Um equilíbrio delicado — cultura x crescimento
Lembrar-se constantemente dos valores e da cultura de uma empresa é fator tão importante quanto revisar e revisitar a visão e a estratégia
Da Redação
Publicado em 30 de junho de 2021 às 17h40.
Última atualização em 30 de junho de 2021 às 17h40.
Por: Florian Hagenbuch
Longe de soarem como clichês ou frases feitas na organização interna de uma empresa, seus valores e sua cultura devem ser levados muito a sério para assegurar um desenvolvimento saudável. E isso só é possível quando esses valores e a cultura da companhia caminham de mãos dadas com a sua estratégia de crescimento.
Mas você deve estar se perguntando: afinal de contas, como é possível alimentar a insaciável fome de crescer - com a adaptabilidade diária e necessária para isso - e, ao mesmo tempo, manter vivos os valores e a cultura de uma empresa?
É um equilíbrio delicado. Especialmente quando estamos tratando do universo de startups, com inúmeras mudanças de rumo e de prioridades, além de metas agressivas em busca da escalada de produtos e serviços. Haja fôlego. Haja jogo de cintura.
Cultura — paixão compartilhada
Em um texto não tão recente, embora bastante atual, Brian Chesky, co-fundador e CEO do Airbnb já chamava a atenção para a importância de manter essa balança equilibrada. O título é sugestivo: “Don’t fuck up the culture”. Numa tradução livre e mais delicada, digamos assim, seria algo como “Não estrague a cultura”.
No texto, voltado a apoiar empreendedores em busca da construção da cultura de suas empresas, ele revela o teor de uma carta enviada para toda a equipe, em 2013. Chesky descreve o encontro que teve com o investidor de risco Peter Thiel, um dos fundadores do Paypal, após a Série C do Airbnb.
Indagado sobre que conselho daria para a companhia naquele momento, Thiel disparou: “Não estrague a cultura”. Chesky pareceu um tanto quanto chocado. “Não era a expectativa que tínhamos de alguém que nos deu U$ 150 millhões”, disse.
Palavrões à parte, o que Thiel queria dizer com a frase de efeito? A intenção era justamente a de um chacoalhão. “Pensei comigo mesmo: quantos CEOs de empresas estão focados na cultura acima de tudo? É nisso que eles passam a maior parte de suas horas a cada semana?”, indagou o co-fundador do Airbnb.
São perguntas que fazem sentido até hoje. “A cultura”, prosseguiu Chesky, é uma forma compartilhada de fazer algo com paixão.” Uma definição simples e, por isso, mesmo, boa em sua essência.
Cultura e valores — alicerces
A título de comparação, fica fácil visualizar a cultura e os valores de uma empresa como os alicerces de um prédio. Sem uma boa base, aquela construção não sobe. Ou pode ruir, caso o serviço não tenha sido bem executado. Nem preciso mencionar a importância disso quando estamos falando, na prática, sobre o mercado imobiliário.
Por isso, respondendo objetivamente às indagações de Chesky, deve-se reservar, sim, tempo para discutir e definir os valores e a cultura de uma empresa. E estar atento à manutenção desses valores e dessa cultura à medida que a empresa vai se desenvolvendo.
De fato, nunca é demais lembrar com frequência do verdadeiro significado de cada valor estabelecido e de como a cultura de uma empresa deve ser levada a sério. É responsabilidade de cada um e de todos.
E aí recorro mais uma vez à comparação com o setor de construção/imobiliário. Uma obra não fica pronta sem o mestre de obras ou engenheiro. Mas, da mesma forma, cada operário é parte essencial desse projeto. Sem cada um dos envolvidos, não tem obra que saia do papel.
Comportamento de construção — e não de consumo
Assim, lembrar-se constantemente dos valores e da cultura de uma empresa e colocá-los em prática no dia a dia é fator tão importante quanto revisar e revisitar a visão e a estratégia de uma empresa em franca expansão.
Esse é um comportamento de construção de uma companhia. Em seu discurso de posse na presidência dos EUA, em 20 de janeiro de 1961, John F. Kennedy disse: “Não pergunte o que os Estados Unidos podem fazer por você, mas o que você pode fazer pelos Estados Unidos”.
Sessenta anos depois, as palavras ecoam e fazem sentido ao pensarmos no ambiente empresarial. Uma empresa deve ser construída - e não consumida por quem está no mesmo barco.
Haverá pressões internas e externas de crescimento - lidar com suas próprias expectativas, por exemplo. Haverá entraves e dificuldades diárias. Haverá imbróglios e burocracias. Haverá erros e acertos. Todas essas questões devem ser enfrentadas para buscar o crescimento. É fácil? Claro que não. Lutar todos os dias para manter de pé os valores e a cultura em meio a isso tudo é que é o desafio.
Por: Florian Hagenbuch
Longe de soarem como clichês ou frases feitas na organização interna de uma empresa, seus valores e sua cultura devem ser levados muito a sério para assegurar um desenvolvimento saudável. E isso só é possível quando esses valores e a cultura da companhia caminham de mãos dadas com a sua estratégia de crescimento.
Mas você deve estar se perguntando: afinal de contas, como é possível alimentar a insaciável fome de crescer - com a adaptabilidade diária e necessária para isso - e, ao mesmo tempo, manter vivos os valores e a cultura de uma empresa?
É um equilíbrio delicado. Especialmente quando estamos tratando do universo de startups, com inúmeras mudanças de rumo e de prioridades, além de metas agressivas em busca da escalada de produtos e serviços. Haja fôlego. Haja jogo de cintura.
Cultura — paixão compartilhada
Em um texto não tão recente, embora bastante atual, Brian Chesky, co-fundador e CEO do Airbnb já chamava a atenção para a importância de manter essa balança equilibrada. O título é sugestivo: “Don’t fuck up the culture”. Numa tradução livre e mais delicada, digamos assim, seria algo como “Não estrague a cultura”.
No texto, voltado a apoiar empreendedores em busca da construção da cultura de suas empresas, ele revela o teor de uma carta enviada para toda a equipe, em 2013. Chesky descreve o encontro que teve com o investidor de risco Peter Thiel, um dos fundadores do Paypal, após a Série C do Airbnb.
Indagado sobre que conselho daria para a companhia naquele momento, Thiel disparou: “Não estrague a cultura”. Chesky pareceu um tanto quanto chocado. “Não era a expectativa que tínhamos de alguém que nos deu U$ 150 millhões”, disse.
Palavrões à parte, o que Thiel queria dizer com a frase de efeito? A intenção era justamente a de um chacoalhão. “Pensei comigo mesmo: quantos CEOs de empresas estão focados na cultura acima de tudo? É nisso que eles passam a maior parte de suas horas a cada semana?”, indagou o co-fundador do Airbnb.
São perguntas que fazem sentido até hoje. “A cultura”, prosseguiu Chesky, é uma forma compartilhada de fazer algo com paixão.” Uma definição simples e, por isso, mesmo, boa em sua essência.
Cultura e valores — alicerces
A título de comparação, fica fácil visualizar a cultura e os valores de uma empresa como os alicerces de um prédio. Sem uma boa base, aquela construção não sobe. Ou pode ruir, caso o serviço não tenha sido bem executado. Nem preciso mencionar a importância disso quando estamos falando, na prática, sobre o mercado imobiliário.
Por isso, respondendo objetivamente às indagações de Chesky, deve-se reservar, sim, tempo para discutir e definir os valores e a cultura de uma empresa. E estar atento à manutenção desses valores e dessa cultura à medida que a empresa vai se desenvolvendo.
De fato, nunca é demais lembrar com frequência do verdadeiro significado de cada valor estabelecido e de como a cultura de uma empresa deve ser levada a sério. É responsabilidade de cada um e de todos.
E aí recorro mais uma vez à comparação com o setor de construção/imobiliário. Uma obra não fica pronta sem o mestre de obras ou engenheiro. Mas, da mesma forma, cada operário é parte essencial desse projeto. Sem cada um dos envolvidos, não tem obra que saia do papel.
Comportamento de construção — e não de consumo
Assim, lembrar-se constantemente dos valores e da cultura de uma empresa e colocá-los em prática no dia a dia é fator tão importante quanto revisar e revisitar a visão e a estratégia de uma empresa em franca expansão.
Esse é um comportamento de construção de uma companhia. Em seu discurso de posse na presidência dos EUA, em 20 de janeiro de 1961, John F. Kennedy disse: “Não pergunte o que os Estados Unidos podem fazer por você, mas o que você pode fazer pelos Estados Unidos”.
Sessenta anos depois, as palavras ecoam e fazem sentido ao pensarmos no ambiente empresarial. Uma empresa deve ser construída - e não consumida por quem está no mesmo barco.
Haverá pressões internas e externas de crescimento - lidar com suas próprias expectativas, por exemplo. Haverá entraves e dificuldades diárias. Haverá imbróglios e burocracias. Haverá erros e acertos. Todas essas questões devem ser enfrentadas para buscar o crescimento. É fácil? Claro que não. Lutar todos os dias para manter de pé os valores e a cultura em meio a isso tudo é que é o desafio.