Médicos nos EUA realizam outro trasplante de rim de porco em humano
O transplante aconteceu no ano passado e colocou dois rins de um porco geneticamente modificado dentro de uma pessoa
AFP
Publicado em 20 de janeiro de 2022 às 14h01.
Um rim de porco foi transplantado para um corpo humano, anunciou nesta quinta-feira (20) uma equipe médica dos Estados Unidos, a segunda operação do tipo e a primeira realizada dentro do corpo de um paciente, que estava em estado de morte cerebral.
O procedimento, realizado por médicos da Universidade do Alabama em Birmingham (UAB) e descrito em um artigo científico publicado no periódico "American Journal of Transplantation" - revisado por pares -, ocorre após o transplante bem-sucedido de um coração suíno em uma pessoa no início do mês.
Esta cirurgia ocorreu em 30 de setembro de 2021. Envolveu a colocação de dois rins de um porco geneticamente modificado dentro de uma pessoa, Jim Parsons, de 57 anos, que queria ser doador de órgãos, mas cujos órgãos foram considerados inadequados. Os rins permaneceram funcionalmente viáveis até o término do estudo, 77 horas depois.
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"Os resultados de hoje são uma conquista notável para a humanidade e fazem avançar o xenotransplante no âmbito clínico", comentou Selwyn Vickers, reitor da Escola Heersink de Medicina da UAB, que realizou o procedimento.
"Os rins transplantados filtraram sangue, produziram urina e, o mais importante, não foram imediatamente rejeitados", disse a UAB em comunicado.
Espera-se que os avanços no campo dos chamados xenotransplantes, ou transplante de órgãos interespécies, um dia resolvam a escassez crônica de doações de órgãos humanos.
A equipa da UAB indicou que este procedimento está a um passo de se tornar uma realidade clínica. Eles planejam passar para testes em humanos em breve e, em seguida, buscar aprovação regulatória para esses tipos de intervenções.
Um primeiro rim de porco já havia sido transplantado em um humano por uma equipe da Universidade de Nova York (NYU) em 25 de setembro de 2021 e envolveu um paciente com morte cerebral, cuja família havia dado permissão para o experimento. Neste caso, porém, o órgão foi colocado fora do corpo.
Esse procedimento em particular envolveu anexar um rim aos vasos sanguíneos na parte superior de uma das pernas do paciente, para que os cientistas pudessem examiná-lo e coletar amostras de biópsia.
A mesma equipe realizou outro experimento semelhante em 22 de novembro.
Atualmente, as válvulas cardíacas de porco são amplamente utilizadas em humanos, e a pele de porco é enxertada em vítimas de queimaduras.
Os porcos são doadores ideais devido ao tamanho de seus órgãos, seu rápido crescimento e grandes ninhadas, e já são criados como fonte de alimento.