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Remy Sharp
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O telescópio espacial europeu Euclid decolou, neste sábado (1º), para explorar dois dos maiores enigmas científicos, a matéria escura e a energia escura, que compõem 95% do universo, mas das quais ainda não sabemos quase nada.

O satélite decolou do Cabo Canaveral, na Flórida, às 11h12 locais (12h12, no horário de Brasília) acoplado a um foguete Falcon 9 da companhia americana SpaceX.

O telescópio de duas toneladas, que ficará a 1,5 milhões de quilômetros da Terra, tem como objetivo compreender melhor a matéria escura, que mantém as galáxias unidas, e a energia escura, responsável pela expansão do universo.

Juntas, elas constituem 95% do universo, mas continuam sendo um dos maiores mistérios da cosmologia.

Do espaço, Euclid, batizada em homenagem ao inventor da geometria (Euclides), traçará um mapa tridimensional do universo que englobará dois bilhões de galáxias em uma porção de um terço da abóboda celeste.

A terceira dimensão do mapa será o tempo: captando a luz de galáxias situadas a até 10 bilhões de anos-luz, Euclid se aprofundará no passado do universo, nascido há 13 bilhões de anos.

O objetivo é reconstituir sua história, fragmentando-a em "porções de tempo, explicou em uma coletiva de imprensa o astrofísico Yannick Mellier, chefe do consórcio Euclid, integrado por 16 países.

A missão tem a confiança de que detectará as pistas deixadas pela matéria e energia escuras durante a formação das galáxias.

Esses dois componentes de natureza desconhecida parecem governar o universo, do qual apenas 5% é composto por matéria "ordinária" e visível. Para o responsável da missão, Giuseppe Racca, esse desconhecimento é uma "vergonha cósmica".

"Tudo acontece muito rápido"

Sem elas, os cientistas não podem explicar o funcionamento do cosmos. A incógnita remonta aos anos 1930, quando o astrônomo suíço Fritz Zwicky observava o aglomerado das galáxias de Coma e lançou a hipótese de que uma parte importante de sua massa era invisível.

Quase um século depois, há um consenso na comunidade científica sobre a existência dessa matéria ausente, chamada de escura porque não absorve ou reflete a luz.

"Quando olhamos a parte emersa do iceberg, há algo que não entendemos: tudo acontece muito rápido", resume David Elbaz, colaborador do Euclid.

A velocidade de rotação das estrelas nas galáxias, incluindo a do nosso sol, é tão elevada que deveriam sair "como um foguete que se libera da gravidade terrestre e se vai", explica esse astrofísico à AFP.

Mas isso não ocorre. "Deduzimos que existe um acréscimo de gravidade que as prende", como se fosse uma espécie de cimento.

No final dos anos 1990, os astrônomos detectaram uma segunda anomalia que afetava todo o universo: as galáxias se distanciavam umas das outras cada vez mais rápido, sob o efeito de uma força repulsiva chamada energia escura.

Essa aceleração da expansão do universo começou há seis bilhões de anos.

Ao retroceder a até 10 bilhões de anos, Euclid poderá observar os primeiros efeitos da energia escura e melhor identificá-los, acreditam seus responsáveis.

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