Baleia mais rara do mundo será estudada por cientistas pela primeira vez
Animal só foi avistado sete vezes na história e é considerado um dos maiores enigmas da biologia marinha
Repórter de POP
Publicado em 5 de dezembro de 2024 às 13h55.
Última atualização em 5 de dezembro de 2024 às 14h37.
É fato que a humanidade conhece uma parte ínfima do Universo — e realoca recursos ano a ano para avançar nessa exploração. Bem mais próximo da Terra, no entanto, há outro vasto espaço que a ciência conhece tão pouco quanto: o oceano . E os cientistas acabam de dar um passo importante para investigá-lo mais a fundo com uma baleia.
Na última segunda-feira, 2, cientistas da Nova Zelândia encontraram uma baleia-bicuda-de-bahamonde, a mais rara do mundo, encalhada na costa da Ilha Sul do país em ótimo estado de conservação. Um dos maiores enigmas dos biólogos marinhos, o animal só foi avistado sete vezes pela humanidade e será estudado pela primeira vez.
Para ter ideia do quão rara ela é, a baleia-bicuda-de-bahamonde só foi avistada sete vezes no mundo todo, sendo o primeiro registro em 1874. O espécime encontrado na Nova Zelândia, um macho com mais de 5 metros de comprimento, foi retirado do mar em julho deste ano. Ficou em um refrigerador desde então e, a partir deste mês, começará a ser dissecado como parte de uma pesquisa agrícola perto de Dunedin.
Fim do mistério?
Entre as demais descobertas, os cientistas pretendem entender porque este animal é tão raro. A pesquisa científica pretende esclarecer questões básicas, como os locais em que essas baleias vivem e como o seu sistema digestivo — peculiar em comparação com outras espécies marinhas — processa os alimentos. Durante o estudo, serão feitas análises aprofundadas dos órgãos e sistemas internos do animal, passo importante para entender as particularidades dessa espécie.
Os cientistas ainda não sabem a causa exata da morte da baleia, no entanto. Na carcaça há marcas que podem ter sido causadas por tubarões, mas não é possível afirmar se esses ataques foram fatais. A equipe também estuda como o corpo ficou tão bem preservado até o momento da descoberta.
Para além da pesquisa biológica, os pesquisadores também procuram entender novas informações sobre o oceano. Estima-se que somente 5% dele seja conhecido pela humanidade— 70% do planeta é coberto pelo mar.
Maoris estão envolvidos no estudo
O estudo foi feito em colaboração com os povos Maori, nativos da Nova Zelândia. Para eles, as baleias são consideradas um taonga — um tesouro precioso. Por isso, a dissecação será realizada de maneira lenta e respeitosa, com a presença constante de membros da tribo iwi local, que contribuirão com conhecimentos tradicionais.
O trabalho envolverá não apenas o estudo científico, mas também práticas culturais, como a realização de uma karakia (oração) para honrar o animal antes de qualquer ação.
O maxilar e os dentes da baleia serão inclusive preservados pela tribo iwi, que manterá essas partes do corpo como parte de seu patrimônio cultural. O esqueleto do animal será exibido em um museu e uma impressão 3D do maxilar será criada a partir de uma tomografia computadorizada da cabeça da baleia, feita ainda nesta semana. O processo permite que as características do animal sejam replicadas com precisão para estudos futuros.