Fabiano Arroyo, diretor de Recursos Humanos para a Operação da Amazon no Brasil: adaptabilidade e gestão das emoções são habilidades essenciais para uma carreira no exterior (Amazon/Divulgação)
O sonho de muita gente é trilhar uma carreira internacional, principalmente para trabalhar em uma das big techs, como Amazon, Google e Facebook. Mas qual a principal característica para conseguir chamar a atenção de uma multinacional? Na visão de Fabiano Arroyo, diretor de Recursos Humanos para a Operação da Amazon no Brasil, a adaptabilidade é a principal habilidade que vai fazer você se destacar.
O executivo, que está à frente da área de gestão de pessoas da gigante de varejo desde 2017, dá como exemplo a sua própria carreira. Formado em administração de empresas, Arroyo começou a vida profissional como trainee na 3M, conglomerado industrial norte-americano.
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“Era uma vaga para atuar em RH, mas voltado para relacionamento sindical. E eu fui uma baita decepção para eles, porque me interessava mais por atividades ligadas à engajamento, comunicação e treinamento”, diz Arroyo.
Com o tempo, o executivo foi migrando cada vez mais para a área de gestão de pessoas, abandonando o escopo inicial da sua função. “O seu cargo tem que ser a junção do que esperam de você com o que você deseja para a sua carreira. Essa mentalidade me ajudou muito quando fui para o exterior”, afirma.
Com mais de 20 anos na área de recursos humanos, o executivo tem passagens por diversas empresas multinacionais e, antes de ingressar na Amazon, morou por um ano nos Estados Unidos.
Para EXAME, ele conta o que aprendeu com essa experiência internacional e dá dicas de como se tornar um talento global:
“A sociedade em que vivemos está em constante mudança sobre tudo, desde os negócios até questões sociais. Precisamos estar atentos e adaptáveis às situações que nos são colocadas à frente”, afirma o executivo. “Quando você se fecha em uma indústria específica, por exemplo, acaba se limitando e perdendo oportunidades”, completa.
Diferente de muitos executivos, Arroyo estudou em escola pública e conta que aprendeu inglês por conta própria. “Na minha época não tinha séries, podcasts e muitos recursos que temos hoje, era no dicionário mesmo”, diz.
Nas primeiras vezes que teve de interagir com pessoas de outros países, Arroyo admite que quase foi tomado pela ansiedade. “Mas você não pode ter medo de falar, confundir uma palavra com a outra, errar. Se expor é fundamental para aprender a língua e, sobretudo, quebrar barreiras”.
Mas só falar a mesma língua não basta. Segundo o executivo, superada a barreira da comunicação verbal, é preciso ter um olhar atento para entender o que não é falado. “É necessário desenvolver um entendimento multicultural, de como os profissionais se comportam e pensam em diferentes culturas. Isso a gente faz observando. Mas também perguntando e se colocando no lugar do outro”.
Arroyo afirma que possuir uma comunicação direta, além de fundamentar os seus argumentos com dados, também foi algo que o ajudou na interlocução com pessoas de outros países. “O latino, de um modo geral, tem uma comunicação mais viva, mas não somos objetivos. Principalmente com os americanos, aprendi que é preciso ser mais assertivo, além de mostrar por a+b aonde se quer chegar”.
Arroyo conta que os anos longe da família, que ficou no Brasil, não foram fáceis. “Você se sente muito sozinho morando em outro país. Certa vez, ao me despedir da minha esposa e filha, que era um bebê, chorei por três horas seguidas”, diz.
O executivo, então, aconselha que, assim como os profissionais investem na carreira para aprender inglês ou outras habilidades mais técnicas, devem desenvolver uma gestão emocional, aprendendo a identificar as emoções e os próprios limites. “Além de não tomarmos decisões intempestivas, aprendemos a nos respeitar”.