Estudo alemão põe em dúvida risco de transmissão de covid-19 nas escolas
Pesquisa levou em conta a taxa de transmissão da doença no país e revelou que o índice de contágio é mais baixo do que o previsto
Rodrigo Loureiro
Publicado em 14 de julho de 2020 às 20h36.
A Alemanha ganhou uma boa notícia no início desta semana para impulsionar a volta às atividades no cenário pós-pandemia. Um estudo realizado pelo Hospital da Universidade de Dresden indicou que a taxa de contágio de coronavírus nas escolas do país pode ser considerada baixa. O resultado é importante para classificar as instituições de ensino como ambientes seguros.
Segundo os pesquisadores, apenas cerca de 0,1% dos quase 1,5 mil alunos e dos cerca de 500 professores avaliados apresentaram anticorpos contra o covid-19, o que significa que em algum momento eles foram infectados pelo vírus e desenvolveram as defesas imunológicas necessárias para combatê-lo. Em números absolutos, apenas 12 casos foram registrados.
De acordo com Reinhard Berner, pesquisador responsável pelo estudo, os resultados mostram que as escolas não desencadearam um surto de transmissão do coronavírus em relação a transmissão doméstica da doença, e que os ambientes podem ser considerados até “um freio à infecção”.
Já Christian Piwarz, secretário da Educação da região da Saxônia, onde está localizado o Hospital da Universidade de Dresden e onde a pesquisa foi realizada, a conclusão é de que as escolas estaduais estão prontas para serem reabertas já no fim de agosto, desde que respeitadas algumas práticas de higiene e condições de distanciamento social.
Vale destacar que a Alemanha iniciou a reabertura dos estabelecimentos de ensino no início de maio, mas ainda não há uma posição oficial sobre a reabertura geral das escolas e universidades. A pesquisa realizada em Dresden deve auxiliar as autoridades na formulação de um veredito sobre a questão, conforme reportado pelo The Guardian.
A Alemanha tinha até o final desta terça-feira (14) quase 200 mil casos confirmados de covid-19. Foram 9.134 mortes computadas até o momento. O pico da doença foi registrado nas primeiras semanas de abril no país, quando mais de 6 mil pessoas ficavam doentes por dia. Atualmente, entre 300 e 400 novos casos são registrados diariamente.
Esses números são importantes para mostrar que a pesquisa realizada em território alemão não é uma justificativa para a reabertura das instituições de ensino em outros países onde a curva de casos do covid-19 ainda não foi achatada. No Brasil, por exemplo, foram mais de 40 mil casos diários durante as primeiras semanas de julho, com 1,8 milhão de infectados e mais de 571 mil mortes.