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Estudo: mudanças climáticas devem aumentar a troca de vírus entre espécies

Em uma cenário de temperaturas acima de 2ºC, pesquisadores estimam que a movimentação de animais pelo planeta criem condições para contaminações virais inéditas, incluindo para humanos

Morcego: hospedeiro original do coronavírus (Samuel Betkowski/Getty Images)
AL

André Lopes

Publicado em 28 de abril de 2022 às 16h18.

Última atualização em 28 de abril de 2022 às 16h43.

As mudanças climática estão rearranjando a disposição de espécies, principalmente mamíferos, ao redor do globo. Com isso, aumenta o número de oportunidades para que os vírus endêmicos entre grupos de animais saltem para outros – incluindo humanos.

Em 2070, se as temperaturas continuarem a subir como previsto, poderá haver um total de 15 mil novos “eventos de compartilhamento viral”, de acordo com uma nova pesquisa publicada nesta quinta-feira, 28, na revista Nature.

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O estudo, produzido pelaUniversidade de Georgetown,traz um levantamento ainda mais preocupante: 10 mil espécies de vírus em mamíferos são capazes de infectar humanos, ainda que a maioria deles hoje só circulem entre animais na natureza.

Contudo, a medida que os animais procurem por novas regiões para viverem e se reproduzir, eles podem trazer os patógenos com eles e deixar um rastro de contaminação.

Nesse caso, chama-se o vírus de zoonótico, o que significa que ele pode se mover entre animais e humanos, sofrer mutações e seguir o ciclo para outros hospedeiros.

Há evidências de que o novo coronavírus se originou assim, partindo de morcegos, e saltando para pelo menos um outro animal antes de chegar aos humanos.

Um cenário que deve se tornar mais frequente e catastrófico, já que mais de 300 mil “primeiros encontros” entre diferentes tipos de animais ocorram quando as temperaturas subirem 2ºC acima dos níveis pré-industriais.

A maioria desses encontros provavelmente será na Ásia e na África. Com o compartilhamento viral ligado, quando ocorrer, aos morcegos, que são únicos entre os mamíferos porque podem voar de continente a continente.

Os pesquisadores não chegam a estimar com que frequência esses vírus podem passar para os humanos. E nem se todo vírus que passar de um animal para um humano desencadearia uma epidemia. Mas dado as evidências, não é um risco que se queira correr.

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