Mortes de crianças por covid-19 são extremamente incomuns, diz estudo
A pesquisa foi feita apenas com pacientes internados, o que significa que a verdadeira taxa de letalidade entre jovens pode ser ainda muito menor
AFP
Publicado em 26 de junho de 2020 às 15h06.
Última atualização em 26 de junho de 2020 às 17h21.
As mortes infantis por covid-19 são extremamente incomuns, pois ocorrem apenas em menos de 1% dos casos - aponta um estudo europeu que confirma que a doença é benigna para a grande maioria das crianças e dos adolescentes.
No total, 82 centros de saúde participaram deste primeiro estudo europeu sobre pacientes entre três dias e 18 anos, publicado pela revista especializada "The Lancet Child & Adolescent Health".
Liderado por especialistas de Espanha, Grã-Bretanha e Áustria, este trabalho mostra, em primeiro lugar, que entre os quase 600 pacientes com menos de 18 anos estudados, todos infectados com a covid-19, apenas 25% tinham problemas médicos preexistentes.
Já a proporção de adultos com patologias anteriores que se contaminam com o novo coronavírus é muito mais elevada, segundo os estudos.
Dos 582 pacientes estudados, e que deram positivo no teste virológico (RT-PCR), apenas quatro morreram (0,6%), todos com idade superior a 10 anos. Dois deles já apresentavam problemas médicos.
Houve 48 crianças (8%) que desenvolveram uma forma grave da doença, necessitando de internação em terapia intensiva.
O estudo levou em consideração apenas dados hospitalares e não inclui casos benignos, para os quais não é necessária assistência médica.
Isso significa que a verdadeira taxa de letalidade entre jovens pode ser, provavelmente, muito menor do que a observada no estudo.
"A taxa de letalidade da nossa coorte (de crianças) é muito baixa e deve ser muito menor, já que muitas crianças que sofrem de uma forma benigna da covid-19 não foram ao médico e, portanto, não fizeram parte deste estudo", disse Marc Tebruegge, do Instituto de Saúde Infantil Great Ormond Street, em Londres, coautor do estudo.
"Em conjunto, a grande maioria das crianças e jovens sofre apenas de uma doença benigna", afirmou.
A dr. Begoña Santiago García, outra das autoras principais do estudo destacou, no entanto, o papel de outros vírus, que podem piorar a condição de menores infectados com covid-19.
"As crianças, nas quais foram detectados outros vírus nas vias aéreas ao mesmo tempo que o SARS-CoV-2, eram mais suscetíveis de entrarem em terapia intensiva. Isso pode ter implicações importantes durante o próximo inverno, quando as infecções de resfriado e gripe são mais frequentes", disse a dr. Begoña, do Hospital Universitário Gregorio Marañón, em Madri.
De acordo balanço atualizado na quinta-feira (26), desde o início da pandemia, mais de 9.500.200 pessoas em 196 países, ou territórios, contraíram o novo coronavírus. Destas, pelo menos 4.699.300 se recuperaram, segundo as autoridades. O número de mortos por covid-19 chega a 483.872 em todo mundo.