Estudo: mudanças climáticas devem aumentar a troca de vírus entre espécies
Em uma cenário de temperaturas acima de 2ºC, pesquisadores estimam que a movimentação de animais pelo planeta criem condições para contaminações virais inéditas, incluindo para humanos
André Lopes
Publicado em 28 de abril de 2022 às 16h18.
Última atualização em 28 de abril de 2022 às 16h43.
As mudanças climática estão rearranjando a disposição de espécies, principalmente mamíferos, ao redor do globo. Com isso, aumenta o número de oportunidades para que os vírus endêmicos entre grupos de animais saltem para outros – incluindo humanos.
Em 2070, se as temperaturas continuarem a subir como previsto, poderá haver um total de 15 mil novos “eventos de compartilhamento viral”, de acordo com uma nova pesquisa publicada nesta quinta-feira, 28, na revista Nature.
Pfizer quer aplicar dose de reforço em crianças de 5 a 11 anos nos EUA
O estudo, produzido pelaUniversidade de Georgetown,traz um levantamento ainda mais preocupante: 10 mil espécies de vírus em mamíferos são capazes de infectar humanos, ainda que a maioria deles hoje só circulem entre animais na natureza.
Contudo, a medida que os animais procurem por novas regiões para viverem e se reproduzir, eles podem trazer os patógenos com eles e deixar um rastro de contaminação.
Nesse caso, chama-se o vírus de zoonótico, o que significa que ele pode se mover entre animais e humanos, sofrer mutações e seguir o ciclo para outros hospedeiros.
Há evidências de que o novo coronavírus se originou assim, partindo de morcegos, e saltando para pelo menos um outro animal antes de chegar aos humanos.
Um cenário que deve se tornar mais frequente e catastrófico, já que mais de 300 mil “primeiros encontros” entre diferentes tipos de animais ocorram quando as temperaturas subirem 2ºC acima dos níveis pré-industriais.
A maioria desses encontros provavelmente será na Ásia e na África. Com o compartilhamento viral ligado, quando ocorrer, aos morcegos, que são únicos entre os mamíferos porque podem voar de continente a continente.
Os pesquisadores não chegam a estimar com que frequência esses vírus podem passar para os humanos. E nem se todo vírus que passar de um animal para um humano desencadearia uma epidemia. Mas dado as evidências, não é um risco que se queira correr.
Quer ficar por dentro das maiores novidades da tecnologia? Assine a EXAME por menos de R$ 0,37/dia.