalha de ouro” como melhor aluno do curso. Sentia que tinha de corresponder aos esforços dos meus pais, que chegaram a vender o carro da família para pagar parte do valor da mensalidade. Então, se alguém me serviu como fonte de inspiração nessa fase de minha vida, foram os meus pais. No plano profissional, porém, não tenho como citar outra referência senão Vicente Falconi, Fundador da Instituição em que há mais de 20 anos trabalho. Trata-se de uma pessoa acima da média, que sempre serviu de inspiração não só para mim, mas para toda uma geração de jovens, de  executivos, de empresários do Brasil e do Exterior e de gestores públicos.

Falconi está na base de minha formação, aprendi e continuo a aprender com ele. É alguém que tem uma vontade de transformar as organizações, assim como a sociedade civil, por intermédio da gestão. É dotado de um espírito público único, verdadeiramente genuíno. Certamente é o meu mentor maior no plano profissional.

Sou um Sócio Sênior da Companhia, um Diretor Estatutário. Sempre busco me colocar na condição de cada colaborador que entra, como se fosse eu no meu primeiro dia na Companhia, com tudo novo e aquela aspiração e sonho. Temos aqui processos formais de mentoria. Na prática, procuramos apoiar alguns desses jovens e nós fazemos mentorias formais e informais, acompanhando-os e tentando ajudá-los na carreira. Percebo que somos observados o tempo todo. Tem um ditado que a minha mãe sempre fala, e com o qual concordo: “Frei Exemplo é o melhor pregador”. Assim, tem-se de liderar pelo exemplo. É por essa via que lideramos e inspiramos os mais jovens e os ajudamos em diversos aspectos.

Na Falconi, participamos ativamente do processo de seleção dos jovens, por meio de uma “banca executiva” final de aprovação. Entendemos a importância deles para o futuro da companhia, buscando sempre aqueles que podem ser nossos futuros sócios e nossos sucessores. Este olhar de desprendimento vem do nosso fundador. Ele sempre quis deixar um legado e preparar as pessoas para levar seu legado adiante. Inspirado por ele, temos esse compromisso. De forma concreta, colocamos uma idade-limite para começarmos a transferir nossas ações para os mais jovens. É um jeito um pouco diferente de lidar com a transição, mas que faz parte da nossa política e cultura. Sendo bem sincero, essa forma deveria ser uma tendência nas grandes organizações. Acreditamos que aquelas que têm prosperado buscam, por princípio, formar sucessores bem antes. No nosso caso, isso vem desde o processo de recrutamento e, lá na ponta, começamos a identificar os próximos sócios e dar sinais claros a eles, pois todos que formam o time de liderança são também donos da organização.

Vejo nos mais jovens as mesmas dúvidas que já tive

Como disse, somos uma partnership em que todos os líderes são donos da cia e têm data de entrada e data de saída, garantindo assim a oxigenação da sociedade. Portanto, inexiste aquela concorrência lateral, pois não adianta uma área ir bem e outra não. Aqui, quando todas as engrenagens vão bem, todos ganham. Além disso, se buscamos formar sucessores, visamos sempre à contratação dos melhores. Afinal, se tenho de promover alguém, precisa ser alguém melhor do que eu. Por outro lado, a demissão recai exatamente sobre aqueles que não se enquadram à nossa cultura ou não conseguem trabalhar com o time. Devemos sempre estar atentos, pois na hora que contratamos, promovemos ou demitimos alguém, damos um sinal claro para a Organização.

É importante sempre buscar por novos conhecimentos e os profissionais precisam levar isso a sério. O jovem já se apresenta falando inglês, espanhol, francês ou mesmo mandarim, além de ter experiências fora do país. Evidentemente, esse tipo de formação, que incluem Graduação, Pós-Graduação e Idiomas são importantes, mas contam muito hoje em dia as habilidades que chamamos de soft skills, que é saber se comunicar, se relacionar, ter postura, atitude e saber construir um bom network. Ou seja, formação acadêmica sólida ainda é fundamental e funciona como alicerce para o futuro. Mas já não é suficiente, daí a importância de se trabalhar diversos outros aspectos como estes mencionados.

Gosto muito de conversar com os mais jovens, porque vejo neles muitas das dúvidas que tive, pois também já passei por tudo aquilo. Todavia, se eu puder minimamente ajudar a eliminar tabus, compartilhar um pouco da minha história, aprendizado e experiência pode ser fundamental. É de inspiração pelo exemplo que estou falando mais uma vez. A todo momento, aqueles da nossa organização estão vendo que não adianta falar uma coisa e fazer outra. Em algum momento da minha carreira eu tive de dar uma guinada, por me confrontar com valores que não eram os meus e um ambiente que não era o que queria. Havia sonhado algo diferente para a minha vida profissional e tive que buscar novos caminhos. E, independentemente da situação, sempre existem outros caminhos.

O valor de um trabalho bem feito

Um dos desafios mais marcantes de minha carreira aconteceu em 2003. Foi quando tive aquele momento em que pensei: “O meu trabalho gera um impacto na sociedade”. Era um projeto do Governo de Minas Gerais, Estado onde nasci e me criei. Naquele ano, esta Unidade da Federação apresentava um déficit fiscal de 12% ao ano, o que equivalia a 2,4 bilhões de reais. Assim, entre as receitas arrecadadas e despesas para manter a máquina operando, faltavam R$200 milhões a cada mês. Isso levava a atraso de salário dos servidores, prestação de serviços inadequados à população, pois o Estado não tinha capacidade para investimento nem em setores essenciais, como infraestrutura, segurança, saúde e educação.

Vejo claro propósito no trabalho que realizo e isto muito me motiva. Mas ver os resultados daquele projeto, no caso, para o meu Estado natal, impactando diretamente a vida de pessoas que a orbitavam e a sociedade como um todo, foi muito especial. Lembro que, na época, Minas Gerais não tinha condições nem de pagar pelo serviço. Então, um grupo de empresários se uniu e o ofertou, sem qualquer contrapartida, visando a ajudar o Estado a sair da situação em que se encontrava. O desafio era em 4 anos alcançar o equilíbrio fiscal. No entanto, em 1 ano e meio já foi possível atingir aquela meta. A partir daí, havia recursos para pagar os salários dos servidores em dia e para os necessários investimentos.

Com o equilíbrio das contas, em 2005 Minas Gerais pôde voltar a captar recursos no exterior. Estes vieram, por exemplo, com a aprovação de um financiamento de quase R$1 bilhão por parte do Banco Mundial, sem exigir contrapartida financeira.

Todo resultado alcançado foi muito gratificante, porque pude dar minha contribuição naquele projeto. Ele permitiu a mudança de patamar do Estado naquele momento, que trouxe impacto positivo para a sociedade. Acredito que atuar junto ao Estado é uma forma de gerar impacto em larga escala na sociedade. Então, dentre todos aqueles que participei, certamente este foi o projeto que mais tive orgulho de ter atuado. Ele foi uma confirmação de que o que faço tem um valor, pois consigo combinar o aspecto de realização de um propósito maior com o lado pessoal.

Olhar sempre para frente

Eu sempre olho para frente e vejo que há ainda muito o que alcançar; e não estou falando do ponto de vista de cargo, mas de realizações. Sempre vejo espaço para crescimento, desenvolvimento e busco isso como princípio. De uma forma geral, na nossa empresa, entendemos que um bom líder é aquele que produz bons resultados, trabalhando com o time e fazendo sempre da forma correta.  O líder, em qualquer nível, precisa entregar bons resultados e alcançar os objetivos propostos. Ele não conquista nada sozinho, sempre precisa trabalhar com o time e reconhecer o mérito de cada um nas conquistas. E, ainda mais importante, precisa fazer tudo isto de forma correta, ética. Todo ano, temos desafios e metas maiores a concretizar, seja dentro da própria empresa ou advindos de nossos clientes. Daí ser necessário continuamente a buscar conhecimento e estar atualizado, pois o objetivo final é alcançar resultados melhores.

É preciso manter o pensamento de que é sempre possível aprender mais, a cada dia e de forma contínua. Isso é um traço de humildade e reflexo da conclusão de que não sabemos tudo, ainda que na condição de líder de um time, de uma equipe, de uma empresa. Desse modo, é importante se cercar de gente boa. Isso exige que se conheça o potencial e o valor de cada um. E, a partir deste reconhecimento, é possível colocar os melhores talentos nas melhores posições. Mas, nesse caminho para o topo, nunca se deve pegar atalhos, esquecer seus valores pessoais ou passar por cima dos valores da Organização.

Quando uma porta se fecha outra se abre

Gostaria de deixar para as próximas gerações um país melhor do que aquele que recebi. É o tipo de trabalho que faço: ajudar as organizações privadas, públicas e o terceiro setor a melhorarem. Por exemplo, se as empresas se tornam melhores, produzem mais riquezas, fazem mais investimentos, geram mais empregos, que permitem o sustento de mais famílias. Então, vejo de alguma forma a contribuição daquilo que eu faço para essa melhoria no âmbito empresarial e social. Quando presto trabalho para um governo, por exemplo, vejo o resultado em determinada área, como educação, que vai ficar melhor; saúde, com um hospital ou uma rede hospitalar mais eficiente; e muito mais. Outra atuação da qual me orgulho, foi um trabalho que fizemos em parceria com uma grande empresa e diversos governos na área de segurança viária. O objetivo era a redução de mortes e acidentes de trânsito, ou seja, preservar vidas. Iniciamos com o entendimento do problema até a concepção de um diagnóstico. Existe algo mais gratificante do que transformar e construir uma sociedade melhor e deixar um legado relevante para as próximas gerações?

Por pior que seja a crise, sempre tenho um olhar mais otimista para o nosso país. Aliás, é da minha personalidade tentar ver o lado positivo dos eventos e situações. É muito mais cômodo ver o copo meio vazio. Evidentemente, sinto-me frustrado por todas as oportunidades que nós, como o país, perdemos. Desde criança sempre ouvia que o Brasil era “um país do futuro”. Perdemos o timing e isso gera frustração, porque não temos feito o que precisamos fazer. Mas ainda temos muitas oportunidades pela frente e precisamos aproveitá-las, pois quando uma porta se fecha outra se abre.

Converta frustração em combustível para inovação

O mundo está em transformação, as inovações se processam muito rápido, mas existe uma janela de oportunidade. Acredito que o caminho para o nosso país passa pela educação, incentivo à inovação e ao empreendedorismo, pois toda nação que investir nestes campos tem condições de se transformar e ocupar um espaço no futuro. Não é segredo que o Brasil é abundante em recursos naturais e sem histórico de desastres naturais de grandes proporções, como terremotos, furacões e tsunamis.

Para os jovens digo que ao longo da minha carreira vi progredindo aqueles que souberam aproveitar as oportunidades e se dedicaram muito. Então, aproveitem suas cotas diárias de aprendizados e não desperdicem seus potenciais. Não percam o foco dos seus objetivos, busquem feedbacks e façam com que os momentos de frustração se tornem uma mola, um combustível para se reinventarem e inovarem.

Mensagem do mentor Vicente Falconi

O Alvaro é nosso Sócio Senior há muitos anos. Já trabalha comigo há 20 anos.   Sempre uma pessoa dedicada e disposta a enfrentar tarefas difíceis e de abordagem desconhecida.  A profissão de Consultor exige que você não tenha medo do desconhecido pois isto é o que você irá encontrar, a cada dia, dentro de nossos clientes e, até mesmo, dentro de nossa própria organização. O relato destes detalhes do início da vida profissional do Álvaro devem servir de inspiração para nossos jovens em início de carreira: Siga o seu coração, faça aquilo que você ama e o resto cairá em seu devido lugar!!!

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