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Vacinas não causam autismo – e teoria é comprovadamente falsa

O mesmo vale para as vacinas da gripe, do tétano e, por fim, da covid-19: ciência enfatiza a segurança dos imunizantes

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 (Ingrid Anne/Semcom/Divulgação)

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Tamires Vitorio

Publicado em 9 de fevereiro de 2021 às, 11h03.

Em 1998 um estudo semeou pânico na humanidade. Publicado pela prestigiada revista científica The Lancet à época, a pesquisa feita pelo doutor Andrew Wakefield apontou uma correlação entre a vacina tríplice viral e o autismo – em 2020, a revista se retratou sobre a investigação, retirando o artigo do ar e a constatação de Wakefield foi confirmada como uma "falsificação elaborada" pelo British Medical Journal (BMJ). Em tempos de coronavírus, diversas pessoas tentam reviver uma teoria que é comprovadamente falsa.

Depois da publicação da pesquisa, diversas investigações foram feitas por países diferentes, como o Reino Unido, o Canadá e os Estados Unidos. Todas concluíram a mesma coisa: o estudo de Wakefield era falso – e que vacinação e autismo não tinham relação alguma.

Em 2010, o Conselho Geral de Medicina (GMC) afirmou que Wakefield agiu de forma "desonesta", "enganosa" e irresponsável e perdeu seu registro, ou seja, foi impedido de praticar medicina após o estudo que até hoje ainda é trazido à tona para justificar decisões antivacinas. Algo que não teria acontecido se a conclusão do médico fosse verdadeira.

Anos depois da publicação do estudo, viu-se uma queda expressiva na vacinação no Reino Unido – o que poderia ter causado uma crise de saúde. Nos Estados Unidos, a situação foi ainda mais longe: muitos pais se recusaram a vacinar seus filhos, o que contribuiu para um aumento direto de casos de sarampo no país.

Ao se retratar, a The Lancet acatou uma decisão do General Medical Council (Conselho Geral de Medicina) britânico, que afirmava que alguns elementos do artigo de 1998 eram inexatos e seus métodos de pesquisa pouco éticos. A pesquisa de Wakefield levava em conta apenas 12 crianças, um número muito baixo para qualquer afirmação grave como a que ele fez.

As pesquisas recentes

Recentemente, o mais amplo e complexo estudo sobre o tema, realizado na Dinamarca, revelou que não existe qualquer relação entre a vacina contra rubéola, varicela e sarampo, a tríplice viral, e o autismo. O estudo, realizado pelo Instituto Serum Statens, acompanhou a evolução de cerca de 660 mil crianças que nasceram entre os anos de 1999 e 2010, sendo que todas foram acompanhadas até o ano de 2013.

A conclusão foi a seguinte: não houve um aumento na incidência de autismo no caso de quem foi vacinado. Apenas 6.517 crianças foram diagnosticadas com o transtorno do espectro do autismo, o que significa que, a cada 100 mil habitantes, 129,7 recebem esse diagnóstico – sem diferença alguma entre as que foram e as que não foram vacinadas e, no caso das que receberam a vacina, não foi verificado um aumento no risco.

À época, em entrevista à agência de notícias Reuters, o autor do estudo, Anders Hviid, afirmou que os pais não devem deixar de vacinar os filhos por medo do autismo. Tudo parecia ter sido deixado no passado – até o surgimento de vacinas contra a covid-19.

O autismo, a vacina e a covid-19

Sobre as vacinas já aprovadas contra o novo coronavírus existem uma série de teorias falsas, desde chips implementados por Bill Gates até a alteração do DNA humano, e, vira e mexe, a relação entre o autismo volta a ser um dos pontos discutidos por aqueles que são contra campanhas de vacinação.

Nas redes sociais, diversas publicações associam o uso dos imunizantes contra o coronavírus com o transtorno. Em uma das publicações, um usuário afirma que "existem evidências irrefutáveis" – como mostrado nesta reportagem, todas as afirmações são facilmente refutadas de acordo com a ciência.

A rede social reddit, por sua vez, criou um domínio chamado "como vacinas causam autismo", no qual, quando um usuário clica em qualquer publicação, é dirigido para uma página que afirma, com todas as letras, que: "elas não causam autismo de jeito nenhum". Uma boa forma de informar as pessoas, visto que o site é um dos primeiros a aparecer no Google.

Refutando a teoria

No ano passado, um artigo publicado no site científico WebMD foi direto: não, as vacinas não causam o transtorno. "Em 2004, o Immunization Safety Review Committee of the Institute of Medicine publicou um relatório sobre o assunto. O grupo observaram todos os estudos sobre vacinação e autismo, tanto os publicados quanto os não publicados. O relatório, de 200 páginas, mostrou que não existiam evidências de uma ligação entre vacinas e autismo", concluiu.

O mesmo vale para as vacinas da gripe, do tétano e, por fim, da covid-19.

As causas do autismo são desconhecidas até hoje, e diversos estudos identificam sintomas do transtorno em crianças muito antes do recebimento da vacina tríplice viral – pesquisas mais recentes, ainda, trazem evidências de que o autismo é desenvolvido no útero, muito antes de seu nascimento ou de ser vacinado.

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