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Novo dinossauro brasileiro é anunciado pelo Museu Nacional

A espécie Berthasaura leopoldinae tem o fóssil mais completo de um dinossauro do período cretáceo no Brasil já encontrado

Esqueleto foi encontrado em Cruzeiro do Oeste, noroeste do Paraná (Museu Nacional/Divulgação)
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André Lopes

Publicado em 18 de novembro de 2021 às 15h30.

Última atualização em 18 de novembro de 2021 às 15h35.

Uma nova espécie de dinossauro brasileira, batizada de Berthasaura leopoldinae, foi apresentada ao mundo nesta quinta-feira, 18. O animal é de porte pequeno, com aproximadamente 1 metro de comprimento, e viveu no período Cretáceo, onde hoje está situado o município de Cruzeiro do Oeste, noroeste do Paraná.

A descoberta foi descrita em um artigo dos pesquisadores do Centro Paleontológico da Universidade do Contestado e do Museu Nacional, do Rio de Janeiro, na revista científica Nature. E, segundo o que os especialistas descreveram na publicação, esse foi o fóssil mais completo de um dinossauro do período cretáceo já encontrado no Brasil.

"Na última década, dezenas de fósseis foram coletados nessa região, o que levou à descrição de novas espécies, particularmente de pterossauros. Essa nova descoberta de um dinossauro, o segundo da região, mostra a importância daquele sítio fossilífero que chamamos de Cemitério dos pterossauros", disse o geólogo do Celempao, Luiz Weinschütz, que coordenou as escavações.

A maioria dos dinossauros encontrados no Brasil podem ser divididos em dois grandes grupos: os saurópodes e os terópodes. Berthasaura é um terópode pertencente aos abelissaurídeos, importantes componentes das faunas do hemisfério sul no período Cretáceo, disse o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, que participou de algumas escavações em Cruzeiro do Oeste e é um dos autores do artigo.

"Temos restos do crânio e mandíbula, coluna vertebral, cinturas peitoral e pélvica e membros anteriores e posteriores, o que torna Bertha um dos dinos mais completos já encontrados no período Cretáceo brasileiro". Mas, segundo Kellner, o que torna esse dinossauro genuinamente raro, é o fato de ser um terópode desprovido de dentes, o primeiro encontrado no país.

Para se ter certeza dessa condição, foi feito um estudo, no Laboratório de Instrumentação Nuclear da Coppe/UFRJ, utilizando a microtomografia computadorizada. "Aplicar técnicas que são comuns em outras áreas de pesquisa em fósseis, como a tomografia, é algo que tem nos fascinado muito", disse o professor Ricardo Tadeu Lopes, que coordena o laboratório.

O nome do dinossauro é uma homenagem “tripla", como destacou a pesquisadora Marina Bento Soares: "Bertha se refere à professora/pesquisadora Bertha Maria Júlia Lutz (1894 - 1976), bióloga do Museu Nacional/UFRJ e uma das principais líderes na luta pelos direitos políticos das mulheres brasileiras."'

A pesquisadora também explicou que o epíteto específico leopoldinae homenageia tanto a imperatriz brasileira Maria Leopoldina (1797 – 1826), que foi uma grande entusiasta das ciências naturais e uma das principais responsáveis pela independência no Brasil, como também a escola de Samba Imperatriz Leopoldinense que homenageou o Museu Nacional como o tema do seu desfile na Marquês de Sapucaí em 2018.

Com Agência Brasil

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