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Afinal, o que esperar do mercado imobiliário em 2023?

O setor imobiliário continuará a crescer de maneira sustentável, mas não com a mesma velocidade de 2020 e 2021

O primeiro trimestre é um bom momento para relembrar o que foi aprendido no período anterior e projetar tendências para esse que inicia (Germano Lüders/Exame)
O primeiro trimestre é um bom momento para relembrar o que foi aprendido no período anterior e projetar tendências para esse que inicia (Germano Lüders/Exame)
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Genoma Imobiliário

Publicado em 5 de março de 2023 às, 13h31.

O primeiro trimestre é um bom momento para relembrar o que foi aprendido no período anterior e projetar tendências para esse que inicia. O setor imobiliário não escapa dessa regra. O ano de 2022 foi o primeiro com cara de “pós-pandemia”. Logo, é natural olhar para ele ainda retrospecto para tentar entender quais são as novas expectativas dos consumidores.

O Conecta Imobi do último ano, por exemplo, já deu um termômetro de várias dessas questões. As palestras, mesas-redondas e encontros reuniram mais de 6 mil pessoas de diversas partes do país atrás de respostas para melhorar a performance neste 2023 que já está em ritmo acelerado.

Nesse sentido, vale retomar aqui pelo menos duas grandes tendências que devem marcar o futuro do mercado imobiliário. A primeira delas será a incorporação de cada vez mais ferramentas tecnológicas ao setor. Esse processo gradual foi bastante acentuado durante a pandemia e, em larga medida, já faz parte do “novo normal” de corretores, proprietários e locatários.

Refiro-me aqui às reuniões por teleconferência, às visitas remotas, por vídeo, e à popularização das assinaturas digitais nos contratos imobiliários, modalidade que antes da pandemia representava algo como 5% dos negócios fechados e, nos últimos dois anos, cresceu exponencialmente.

Mas essa é, por assim dizer, a ponta do iceberg da digitalização do setor. A tecnologia se mostra realmente promissora quando pensamos na incorporação da análise de dados (Big Data) e da inteligência artificial ao mercado imobiliário, associadas aos aplicativos e plataformas digitais de venda e locação, cada vez mais procurados.

O conceito chave aqui é personalização. Essas ferramentas digitais permitem entender com muito mais profundidade o perfil, as necessidades e as preferências de cada consumidor. Elas também permitem categorizar imóveis com precisão muito maior, a partir de uma gama enorme de critérios que contemplam cada aspecto de um empreendimento.

Os palestrantes e debatedores do Conecta Imobi foram unânimes em reconhecer que o Brasil ainda tem muito a avançar nessa área, especialmente quando comparamos nosso mercado ao dos Estados Unidos ou da Europa, nos quais esse uso da tecnologia para individualizar negócios já é bem mais disseminado.

Dito assim, pode parecer que esse movimento de digitalização contribuirá para diminuir a importância do elemento humano – isto é, do corretor – no mercado imobiliário. Na realidade, ocorre o contrário. A segunda grande tendência identificada e debatida durante o Conecta Imobi foi justamente a importância redobrada do trabalho do corretor, cujo protagonismo já abordei aqui neste espaço.

O setor imobiliário continuará a crescer de maneira sustentável, mas não com a mesma velocidade de 2020 e 2021. Espera-se, portanto, um processo de depuração natural desse mercado, processo pelo qual apenas os profissionais mais qualificados e comprometidos permanecerão na ativa.

Mas o que significa ser “mais qualificado” nesse contexto? Novamente, a palavra-chave é personalização: o consumidor exige cada vez mais profissionais capazes de utilizar plenamente o potencial das ferramentas digitais para localizar opções ajustadas às necessidades de cada comprador ou locatário. Isso explica, inclusive, o crescimento das plataformas educacionais voltadas aos corretores e o esforço das grandes imobiliárias na capacitação digital de seus profissionais.

O Prêmio Conecta Imobi, que reconhece a dedicação de profissionais e empresas do setor imobiliário, deixou ainda mais evidente essa mudança no perfil do corretor. O vencedor da categoria Melhor Pessoa Corretora foi justamente um profissional que se dedicou a aprender e aplicar novas ferramentas no seu cotidiano. O ganhador Henrique Cardoso usa uma plataforma online que auxilia na identificação de loteamentos e terrenos, a qual pode ser escalada em qualquer lugar, o que o ajudou a aumentar a produtividade da imobiliária em que atua, em Itapoá, Santa Catarina. Atento às novidades, ele aprendeu, ainda antes da pandemia, a trabalhar com drones, produzir materiais gráficos, utilizar recursos de realidade aumentada e ferramentas de tráfego pago para melhorar seus resultados.

E, somando à todas as novidades, não poderia deixar de mencionar o ChatGPT, que promete revolucionar ainda mais a nossa comunicação e vem sendo muito debatido, inclusive no Inman Connect, um dos maiores eventos do mundo de tecnologia e inovação para o segmento, que aconteceu no final de janeiro.

E, esses serão temas que certamente aparecerão nos painéis da próxima edição do Conecta Imobi, que marca 10 edições do evento.

Enfim, se uma lição pode ser tirada dos últimos períodos é: a chave para o crescimento do mercado imobiliário em 2023 e nos anos posteriores será justamente essa sinergia entre a precisão da tecnologia digital e o talento de nossos corretores e corretoras.

*Marcos Leite é General Manager da OLX Brasil