Exame.com
Continua após a publicidade

Alfredo Soares: o empreendedor vai ficando cada vez mais confortável no desconforto

Este Papo de Tubarões traz um dos fundadores da @g4educação, uma das maiores escolas de educação empreendedora do País

Alfredo Soares (G4 Educação/Reprodução)
Alfredo Soares (G4 Educação/Reprodução)

Este Papo de Tubarões traz um dos fundadores da @g4educação, uma das melhores e maiores escolas de educação empreendedora do País. Ele também é sócio da VTEX, a maior plataforma de e-commerce da América Latina, fundador e, hoje, conselheiro da Loja Integrada, uma empresa digital voltada a ajudar empresas com lojas na internet a fortalecerem suas marcas e serem rentáveis. Além disso, nosso tubarão Alfredo Soares já fez mais de 300 palestras nos maiores eventos do país e é autor dos livros Bora Vender, Bora Varejo e acaba de lançar mais um: Todos Somos Uma Marca.

Quem é o Alfredo?

Sou um apaixonado por marketing, obcecado em vender, porque venda é conectar pessoas com produtos e serviços e gerar um encantamento pelo alinhamento entre interesses e expectativas. Meu grande lugar de potência, e o que procuro fazer em todas as minhas conexões, é criar e nutrir relacionamentos que geram valor para o próximo e, assim, a venda acaba se tornando uma consequência  dessa relação. Todas as empresas de que participo, VTEX, Loja Integrada e @g4, têm o mesmo princípio: o uso de tecnologia para gerar valor para o mercado, criar relações com os clientes para serem muito mais do que  um software e ser uma solução, um parceiro de inteligência de mercado e de negócios, para fazer com que essas empresas tenham mais resultado.

Sou empreendedor serial, gosto de estar sempre em movimento, construindo coisas: sou  obcecado e apaixonado por palestrar e poder compartilhar. Costumo dizer que a minha missão é viajar pelo Brasil levando otimismo e boa energia para as pessoas que estão conectadas comigo e venho recebendo muito feed back durante esta década em que venho atuando no  empreendedorismo. Minha vontade é viajar, estar nos lugares, conhecer o Brasil, conhecer as histórias, transbordar empreendedorismo e boa energia.

Isso é muito bacana, porque você planta sementes que escalam, geram empregos, renda, negócios e riqueza para o País.

Adoro fazer isso. É obvio que a agenda fica mais complexa, que preciso criar uma estrutura para conciliar tudo da melhor forma possível, com segurança, otimizando meu tempo, mas isso recarrega muito minha energia e mexe com meu pertencimento. Eu costumo dizer aos alunos para quem faço mentoria no @g4, que o sucesso verdadeiro é a mistura de se sentir bem remunerado pelo presente, saber monetizar o trabalho de forma que aquilo dê um sentimento de satisfação, criar patrimônio e segurança para poder se desconectar um pouco do presente e pensar no futuro. Para mim, investir em startups que vão virar  equity é a motivação, a chance de alavancagem que dá esperança, motiva, faz a frequência mudar. E tem também o pertencimento, que é o lugar de potência e dá tranquilidade, mesmo no meio do furacão. É isso que tenho que equilibrar sempre, o que me faz ser mais produtivo e obter resultados em tudo o que faço.

Eu sempre falo que a gente tem que se divertir durante toda a jornada e  não deixar para ser feliz no futuro.

Concordo 100%. A vida do empreendedor não é só diversão, tem que fazer o que precisa ser feito, como na nossa vida pessoal, mas aprender que a diversão também está em coisas que precisam ser feitas é um estilo de vida. A jornada tem muitos altos e baixos, mas a gente vai ficando cada vez mais confortável no desconforto.

Quando você tem uma boa energia, contamina os outros e as coisas dão certo. A vida é feita de energia,  certo?

Outro dia eu estava com um grupo de adolescentes e uma das perguntas que me fizeram foi sobre o sucesso. Eu respondi que depende de cada um: para algumas pessoas é comprar carro, relógio, roupas de marca. Para outras, é poder acordar a hora que quiser, chegar em casa a hora que quiser, ter um Life Style diferente. Ou comprar um avião para viajar pelo mundo, ou ter rotina. Então, o sucesso deve ser construído por cada um, num questionamento que deve ser feito durante toda a vida, até porque sucesso para um garoto de 18 anos não é a mesma coisa que para um jovem de 25 anos, nem para quem tem 35 anos ou mais. Hoje, para mim, sucesso vai ser ter um filho, constituir minha família porque isso, no momento, pesa muito mais do que o reconhecimento profissional. 

Por isso temos que nos perguntar a cada momento o que é sucesso. Eu percebo  que essa jornada do sucesso é uma mistura de reconhecimento das pessoas, da família, dos amigos, dos professores, dos concorrentes. Há vários milestones que vão mudando ao longo do tempo. Acredito que as pessoas mais obcecadas terão mais sucesso, porque esse tipo de ego tem seu lado positivo: elas vão aturar mais durante a jornada do empreendedorismo, que é um lugar para se estar e, ao mesmo tempo, se movimentar. Se o empreendedor parar, sai deste lugar. Também aprendi como fazer do sucesso uma ponte para a felicidade, que é mais pessoal ainda. Cada um vê o mundo por sua própria perspectiva e existem conceitos muito diferentes de vida, de família, de ambição.

Muitas pessoas se sentem impulsionadas a continuar o que começaram porque ninguém quer voltar para trás.

Isso é uma das coisas sobre a qual tenho clareza na vida: eu não trocaria o reconhecimento que tenho hoje por parte das pessoas por mais 100 milhões de reais. Ter um papel na sociedade, ser uma referência, impactar  as pessoas pelo que falo, faço, defendo, é algo pelo que sou muito grato por ter vivido nesta vida.

Quando penso no que fiz nos meus 30 anos de carreira, vejo que em cada etapa deixei uma transformação nos mercados por onde passei, um legado. Você também pensa assim?

É óbvio que existem riscos, mas creio que meu papel é ser um grande evangelista do empreendedorismo: esse é o meu trabalho e minha missão. Sou muito ligado a astrologia e quando eu tinha uns 15 ou 16 anos, minha mãe fez meu mapa astral, que mostrou que eu vim com o papel e a missão de ser um grande embaixador. E, ao longo da vida, meu papel nas empresas tem sido esse: um embaixador que leva adiante aquela marca, aquela palavra, aquele mercado.

Eu me sinto corresponsável por democratizar o e-commerce no Brasil: nos últimos 10 anos, foram criadas mais de um milhão de lojas on line pela Loja Integrada. Quando vendi a XTex, ela já tinha mais de 47 mil lojas. Eu mesmo criei, na minha mão, no meu computador, 246 lojas. Já fiz mais de 300 palestras sobre e-commerce. Quando olho para trás, percebo que muita gente conheceu o mercado de e-commerce por minha causa. Conseguir viver  daquilo que você é bom, do seu lugar de potência, é sensacional, principalmente quando as pessoas reconhecem esse seu valor.

Quais são seus sonhos daqui para a frente?

O @g4 é um templo dessa nossa cultura de vida voltada a impactar a vida das pessoas. É a única empresa que conheço que tem a missão de gerar mais empregos para as pessoas terem mais lucro, viverem melhor e se realizarem. É uma grande comunidade com um conceito muito simples: a jornada do empreendedor é solitária e, conforme você vai mudando de nível, pessoas vão ficando no caminho. A ambição é o apetite, mas tem gente que chega num determinado patamar e se acomoda, fica satisfeita.

O Brasil é um país ambicioso, com empreendedorismo na veia, na raça, as pessoas não quererem voltar de onde vieram, têm ambição. O @g4 se tornou um  grande templo dessas pessoas ambiciosas, que não querem passar  por cima dos outros, que querem gerar valor para a sociedade, ser remuneradas por isso e  gerar impacto para viver numa sociedade melhor.  No @g4 as pessoas são atraídas pelas nossas imersões  e, no final, compartilham sua ambição, se apoiam e acabam com essa solidão do empreendedorismo de alta performance. 

Em todos os cenários de alta performance, a concorrência é pequena e o @g4 está construindo toda uma plataforma para atrair quem tem esse perfil. Hoje somos uma empresa com  uma comunidade muito relevante de mais de mil gestores se relacionando semanalmente, trocando experiências e ideias sobre si mesmos. É muito bom ver nossos alunos como formadores de opinião, se tornando referências nas suas cidades, entendendo o impacto que provocam falando sobre suas experiências. 

O @g4 nasceu com dois pilares muito relevantes: um é ser uma comunidade de Marketing e hoje contamos com um time de 92 pessoas numa plataforma de comunicação gerida no formato de comunidade. O outro é tecnologia: somos obcecados por essa área e temos mais de 30 desenvolvedores criando ferramentas  e trazendo muito da Inteligência Artificial e aplicações para negócios, como RH e Vendas, por exemplo. A ideia é criar produtos para o @g4 se tornar, a médio e longo prazos, uma empresa provedora de tecnologia para gestão de alta performance.

Esse, sem sombra de dúvida é o nosso sonho como empresa: ser uma plataforma que preenche as quatro caixinhas. Eu, por exemplo, sou muito bem monetizado, o @g4 é um patrimônio, consigo ter segurança com o fruto do meu trabalho, tenho muito poder de equity  e pertencimento.  É isso: devolver, estar conectado com pessoas, fomentar networking. Hoje, para mim, os investimentos não são feitos mais pelo potencial de negócio, mas pelo perfil da pessoa.  Eu vim numa batida muito forte de investimento em startups, mas agora tenho alocado 100% da minha banda mental para o @g4. Neste momento estou focado em fazer investimentos maiores em negócios mais consolidados, em vez de ficar pingando dinheiro em startups, que por sinal já são 30. Já está de bom tamanho, porque meu momento é muito mais de me preencher do que querer ter.

Como você vê o Marketing daqui para a frente?

O marketing do futuro se chama agenda: é a capacidade de criar uma agenda de posts, eventos, lives, podcasts, de fazer com que você se torne centro da atenção na relação com o seu público. Isso é um fato do mercado porque quanto maior a quantidade de agendas, mais você fica dedicado ao seu storytelling. E, se você analisar a grande diferença entre o marketing de hoje e o da década passada, vai ver que há mais ou menos 10 anos os  canais começaram a se comunicar com milhões de pessoas. Só que o nível de atenção era outro: as pessoas sentavam para ver filmes de duas horas e viam os comerciais inteiros. Hoje ninguém tem paciência de ver um minuto no Tik Tok, no Instagram e no YouTube, porque a atenção não passa de 15 segundos. Então, o grande desafio do marketing  para chamar a atenção é ser criativo, voltado para uma comunidade.

Hoje há uma guerra pela atenção: existem muitos canais, muitas coisas novas acontecendo por isso conseguir despertar essa atenção por mais tempo, vende muito mais.

E não só vende mais: vende melhor e, por consequência, vende mais barato. Nós vivemos uma década de empresas comprando crescimento a qualquer custo: elas não faziam a conta, queriam ter clientes. Mas o que faz o negócio não é cliente, é margem de contribuição.